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Natassia del Fischer/PxImages

Entrevistas

Ponzinibbio celebra retorno ao octógono e destaca crescimento pessoal após longo hiato

Depois de 26 meses afastado dos octógonos, consequência de graves problemas de saúde que quase interromperam precocemente a sua carreira, Santiago Ponzinibbio faz seu tão aguardado retorno neste sábado (16), diante de Li Jingliang, no card principal do UFC Fight Island 7, em Abu Dhabi (EAU). E, como não poderia ser diferente, o argentino – revelado na 2ª temporada da versão brasileira do reality show ‘The Ultimate Fighter’ – não esconde a felicidade por poder voltar a fazer o que ama.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, Ponzinibbio celebrou a oportunidade de poder voltar a lutar após passar por graves problemas de saúde em 2019, contrariando inclusive a previsão de alguns médicos, de que nunca mais pisaria em um octógono. Completamente recuperado e motivado para retomar a carreira, o meio-médio (77 kg) ainda destacou o seu crescimento pessoal e profissional neste período em que ficou afastado do esporte.

E, apesar de ter visto sua ascensão no Ultimate ser freada abruptamente, o argentino ressaltou que o momento de dificuldade pelo qual passou serviu para ensinar valorosas lições, que, segundo ele, o transformaram em um novo homem. Vale lembrar que, antes de passar pelos sérios problemas de saúde, Santiago ostentava uma sequência de sete vitórias consecutivas, além de ocupar uma vaga no top 10 da divisão dos meio-médios.

“É um momento de felicidade muito grande. Estava esperando esse momento faz 26 meses. Longe do octógono, muitos problemas de saúde. Chegaram até a me falar que eu não iria lutar novamente. Depois de tudo que eu passei, tantas emoções, problemas que se estenderam por um tempo. Foi complicada a minha situação. Em 2019 eu comecei com um problema, operei em maio e depois em novembro eu fui descobrir outro problema. Batalhando contra os prognósticos dos médicos, tentando melhorar, e 2020 foi um ano que eu trabalhei muito para voltar a ser o atleta que eu era. Porque realmente tudo isso me afetou muito, meu corpo, minha performance. Mas, graças a Deus, hoje eu estou melhor do que nunca porque estou mais forte mentalmente, com o aprendizado por tudo isso, forte fisicamente. Eu estou no meu melhor momento e muito feliz por estar de volta”, comemorou Ponzinibbio, antes de destacar o aprendizado com a delicada situação.

“Sempre tem que tirar algo positivo, sempre tem que aprender. A vida sempre te dá lições. Eu estava para lutar pelo título do mundo depois do evento na Argentina, pensando em um title shot, e, de repente, eu estava lutando pela minha vida. Tudo mudou de um dia para o outro. Isso te mostra que a vida é muito frágil. A gente tem que aproveitar a saúde, tem que aproveitar quando está bem. Eu só quero aproveitar os anos de carreira que me restam, que ainda são muitos, graças a Deus, estou muito saudável. Você sempre aprende com essas situações. São dolorosas, mas te fazem crescer como ser humano e eu, sem dúvida, aprendi muita coisa. Eu estou de volta, estou renovado, sou um atleta diferente, com uma visão diferente e venho com tudo”, destacou.

Pela primeira vez presente em um evento do UFC após o início da pandemia do novo coronavírus, o argentino ainda é um novato na experiência do ‘novo normal’: com múltiplos testes de COVID-19, quarentenas em quartos de hotéis, além da longa viagem para Abu Dhabi, uma das sedes que tem recebido o Ultimate durante este período. Mas nada disso parece incomodar Santiago.

De acordo com o meio-médio, os mais de dois anos afastado do MMA o fizeram apreciar ainda mais cada momento da rotina de um lutador do UFC. Até mesmo os que não parecem ser do agrado da maioria, como a dieta e o corte de peso.

“Eu perdi 26 meses na minha vida por problemas médicos, por complicações que eu não tive nada a ver. Fazer 48 horas de quarentena não tem problema, eu faço feliz da vida (risos). Faço 48 horas, uma semana, não importa. O que importa é que eu estou muito feliz, desfruto de cada segundo. Desfruto da quarentena, da dieta, do corte de peso, de tudo. Estou desfrutando porque eu passei muito tempo afastado, sem fazer o que eu amo, sem fazer o que me dá a minha razão de vida, o que me faz sentir vivo. Foi muito feio, mas hoje em dia tudo que eu passei me faz valorizar tudo”, declarou.

Nem mesmo a retirada de seu nome do ranking dos meio-médios por parte da organização parece diminuir a felicidade de Santiago pelo seu retorno à ação. Vale lembrar que em uma recente entrevista para o site ‘Sherdog’, o lutador reclamou de uma suposta diferença de tratamento por parte do UFC, citando a manutenção do americano Brian Ortega, que também vinha de longa inatividade, na lista top 15 da divisão dos penas (66 kg).

No entanto, Ponzinibbio, adotando uma postura mais comedida, voltou atrás nas suas recentes declarações e preferiu focar nos aspectos positivos. Quanto à presença na lista dos principais atletas da categoria, o atleta esbanjou confiança e projetou sua volta ao ranking em breve.

“Eu retiro o que eu disse. Cada situação é diferente. Eu amo o UFC, eu gosto de trabalhar nessa empresa. Tem muitas coisas muito boas, não tem que focar no negativo. A gente sabe que às vezes o ranking não faz muito sentido, mas não importa. Eu sou um dos melhores do mundo na minha divisão e vou provar isso, não tem problema. Vou acabar com esse chinês agora, vou nocauteá-lo e vou voltar para o topo”, afirmou Santiago, antes de projetar seu futuro.

“Aqui não tem matemática, mas eu acho que uma boa vitória sobre Li (Jingliang) já me coloca de novo no top 10. Porque vai ser a minha oitava vitória consecutiva. Fazendo uma bonita vitória em cima de um oponente muito duro, eu acho que tenho que voltar para o topo da divisão. E depois eu não tenho pressa. Esse ano eu quero lutar seguido, fazer algumas lutas e eu vou chegar na disputa pelo título do mundo”, concluiu.

Atleta de MMA profissional desde 2008, Santiago Ponzinibbio soma 27 vitórias, sendo 15 por nocaute, e apenas três derrotas em seu currículo na modalidade. Pelo UFC, onde compete desde 2013, o argentino possui nove triunfos, sete deles de forma consecutiva em seus últimos combates, e dois reveses.

Por sua vez, o chinês Li Jingliang, rival do argentino neste sábado, na ‘Ilha da Luta’, vem de derrota para Neil Magny no UFC 248, em março do ano passado. Ao todo, o lutador asiático acumula 17 vitórias e seis reveses na carreira.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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