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Brasileira relembra luta polêmica com Shevchenko no muay thai e mira reencontro no MMA
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por
Neri Fung
Bicampeã mundial no muay thai, Tainara Lisboa sentiu a necessidade, depois de conquistar seu segundo título, de buscar novos desafios e, por isso, decidiu migrar para o MMA, em 2016. Apesar de ainda dar seus primeiros passos na modalidade, a paulista já tem claro em sua mente dois objetivos para o futuro: chegar ao UFC e reencontrar Valentina Shevchenko, agora dentro do octógono.
Em 2010, Tainara encarou a atual campeã peso-mosca (57 kg) do UFC em combate válido pelas regras do muay thai. O duelo, no entanto, não traz boas recordações para a brasileira, que se queixou do jogo ‘sujo’ da adversária. De acordo com a lutadora paulista, Shevchenko utilizou diversos golpes ilegais na arte marcial de origem tailandesa, como quedas de judô, cabeçadas e até ataques no solo. O ‘no contest’ (luta sem resultado) ao final da peleja e a não desclassificação da rival servem como motivação para Tainara planejar uma revanche contra a quirguistanesa, desta vez sob as regras do MMA.
“Essa luta com a Valentina (Shevchenko) foi bem polêmica, porque na época que a gente lutou, fechamos para lutar muay thai, e na luta, ela fez várias coisas ilegais, como quedas de judô, me deu várias cabeçadas, me bateu no chão, e o responsável pela arbitragem estava no córner dela. Eu não ganhar faz parte da vida do atleta, a gente tem que lidar e tirar o melhor proveito, mas lutar com pessoas que não são ‘limpas’, isso me incomoda demais”, relembrou Tainara, antes de continuar.
“Sei que hoje a Valentina é uma grande atleta de MMA, mas a visão que tenho dela não é legal por conta dessa experiência que tivemos, que não foi nada positiva. Mas um dia, eu ainda acho que a gente vai se encontrar e colocar os pingos nos ‘is’. Na época, depois da luta, meu antigo treinador conseguiu mudar a luta para ‘No Contest’. Era para ela ter sido desclassificada, mas no caso, não aconteceu. Tinha até um vídeo mostrando todas as faltas que ela cometeu, tem a luta também na internet. Foi algo chato, eu não gosto de posturas assim, mas faz parte”, lamentou.
Com apenas duas lutas no MMA profissional até o momento, Tainara tem ciência do caminho que ainda precisa percorrer até chegar a reencontrar Valentina Shevchenko. A derrota em sua estreia na nova modalidade, em 2016, deixou claro para a lutadora que mudanças eram necessárias em seus treinamentos, que durante toda sua vida haviam sido focados no muay thai. Focada no objetivo de chegar ao UFC, a paulista tem, desde então, se aplicado em artes marciais essenciais para o MMA, como o jiu-jitsu, wrestling, judô, além de adaptar sua principal especialidade, o muay thai, ao jogo no cage.
“Em 2016, eu estreei no MMA e perdi. Na verdade, a minha grande mudança foi ter saído da minha equipe de muay thai e ter buscado treinamentos mais direcionados para o MMA. Desde essa mudança, que já tem dois anos, eu sinto que evolui dentro do esporte. Eu lutei em 2016, fiquei um bom tempo parada, e voltei há dois anos para o MMA, focada, com um professor para cada modalidade. Hoje eu treino Jiu-Jitsu todos os dias, participo de campeonatos, treino Muay Thai adaptado, MMA, a parte de Wrestling, Judô. Estou buscando os melhores recursos para montar um bom jogo de MMA. Eu sei o que eu quero, então eu trabalho muito para chegar lá”, explicou Tainara, antes de completar.
“Estar no UFC é um grande sonho. Sei que existe um caminho até lá, até para eu estar pronta para enfrentar o alto nível das atletas que estão lá, mas é óbvio que meu objetivo é chegar lá. Tenho meu empresário, Fabão, cuidando da minha carreira aqui no Brasil, fora do país também tenho um pessoal cuidando de mim, que está agilizando algumas coisas, e estamos caminhando para isso. Tenho muitas inspirações no esporte, como a Cris Cyborg, Amanda Nunes, Ronda Rousey, José Aldo, Anderson Silva… São muitas inspirações, é exemplo que não acaba mais (risos). Meu foco é trabalhar para chegar nos maiores eventos, assim como foi no muay thai”, contou.
Com uma vitória e uma derrota em seu cartel no MMA profissional, Tainara Lisboa estava se preparando para voltar a competir no ‘Thunder Fight’. Porém, a pandemia do novo coronavírus obrigou a organização a cancelar o evento e atrapalhou os planos da lutadora, que agora aguarda uma definição sobre o seu futuro. No muay thai, atleta – primeira brasileira campeã mundial na modalidade – conquistou os cinturões da World Professional Muay Thai Federation (WPMF), em 2014, e da World Woman Boxing Association (WWBA), em 2016.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.