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Diego Ribas/PxImages

Entrevistas

Thiago ‘Marreta’ admite ‘torcida’ por Blachowicz contra Adesanya: “Assim a fila anda”

Mesmo vindo de duas derrotas seguidas, contra dois dos mais duros rivais do plantel do Ultimate, Thiago ‘Marreta’ ainda goza de significativo prestígio na liga. Prova disso é que o carioca, apesar dos resultados recentes e de um longo hiato causado por uma cirurgia nos dois joelhos, ainda aparece na segunda posição no ranking dos meio-pesados (93 kg) da entidade, podendo se reaproximar de um novo ‘title shot’ neste sábado (6), ao encarar o austríaco Aleksandar Rakic, no UFC 259, em Las Vegas (EUA).

No entanto, é inegável que, mesmo estando em plena forma física e técnica, ‘Marreta’, de 37 anos, corre contra o tempo em sua busca pelo sonhado título do UFC. Ciente de que, mesmo que vença seu compromisso neste sábado, ainda deve ser o segundo da fila por uma oportunidade de lutar pelo cinturão, atrás do compatriota Glover Teixeira, seu algoz no último combate, o meio-pesado torce para que a divisão não sofra com uma possível estagnação no futuro próximo, o que poderia atrasar seus planos.

O lutador carioca sabe que uma vitória de Israel Adesanya, campeão dos médios (84 kg) sobre Jan Blachowicz, atual detentor do cinturão até 93 kg da liga, neste sábado, pelo card do mesmo evento em que se apresentará, pode ‘travar’ a categoria dos meio-pesados, tendo em vista que o nigeriano pode optar por dividir sua atenção entre as duas divisões. Por isso, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, ‘Marreta’ admitiu que, apesar de enxergar um ligeiro favoritismo do africano, torcerá pela vitória do polonês.

“O Glover está na minha frente, com certeza, ele me venceu. O mérito é dele, é a vez dele de disputar o cinturão. Mas a gente nunca sabe os planos do UFC. Uma boa vitória minha, essa fase que a gente está vivendo de pandemia… Tudo pode acontecer. Então, eu tenho que fazer a minha parte, que é vencer a minha luta e depois a gente vai ver o que vai acontecer”, ponderou ‘Marreta’, antes de analisar o duelo entre Blachowicz e Adesanya, atração principal do UFC 259 neste sábado.

“Eu acho que o Adesanya tem uma leve vantagem nessa luta, por ser mais leve, por ter uma envergadura maior, movimentar mais. Mas eu vejo muito pouco favoritismo para ele. Se o Jan fizer o jogo certo, pode nocautear o Adesanya a qualquer momento. É claro que para toda a categoria meio-pesado seria melhor que o Jan vencesse a luta. Assim a fila andava. Se o Adesanya vencer, a gente não sabe o que ele vai fazer depois, se vai voltar para os médios. Então, eu acho que vai dar uma travada na categoria. Com certeza seria melhor que o Jan ganhasse essa luta”, declarou.

Porém, como o próprio admite, antes de analisar o futuro da categoria e quanto tempo levaria para alcançar uma disputa pelo título, Thiago precisa superar seu adversário, que chega credenciado por cinco vitórias em seis confrontos disputados no Ultimate, e se recuperar dos dois resultados negativos sofridos em suas últimas apresentações. Para isso, o carioca aposta no seu arsenal completo de habilidades e deixa em aberto a possibilidade de utilizar uma arma que tem chamado a atenção da comunidade do MMA.

Bastante utilizado por lutadores da ‘American Top Team’, equipe a qual o brasileiro integra, o chute na panturrilha tem se mostrado extremamente eficaz e difícil de ser defendido, além de causar danos significativos nos atletas, capaz de mudar o rumo das lutas. Apesar de reconhecer a eficácia do golpe, ‘Marreta’ descartou focar totalmente sua estratégia de luta no mesmo, apontando para a utilização de uma tática com maior variedade de ataques.

“Pode ser que eu use também (o chute na panturrilha). Eu não foco só em uma coisa. É difícil você focar em uma coisa só, porque se você focar em uma estratégia só, o seu adversário pode vir preparado para aquilo e conseguir evitar, e você fica abatido mentalmente. Então, eu nunca venho para uma luta com o foco em um golpe só. Eu tenho muitas armas e vou usar tudo que eu tiver”, prometeu o meio-pesado, antes de explicar a razão por trás da eficácia do novo golpe sensação entre os lutadores.

“Porque é um golpe novo. Todo mundo esperava o chute na altura da coxa, que é muito utilizado no muay thai, no kickboxing. Mas depois que começaram a chutar a panturrilha, ninguém estava esperando. É um chute difícil de bloquear, de evitar. É diferente da coxa, que tem muita massa. A panturrilha tem menos massa muscular. Então, um ou dois chutes ali já danifica bastante”, finalizou.

Participante da segunda temporada da edição brasileira do reality show ‘The Ultimate Fighter’, Thiago ‘Marreta’ iniciou sua trajetória no UFC em 2013, somando até o momento 13 vitórias e sete derrotas no octógono mais famoso do mundo. O carioca teve a oportunidade de disputar o cinturão dos meio-pesados em julho de 2019, mas, apesar de fazer uma luta equilibrada com o então campeão da categoria Jon Jones, acabou derrotado na decisão dividida dos juízes.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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