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Sai a revanche? Como tensão Belfort x Wand não foi resolvida em 22 anos

Vitor Belfort não compete no UFC desde maior de 2018 – Leandro Bernardes/PxImages

O clima de tensão entre Vitor Belfort e Wanderlei Silva parece ter encontrado novo ápice. Na última sexta-feira (12), os lutadores trocaram pesadas acusações via redes sociais e pela imprensa, deixando claro que a rivalidade iniciada em 1998 – em duelo vencido pelo carioca por nocaute em menos de um minuto – ainda tem a capacidade de mobilizar uma legião de fãs para assistir um possível duelo. No entanto, após 22 anos de uma história recheada de confusões, a revanche nunca saiu do papel.

Verdade seja dita, os lutadores conduziram suas carreiras de formas diferentes em grande parte deste período, o que de certa forma ajudou a trasformar essa hipotética revanche em uma lenda do MMA moderno. Afinal, depois que se enfrentaram, ambos assinaram com o evento japonês Pride e, enquanto Vitor chegou com status de estrela e foi derrotado por Kazushji Sakuraba, migrando para a divisão dos pesos-pesados a seguir, O ‘Cachorro Louco’ teve que fazer lutas de menor visibilidade antes de sua chance contra Sakuraba – a quem nocauteou para se tornar o maior nome da história do evento em sua categoria.

Depois de algumas lutas mornas na nova divisão, Vitor retornou aos meio-pesados (93 kg) e ao UFC, onde seu caminho quase se cruzou com o de Wanderlei no ano de 2004. Campeão do evento americano, o ‘Fenômeno’ defendia seu título contra Randy Couture e contava com a torcida efusiva do rival curitibano, então número um do Pride, na beira do octógono – na época, os eventos negociavam uma superluta entre os donos dos cinturões. Infelizmente, Belfort perdeu e ali a primeira chance de revanche escorria pelo ralo.

Um ano depois, o carioca retornou ao Pride para participar do GP da categoria e foi colocado na chave oposta a de Wanderlei. Ou seja, os fãs teriam que esperar pelas seguidas vitórias de ambos ao longo do ano para que eles se cruzassem apenas na grande final. Mas em processo de mudança de equipe e com um camp renovado para a temporada, Belfort acabou eliminado logo na primeira fase ao ser finalizado por Alistair Overeem – Wanderlei avançou até a semifinal, quando foi superado por pontos por Ricardo Arona.

Flagrado em um exame antidoping no final de 2006, Vitor passou uma temporada competindo na Inglaterra e não viu de perto a transição do rival, acostumado a lutar em ringues, para o octógono. De 2007 a 2013, Wanderlei alternou vitórias e derrotas no UFC, mas manteve o status de ‘showman’ ao protagonizar grandes disputas tanto nos meio-pesados como nos médios (84 kg). Por sinal, seu arquirival também havia descido de categoria neste período.

Wanderlei Silva prometeu tirar sua revanche com Belfort do papel – Erik Engelhart

No entanto, em melhor fase o carioca disputou o cinturão contra Anderson Silva em 2011 sem nem precisar passar pelo ‘Cachorro Louco’, rival com quem cruzaria caminhos apenas no ano seguinte. De olho no crescimento da popularida do MMA no Brasil, o UFC escalou os dois atletas para liderarem a primeira edição do reality show ‘The Ultimate Fighter’ certo de que a rivalidade ajudaria a elevar os números de audiência do programa.

Dito e feito! Wanderlei perdeu a paciência com o rival em diversas oportunidades e os dois deram amostras de que a rivalidade impede qualquer possibilidade de reaproximação entre eles. Ao final das gravações que. como de praxe, era esperada uma luta entre os treinadores em um card composto por disputas entre os atletas revelados pelo reality show. Mais uma vez, porém, o destino entrou e ação.

Belfort fraturou a mão durante os treinos para o confornto e foi substituído por Rich Franklin, ex-campeão que venceu Wanderlei por pontos decisão dos jurados. A lesão, claro, não foi aceita pelo ‘Mr. Pride’, que passou a acusar o rival de fugir da luta por medo do que poderia lhe acontecer em uma revanche. Desde então, caminhos opostos afastaram os veteranos.

Enquanto se preparava para encarar Chael Sonnen ao final de outra edição do TUF em qua atuou como treinador, Wanderlei se recusou a fazer um exame anditoping supresa, o que acarretou em uma punição que o deixou longe dos cages por quatro anos. De volta à ação, em 2017, o curitibano sofreu duas derrotas contra outros veteranos do MMA (Quinton ‘Rampage’ e Chael Sonnen) no Bellator.

Por sua vez, Vitor chegou a ter uma grande fase nesse período e chegou a disputar o cinturão contra Chris Weidman, mas foi novamente superado antes de passar os últimos anos no UFC alternando boas e más apresentações até queconseguiu cumprir seu contrato por inteiro para negoiar com outras organizações. E é apenas por isso que a rivalidade se manteve viva.

Ao dexar o UFC e assinar com o One Championship, Belfort sinalizou com a possibilidade de encarar atletas de diversas organizações e passou a flertar com a criação de novas regras para veteranos competirem com rivais mais jovens. Foi aí que Wanderlei, virtualmente aposentado, ganhou ânimo e voltou a treinar diariamente em Curitiba. Agora, com esse empurrão a mais visto na última sexta, a mensagem foi clara: “Já era pessoal, agora virou mais pessoal. Se você me vir, atravessa a rua, porque eu vou bater na sua cara, no ringue ou na rua”, sentenciou o wx-campeão do Pride.

Em alta, a rivalidade entre os quarentões tem tudo para ser rentável para ambos, ainda mais se promovida no Brasil. Resta agora uma negociação séria entre as partes para que essa grande oportunidade não se perca e se torne realidade diante dos 22 anos em que muito se falou e pouco foi feito, de fato.

Editor da Ag Fight e colunista do UOL, Diego Ribas cobre MMA desde 2010 e atualmente mora em Las Vegas

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