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Leandro Bernardes/PxImages

UFC

Treinador aconselha Aldo a se aposentar, mas admite despedida no UFC Rio

Depois de fazer história no peso-pena (66 kg), onde dominou por anos a divisão no UFC, José Aldo desceu para os galos (61 kg) com a missão de conquistar um novo título pela organização. Na nova categoria, após perder uma disputa de cinta para Petr Yan em 2020, o manauara se reposicionou – com uma sequência de vitórias – na corrida por mais um ‘title shot’, mas acabou vendo seu sonho frustrado por uma derrota para Merab Dvalishvili, em agosto deste ano, o que fez com que muitos se questionassem sobre o futuro do veterano de 36 anos.

Ainda sem uma decisão oficial tomada pelo lutador, o futuro do manauara no esporte segue sendo uma incógnita para a comunidade do MMA. Mas para Dedé Pederneiras, seu treinador de longa data, Aldo deveria considerar pendurar as luvas. Em entrevista ao site ‘Combate.com’, o profissional admitiu, inclusive, que o conselho para seu pupilo se aposentar não vem de agora, e sim de muito tempo.

“Eu já tinha mandado ele se aposentar há muito tempo. Já tinha falado desde a luta do Frankie Edgar (em 2016) que não quiseram botar a luta pelo título com Conor (McGregor, numa revanche). Falei: ‘se aposenta, larga essa p***, não precisa mais disso’. Já não precisava desde aquela luta, hoje muito menos. Acho que o Aldo já conquistou muita coisa e não vai ser uma última luta como essa que vai tirar o legado que ele tem dentro do esporte”, afirmou Dedé.

Apesar do conselho, o treinador não coloca em dúvida a capacidade de seu pupilo de seguir atuando e competindo em alto nível, inclusive brigando novamente por uma oportunidade de lutar por um título do UFC. A questão para Pederneiras é o risco desnecessário que Aldo corre nesta altura da carreira de sofrer uma lesão que poderia comprometer sua saúde para o resto de sua vida, levando-se em conta que o lutador já possui uma vida financeira estabilizada e não precisa mais lutar para pagar suas contas.

“O meu maior medo com um atleta quando chega numa fase assim de estar no final é uma lesão que pode ferrar o cara para o resto da vida. ‘Ah, nunca aconteceu’, mas vai lá que aconteça sem precisar… Tem atleta aqui que vai precisar brigar até 100 anos senão não come. E aí uma situação dessa do Aldo é que chegou nesse ponto, um cara que se formou dentro do que se propôs a fazer, um cara de sucesso, que financeiramente não precisa mais estar onde está, e quer viver, vai ter o segundo filho agora. É difícil você botar o cara para sair na porrada todo dia de novo. É que ninguém tem ideia do que é tirar 10kg, 12kg, você chega num extremo de desgaste muito grande. Você bota um cara desse e acontece uma coisa, Deus me livre e guarde, o que adiantou o cara ter esse dinheiro todo?”, ponderou o líder da equipe ‘Nova União’.

Mesmo sem uma definição por parte do ex-campeão, um ponto crucial pode indicar que Aldo ainda suba novamente no octógono mais famoso do mundo para se apresentar, pelo menos mais uma vez. Com uma luta ainda prevista em seu contrato atual com o UFC, o manauara, de acordo com Dedé Pederneiras, deve optar por finalizar seu compromisso com a organização dentro do cage, a fim de ficar livre para possivelmente atuar em outras modalidades, como o boxe, caso deseje.

Há também a possibilidade do lutador e do UFC decidirem por uma renovação contratual, abrindo caminho para uma nova corrida por um ‘title shot’, opção não descartada por Pederneiras. Mas, caso realmente encerre sua trajetória na organização em uma próxima luta, o treinador enxerga a possibilidade do pupilo fechar seu ciclo no UFC Rio, marcado para o dia 21 de janeiro, como uma espécie de despedida ideal.

“Acho que sim, é o ‘Rei do Rio’. Com certeza uma despedida no Rio com vitória – acho que não igual você fechar com um título -, fecha muito bem com uma despedida como essa”, afirmou Dedé Pederneiras.

José Aldo foi campeão peso-pena do WEC e defendeu seu título em duas oportunidades, antes que o evento fosse comprado e extinto pelo UFC. Na casa nova, o manauara já chegou com o cinturão até 66 kg e o defendeu com sucesso em sete oportunidades, até ser nocauteado pelo então jovem aspirante a estrela Conor McGregor. Após a perda, o lutador da ‘Nova União’ ainda voltaria a conquistar a cinta da categoria mais uma vez.

Recentemente, Aldo decidiu partir rumo a um novo desafio e desceu para a divisão dos galos. Na nova categoria, o manauara disputou o título contra Petr Yan, em julho de 2020, mas foi derrotado pelo russo. Depois, engatou uma sequência de três vitórias e voltou a sonhar com o ‘title shot’, mas, em sua última batalha, foi superado por Merab Dvalishvili, o que o afastou de uma possível nova disputa pelo cinturão da categoria.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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