Siga-nos
exclusivo!
Louis Grasse/PxImages

Entrevistas

Tamires Vidal supera falta de apoio em casa e realiza sonho de estrear no UFC

Neste sábado (5), Tamires Silva não vai somente realizar sua estreia no Ultimate, mas como também vai concretizar um sonho de vida que poucos apoiaram. De origem humilde, a lutadora sempre sonhou em pisar no octógono mais famoso do MMA mundial. No entanto, mesmo em seu lar, a brasileira de 24 anos não recebeu o apoio necessário. Hoje atleta profissional, a ‘Tratora’, como é conhecida, relembra como superou a falta de suporte em casa para correr atrás de seus objetivos.

Em entrevista exclusiva à Ag Fight, a atleta da ‘Team Brothers’ admitiu que, no início da trajetória, seu sonho foi, inclusive, motivo de piada para sua mãe. A falta de apoio da matriarca, entretanto, virou combustível para Tamires provar que a previsão de sua família para si estava errada. Prestes a estrear no UFC, a lutadora garante que conseguiu virar a situação dentro de casa a seu favor.

“É um sonho meu desde criança, sempre gostei de esportes. Tinha três objetivos na minha vida: jogar bola, ser bombeira ou chegar no UFC. Graças a Deus, hoje estou aqui, vou fazer minha estreia. Mas não foi fácil. Compartilhei esse sonho com a minha mãe, falei para ela que um dia eu ia chegar no UFC. E ela riu da minha cara, falou que não ia conseguir, falou que tinha que trabalhar como ela. Ela trabalha como gari – não tenho nada contra, é uma profissão honesta, digna -, mas achei que ela tinha que me apoiar, por ser filha dela e ter um sonho. Mas ela não acreditou em mim. E botei na minha cabeça que ninguém vai dizer o que eu não posso fazer. Eu vou fazer, acredito em mim, no meu talento. Então, vou mostrar para ela que ela está errada”, relembrou Tamires, antes de contar como superou este período.

“Com isso, fui trabalhar na obra, de ajudante de pedreiro, uma profissão que exerci até pouco tempo, e ajudando ela (mãe) dentro de casa também. Mesmo assim ela falava que eu era encostada, sendo que tinha um objetivo. Ela não reconhecia isso, era uma coisa que me doía. Aí botei na cabeça que ia conseguir, ia correr atrás e o jogo ia virar. Hoje ela fala que tem orgulho de mim. Nunca escutei minha mãe falar que tem orgulho de mim. E ela ver que realizei meu sonho, ela olhar e falar: ‘Ela conseguiu’. Não a julgo pelo que ela falou. Ela me ajudou a chegar (aqui). Porque quando os outros falam que você não vai conseguir, você coloca na sua cabeça que vai conseguir. Você ganha mais força para alcançar seu objetivo. Então, ela me ajudou muito falando isso para mim. É triste porque é a minha mãe, mas isso me ajudou”, completou.

Mas se faltou apoio dentro de casa, Tamires encontrou fora dela a pessoa que seria sinônimo de suporte incondicional, responsável pela sua mudança de patamar no esporte. Após ter seu primeiro contato com as artes marciais através de projetos sociais, a niteroiense foi indicada a Márcio ‘Panda’, seu atual treinador. No novo mestre, a lutadora encontrou uma espécie de ‘pai’, que ajudou a embalar ainda mais sua carreira no MMA.

“Meu mestre, hoje eu tenho ele como meu pai. E eu contei para ele do meu sonho. Ele falou: ‘Você quer lutar mesmo?’. Porque eu sou muito fria, tenho um jeito frio. Aí eu falei: ‘Eu quero lutar, meu sonho é chegar no UFC’. E ele em nenhum momento riu da minha cara ou me criticou. Ele só falou que iria me ajudar. E ele saiu da zona de conforto dele para me ajudar, porque ele é do jiu-jitsu, não tinha muita experiência no MMA. Mesmo assim, ele saiu da zona de conforto dele e disse que ia me ajudar” exaltou a lutadora.

Tamires Vidal encara a norte-americana Ramona Pascual na luta que abre o UFC Vegas 64, neste sábado, pela divisão dos pesos-galos (61 kg). O debute no Ultimate é o primeiro passo de um sonho que pode reservar ainda mais surpresas na caminhada da jovem brasileira dentro das artes marciais mistas.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

Mais em Entrevistas