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Maria Suarez

MMA

Ex-UFC, Chael Sonnen sugere entrada do MMA nas Olimpíadas e diz: “Eu participaria”

A estreia de esportes radicais, como o surfe e o skate, no cronograma da Olimpíada de Tóquio superou as expectativas, gerando enorme repercussão e interesse, especialmente entre as camadas mais jovens da população, uma das principais razões para a inclusão destas modalidades originalmente. Tal sucesso faz com que simpatizantes de outras modalidades esportivas, até então excluídas do programa olímpico, já sonhem com a adesão de seu esporte de preferência, como o MMA, por exemplo, em uma futura edição dos Jogos Olímpicos.

E, na visão de um importante nome do MMA, este não seria um sonho impossível. Questionado sobre a possibilidade em seu programa na ‘ESPN’ americana, Chael Sonnen – ex-lutador do UFC e atual comentarista – se declarou favorável à inclusão do MMA nas Olimpíadas, ainda que, para sua concretização, a modalidade sofra algumas alterações, seja em suas regras ou, até mesmo, no nome.

Como forma de justificar sua posição, o ex-lutador destacou que nos Jogos Olímpicos da antiguidade, na Grécia, já existia uma modalidade muito similar com o MMA moderno: o Pancrácio, que promovia combates sem armas, em uma mistura de boxe, luta olímpica e golpes como joelhadas, cotoveladas, estrangulamentos, entre outros comumente vistos nas disputas dos principais eventos de Mixed Martial Arts atualmente.

“As Olimpíadas possuem duas categorias: os Jogos modernos e os Jogos antigos. Os Jogos começaram em Atenas, na Grécia, e o esporte nacional na Grécia à época era o Pancrácio. O que nós chamamos de MMA hoje é, na verdade, o esporte antigo Pancrácio, que esteve nos Jogos. Não nos Jogos modernos, mas ele tem história. Eles retiraram (o Pancrácio), mas mantiveram elementos. Por exemplo, o judô, boxe, taekwondo, luta greco-romana e luta livre”, comentou Chael, antes de continuar.

“Eu acho que poderia voltar. Eu penso que existe um interesse real. Eu acho que surpreenderia você, acho que veríamos pessoas mais jovens. Talvez mais jovens que 18 anos. Acho que nós veríamos países diferentes enviando seus garotos, assim como nós vemos no boxe. Mas eu acho que tem espaço para isso. Se você conseguir o equipamento certo, as regras certas, você pode criar uma experiência legal, na minha opinião”, analisou o ex-lutador do UFC.

Mesmo pregando que a inclusão de uma espécie de MMA modificado pudesse atrair bastante interesse caso seja adicionado às próximas edições dos Jogos Olímpicos, Sonnen se mostra pessimista quanto à participação de grandes nomes da modalidade nos torneios. Utilizando o boxe como base, o ex-UFC ponderou que seria difícil contar com atletas profissionais, especialmente considerando o caráter amador das Olimpíadas e o formato de competição, que seria bastante desgastante. Apesar disso, o veterano deixou claro que, se estivesse apto, não pensaria duas vezes antes de aceitar o convite para competir.

“Eu acho que não (teríamos profissionais disputando), mas eu estou baseando isso no boxe. Se eu pudesse entrar em um time olímpico, eu estaria lá agora mesmo, em qualquer esporte. Mas se você olhar para o boxe, assim que eles podem deixar para trás aquele status de amador e partir para ganhar dinheiro no ringue, é o que eles fazem. Se você tem 22 ou 23 anos no boxe olímpico, você é um dos caras mais velhos. Então, sim, eu diria que no caso do Pancrácio, aconteceria algo similar. Onde os caras (profissionais) não iriam correr esse risco”, ponderou Chael, antes de completar.

“E tem que se lembrar que as Olimpíadas acontecem em formato de torneios, o que significa que você tem que lutar quatro vezes. Agora você está falando de um lutador profissional, não apenas deixando de lado o profissionalismo, mas tendo que lutar quatro vezes. Eu acho que seria difícil convencê-los. Eu estaria lá. Pessoalmente, eu estaria nas Olimpíadas se eu fosse bom o suficiente. Eu não ligo se eu tiver que vencer os caras de 16 anos. As Olimpíadas são importante para mim. Eu não poderia me imaginar deixando de participar. Mas nós vemos muitos profissionais ficando de fora, achando que está abaixo deles. Eu vejo diferente. Acho que é um espetáculo maravilhoso, eu participaria”, finalizou o ex-lutador do UFC.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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