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Polyana Viana relata problemas antes de vitória: “Alguém tinha que pagar a conta”

Três das quatro atletas brasileiras escaladas para o card do UFC Vegas 64, realizado no último sábado (5), precisaram lidar com cancelamentos de voos que resultaram no atraso de suas respectivas chegadas a Las Vegas (EUA), sede do evento. O problema, causado pelas manifestações que tomaram ruas e estradas do país após o segundo turno das eleições presidenciais, não parece ter afetado o desempenho dentro do octógono das lutadoras tupiniquins, já que todas saíram vencedoras de seus confrontos, mas gerou uma série de incômodos nas vésperas do show.

Pelo menos é o que relata Polyana Viana, uma das atingidas pelo problema, assim como as compatriotas Amanda Lemos e Tamires Vidal. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), a peso-palha (52 kg) admitiu que o atraso na sua chegada a Las Vegas fez com que enfrentasse dificuldades com o corte de peso e, também, para se adaptar ao fuso horário da cidade norte-americana.

A paraense, que desembarcou em Las Vegas apenas na quarta-feira, quando normalmente os lutadores brasileiros chegam em média cerca de dois dias antes, relatou que a retenção de líquidos – causada pelo voo – atrapalhou no seu processo de corte de peso. Além disso, Polyana admite que toda a situação mexeu com seu psicológico e afetou seu humor nas vésperas de sua luta.

“Foi bem difícil. Eu fiquei bem chateada. Eu odeio política, odeio, e ainda acontecem essas coisas que não vão prejudicar os políticos, vai prejudicar a gente. Nosso voo foi remarcado, se não me engano, três vezes por causa dessa manifestação. Aí o pessoal falava: ‘Ah, mas vai dar certo’. Deu certo, só que eu sofri para c*** para tirar esse peso. E olha que eu estou sempre leve, sempre bato o peso super de boa, sorrindo. Só que dessa vez eu sofri muito, eu chorei tanto dentro daquela banheira, chorei igual uma criança, xinguei todo mundo”, contou Polyana, antes de continuar.

“Eu estava muito estressada, e eu não me estresso normalmente. Só que dessa vez o estresse veio com tudo. Acho que juntou tudo. E ainda mais com o peso que não queria sair de jeito nenhum. Eu tive que tirar, se não me engano, 4,5 kg na desidratação, coisa que eu nunca fiz na minha vida. O máximo que eu já tirei foram 3 (kg), e bem hidratada. E eu não estava hidratada, estava retida. Então, foi demais. Os caras da minha equipe que me aguentaram. Gente, desculpa, agora está tudo bem, espero que vocês me perdoem com esse nocaute (risos)”, brincou.

O nocaute ao qual a brasileira se refere foi o aplicado por ela diante da americana de ascendência coreana Jinh Yu Frey, na noite de sábado, pelo card preliminar do UFC Vegas 64. Apesar de todos os problemas enfrentados nos dias anteriores, Polyana subiu no octógono determinada a apagar da memória a atuação na sua última luta, quando foi derrotada por Tabatha Ricci, e cumpriu com seu objetivo, levando sua adversária à lona em apenas 47 segundos de combate.

“Alguém tinha que pagar (a conta depois do estresse). Infelizmente, alguém tinha que pagar a conta e ela entrou no caminho da pessoa errada”, brincou Polyana.

Além de Polyana Viana, as duas outras lutadoras brasileiras que foram afetadas pelos cancelamentos de voos e chegaram atrasadas a Las Vegas venceram seus combates. Estreante no Ultimate, Tamires Vidal nocauteou Ramona Pascual na abertura do card preliminar, enquanto Amanda Lemos superou Marina Rodriguez – curiosamente, a única atleta do Brasil a conseguir chegar com antecedência nos Estados Unidos – no ‘main event’ do UFC Vegas 64.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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