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Dirigente do UFC explica liberação de Nate Diaz e indica nova tolerância no controle antidoping

Nate Diaz encara Jorge Masvidal neste sábado (2) pelo UFC Nova York – Jason Silva

Após todo o imbróglio envolvendo o doping de Nate Diaz e as acusações de que seu caso foi tratado de forma privilegiada pelas autoridades responsáveis pelo risco do Ultimate perder a luta principal do UFC Nova York – marcado para este sábado (2) –, a organização finalmente se pronunciou oficialmente. Em conversa com a imprensa – com a presença da reportagem da Ag. Fight – nesta sexta-feira (1), Jeff Novitzky, atual vice-presidente de saúde e desempenho dos atletas do UFC, justificou a liberação do meio-médio (77 kg) e anunciou a provável mudança no controle antidoping da entidade que esta ação causará.

Com menos de duas semanas faltando para a realização do UFC Nova York, Diaz divulgou, através de suas redes sociais, que havia sido flagrado em um exame antidoping realizado pela USADA (agência americana antidoping). Revoltado com a situação e declarando inocência, o lutador afirmou que não entraria no octógono no dia 2 de novembro caso a situação não fosse esclarecida e seu nome fosse limpo. Com a luta pelo cinturão ‘BMF’ (lutador ‘mais durão’ do mundo) em risco, o UFC – através da Comissão Atlética de Nova York – conseguiu a liberação do meio-médio. Com a inusitada solução do caso, um novo patamar parece ter sido estabelecido pelo controle antidoping da organização.

“Como eu disse na última sexta-feira, eu tenho feito isso, nesse negócio, há 20 anos. Este é o caso onde as peças do quebra-cabeça encaixam absolutamente perfeitas. Então, esperançosamente, que não restem mais dúvidas nas mentes de ninguém. De novo, para lembrar a todos que o suplemento multi vitamínico, que é orgânico e a base de plantas, tinha 1/10000 de uma dose. Então, basicamente, essa droga, LGD-4033, é tomada em forma de pílula, normalmente um miligrama ou dois, e 1/10000 do que foi localizado na cápsula, e correlaciona perfeitamente com os níveis que encontramos em sua amostra de urina, que entra no alcance de 50 picogramas (unidade de peso equivalente a um milionésimo de micrograma)”, explicou o dirigente do UFC, antes de completar.

“Não só nos deu uma resposta bem clara, como também nos deu muita confiança neste patamar que estamos estabelecendo porque isso é exatamente o que não queremos fazer: punir alguém e impedir alguém de lutar quando eles têm esses níveis muito baixos que, nas palavras dos cientistas da USADA, não lhes está dando um aumento de performance”, comentou.

Sobre o novo limite, que beneficiaria os lutadores flagrados com níveis muito baixos de substâncias proibidas, Novitzky afirmou que será anunciado oficialmente em breve. De acordo com o dirigente, a ideia de afrouxar o controle antidoping em casos específicos já estava sendo discutida antes mesmo do caso de Nate Diaz, o que, segundo ele, comprovaria que não foi algo criado especialmente para o meio-médio como forma de solucionar emergencialmente o problema que acarretaria sua ausência do UFC Nova York.

“Eu acho que pode acontecer na próxima semana (anúncio). A razão pela qual não fizemos isso (ainda) é porque queríamos ser o mais compreensível que pudermos. Estamos investigando aproximadamente 13 mil testes que fizemos nesse programa, olhando os positivos, conversando com outras ligas esportivas profissionais, com alguns cientistas, que na verdade inventaram algumas dessas substâncias. Então, queremos estar o mais por dentro possível. Por sorte, de um ponto de vista, tivemos Neil Magny no dia 15, na Califórnia, em uma reunião e ele falou exatamente sobre essa situação e a mesma substância. Então, eu acho que isso mostra que isso não foi tratar Nate de forma especial porque ele está na luta principal, pelo cinturão ‘BMF’. Isso foi dois dias antes da USADA nos notificar desse nível baixo (no teste de Nate). No dia 15 Magny estava na Califórnia falando sobre esse problema e no dia 17 nós soubemos sobre Nate”, revelou Jeff Novitzky, que garantiu que qualquer atleta do UFC em situação semelhante à de Nate Diaz receberá o mesmo tratamento de seu departamento.

“Essa é a beleza de ter um administrador independente do seu programa (antidoping). Libera-nos para ser um advogado para o atleta, para ser olhos e ouvidos, para que quando algo assim aconteça, nós possamos colocar nosso trabalho em ação. Se estão nos criticando por colocar nossas mãos e resolver rapidamente por uma luta principal, pode continuar, essa é a realidade. Mas qualquer lutador do nosso plantel vai receber nossa ajuda e serviços, como fizemos com Nate neste caso”, afirmou.

Em sua publicação revelando o caso, Diaz declarou que o Ultimate havia recomendado que ele mantivesse segredo sobre a situação até a disputa contra Jorge Masvidal neste sábado. Temendo ter sua reputação manchada pela organização após o evento, o meio-médio optou por tornar público o teste positivo, recusando o conselho recebido. Apesar de admitir que foi ele quem conversou com Nate, Novitzky negou qualquer acusação de que a organização pensava em não informar a Comissão Atlética de Nova York sobre o doping, conseguindo assim prosseguir com a realização da luta principal do show.

“Eu sei que Nate veio a público e disse que o UFC o mandou não falar sobre isso (teste positivo). Fui eu quem falou com ele e eu vou dizer exatamente o que eu lhe disse: ‘Olha, nós mudamos nossa política agora, nós não anunciamos publicamente as coisas. Nós temos esse limite para substâncias, eu acho que você vai ficar abaixo. Então, se você não quiser isso lá fora, eu não contaria para ninguém e não falaria nisso’. Qualquer um que insinue que isso significa que não contaríamos à Comissão (Atlética de Nova York) é absolutamente falso. Assim que o primeiro teste positivo chegou, nós nos reunimos e começamos a conversar sobre: ‘Precisamos dar o máximo de dados que pudermos à Comissão, vamos esperar até acumularmos tudo’. E foi exatamente o que aconteceu”, concluiu o cartola.

Ao longo da conversa com a imprensa, Novitzky ainda admitiu que existe a possibilidade de lutadores flagrados no doping, e já punidos, por níveis abaixo do novo limite de tolerância serem beneficiados pela mudança. Para isso, o UFC tenta convencer todas as comissões atléticas a aceitarem os novos patamares. Além disso, a organização pensa em criar um sistema no qual seus atletas sejam obrigados a utilizar somente suplementos pré-aprovados, visando diminuir o número de casos de doping e maior facilidade na defesa dos lutadores.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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