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Campeão do UFC critica sociedade e aborda cultura negra, resistência e machismo

Israel Adesanya cutuca nariz e mostra mamilo no media day dessa quinta-feira – Diego Ribas

Pautas sobre resistência, cultura negra e machismo foram levantadas por ninguém menos que o atual campeão peso-médio (84 kg) do Ultimate. O media day do UFC 248 aconteceu nessa quinta-feira (6), dentro do Mês Internacional da Mulher e cinco dias após o Mês da História Negra, e foi marcado por opiniões fortes de Israel Adesanya. Às vésperas de defender seu cinturão, o atleta se permitiu, por alguns minutos, não falar sobre o combate e fez críticas sociais, mostrando o mamilo e não se envergonhando de tirar meleca para reforçar seus pontos.

Na conversa com a imprensa, registrada pela Ag. Fight, em Las Vegas (EUA), o nigeriano deixou de lado Yoel Romero, seu adversário deste sábado (7), e explicou aos jornalistas sobre algo que carrega sempre consigo: seu pente-garfo, elemento forte na cultura negra. Ele, também, demonstrou indignação frente aos direitos desiguais entre homens e mulheres, até mesmo quando se trata de campeões e de ex-campeões do UFC.

“Tudo o que isso representa é cultural”, afirmou o atleta, relatando escutar pessoas dizerem que ele estaria se apropriando da cultura americana. “Vá se ferrar, você (pessoa que fala isso) não entende. Isso (aponta para o objeto) e isso (aponta para seu cabelo) é de bem antes dos escravos virem para os Estados Unidos. Isso é algo que você nunca vai entender”, completou o campeão africano àqueles que, para ele, desrespeitam esse fato. “Não uso isso para diversão. Isso é para fazer uma afirmação”.

Ao longo da conversa, Adesanya resolveu pôr o dedo no nariz e limpar a mão na roupa, sendo questionado sobre não ter pudor para isso. “Eu não cresci assim. Acho que é apenas aceitar que todo mundo enfia o dedo no nariz. Todos cagam, não é? Todos fazem sexo. Mas, de alguma forma, nesse dia e nessa idade, todo mundo gosta de fingir (que não)”, critica o peso-médio, mostrando o mamilo em seguida. “Aposto que Joanna não conseguiria fazer isso ou que Weili Zhang não conseguiria. Por quê? Isso é um mamilo. É um maldito mamilo. Posso fazer isso porque sou um homem. É o Mês Internacional da Mulher, mas elas não podem fazer isso porque são mulheres”, continuou o lutador sobre essa diferença entre gêneros.

O atleta seguiu com suas críticas, dessa vez, à sociedade em geral. Ele comentou que há a ideia de puritanismo entre as pessoas e que, muitas vezes, privam as crianças de acesso à informação, “protegendo suas mentes”. “Crianças são mais espertas do que você imagina. Eu tive uma conversa com crianças e eu fiquei ‘Não tenho que me censurar porque você é esperto o suficiente para entender o que estou dizendo e como estou dizendo”, destacou Adesanya.

Voltando à luta, o campeão afirmou gostar da pressão, mas não de ficar muito tempo longe dos octógonos. “Eu disse no meu primeiro UFC que a pressão faz os diamantes. Ainda estou brilhando”, declarou o atleta, afirmando querer ser o novo ‘bicho-papão’ da categoria.

O lutador de 30 anos permanece invicto na sua carreira profissional, acumulando 18 vitórias, incluindo sete na maior organização de MMA do mundo. Adesanya terá seu cinturão peso-médio desafiado pelo cubano Yoel Romero no UFC 248. O evento será realizado neste sábado, na T-Mobile Arena, em Las Vegas.

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