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Reinaldo Reginato/PxImages

UFC

Em alusão a caso de racismo, Deiveson come banana na pesagem cerimonial do UFC Rio

Um dos capítulos mais polêmicos da intensa rivalidade entre Deiveson Figueiredo e Brandon Moreno voltou à tona na tarde desta sexta-feira (20), durante a pesagem cerimonial do UFC Rio, realizada na ‘Jeunesse Arena’. Após ser alvo de ataques racistas de um companheiro de equipe do adversário mexicano em junho de 2021, ‘Deus da Guerra’ comeu uma banana no palco em frente ao desafeto durante a encarada dos dois.

Na ocasião, o argentino Marcelo Rojo usou um filtro de uma rede social para inserir traços de um macaco no rosto de Deiveson, enquanto o brasileiro concedia uma entrevista às vésperas do segundo confronto contra Moreno. À época, o mexicano saiu em defesa de seu companheiro de equipe na ‘Entram Gym’.

Com um semblante tranquilo, Brandon subiu ao palco com vaias e gritos de ‘Uh, vai morrer’. Em seguida, Deiveson foi celebrado e adotou a já habitual postura provocativa. Assim que subiu ao palco, o brasileiro elevou o dedo médio para o adversário e fez um sinal de coração para os fãs presentes na arena.

Ao se aproximarem, o Deus da Guerra tentou tirar o mexicano do sério, ao empurrá-lo de forma leve e chamá-lo para uma interação mais calorosa. Moreno, porém, se manteve imóvel. Foi quando o brasileiro tirou a banana do bolso, descascou e comeu antes de dar um grito, em sinal de desabafo pelo ataque sofrido há cerca de um ano e meio.

“Não tenho muito o que falar para vocês, aproveitem o show galera”, disse Moreno, após a encarada, momentos antes de Deiveson falar com o público de seu país.

“Amanhã vai ser por vocês. Estou lutando aqui porque quero dar essa felicidade para vocês. Esse cinturão é nosso, de todo jovem que sonha em chegar aqui. Você jovem, que tem um sonho, não desista” declarou o paraense.

Na luta principal, os ânimos foram claramente mais contidos. Com uma encarada respeitosa, encerrada com um abraço entre Glover Teixeira e Jamahal Hill, os meio-pesados oficializaram o duelo que coloca em jogo o cinturão da categoria. Alvo de insultos do público brasileiro, o lutador norte-americano elogiou o ex-campeão e veterano.

“É uma honra, estou feliz por dividir o octógono com o Glover Teixeira. Vocês podem vaiar, podem dizer que vou morrer. Mas todos nós vamos morrer. Nos vemos amanhã” disse Jamahal Hill.

Clima Hostil

Durante toda a cerimônia de pesagem, a torcida brasileira roubou a cena ao demonstrar apoio incondicional aos brasileiros em ação no card e, principalmente, por tentar intimidar os atletas estrangeiros presentes no evento. Nomes como Paul Craig, Zarah Fairn e Nicolas Dalby ficaram visivelmente incomodados com as vaias.

Rival de Luan Lacerda no card preliminar, Cody Stamann foi além. Ao subir no palco e se tornar alvo de vaias e gritos de ‘Uh, vai morrer’, o lutador norte-americano, em cima da balança, disse em inglês: ‘F***-se você. Vão tomar no c*** todos vocês’.

Há quem tentasse, de certa forma, tornar o clima mais ameno durante a pesagem. Após subir no palco e ser extremamente aplaudido, Jailton Malhadinho surpreendeu ao pedir para que a torcida brasileira não vaiasse seu adversário, o russo Abdurakhimov.

A encarada mais quente da cerimônia foi protagonizada entre Johnny Walker e Paul Craig. Com as cores da Escócia pintadas no rosto, o meio-pesado (93 kg) chegou no palco rasgando a camisa e rapidamente marchou em direção ao brasileiro. Com rostos colados, os atletas precisaram ser contidos. Curiosamente, o rosto de Johnny também saiu sujo de tinta devido ao contato próximo.

Natural do Rio de Janeiro, Gaspar Bruno da Silveira estuda jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fascinado por esportes e com experiência prévia na área do futebol, começou a tomar gosto pelo MMA no final dos anos 2000.

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