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Carlos Antunes

Entrevistas

Pedro Rizzo recorda apreensão por estreia no corner de Anderson em luta contra Belfort

Um dos nomes mais reconhecidos e respeitados dos primórdios do MMA como lutador, Pedro Rizzo fez a transição para a carreira de treinador e prontamente demonstrou que teria na nova empreitada o mesmo sucesso que teve em sua trajetória como atleta. Sua vasta experiência e excelência na luta em pé logo o credenciou a garantir uma vaga no grupo de técnicos responsáveis pela preparação de um dos campeões mais emblemáticos da história do UFC: Anderson Silva.

Mas apesar da satisfação em treinar um lutador reconhecido como um dos maiores de todos os tempos, Rizzo teve que encarar um enorme desafio logo em seu primeiro compromisso ao lado do ‘Spider’: a disputa de título contra Vitor Belfort, realizada no main event do UFC 126, no dia 5 de fevereiro de 2011, em Las Vega (EUA). Dez anos depois, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, o treinador, conhecido como ‘The Rock’ em seus tempos como atleta, relembrou a pressão que sentiu ao se tornar o responsável pela trocação de um dos melhores strikers da história, justamente em um combate de tamanha importância, classificado pelo próprio como um “divisor de águas” para o MMA no Brasil.

O treinador, que atualmente comanda a equipe ‘Usina de Campeões’, ainda admitiu que teve receio de, caso Anderson perdesse para Vitor, ser responsabilizado pelo resultado, por ter sido integrado ao time do então campeão peso-médio (84 kg) do UFC recentemente. Ao final, toda a preocupação se transformou em alegria pela vitória do ‘Spider’, conquistada através de um memorável chute frontal na ponta do queixo do desafiante, que o levou à lona ainda no primeiro round.

“A luta do Anderson com o Vitor foi uma luta difícil para mim, porque foi a primeira vez que eu estava treinando o Anderson. O Anderson me contratou para ser o treinador de striking dele. O Anderson já era um cara pronto, já era um striker, já era um campeão. A minha preocupação era ‘em time que está vencendo, não mexer muito’. Então, eu entrei na equipe para botar óleo na máquina. Tentei botar algumas ideias que eu tinha, mas o Anderson estava pronto. Para mim foi um trabalho muito fácil”, recordou Pedro Rizzo, antes de completar.

“Eu fiquei apreensivo de ser a minha primeira luta com ele. Se acontece um acidente ou o Vitor encaixa uma mão e o Anderson perde aquela luta, iam falar: ‘Po, o Pedro Rizzo entrou e o Anderson perdeu’. É muito difícil entrar em um time que está vencendo. É muita responsabilidade. E se por acaso desse alguma coisa errada ia cair tudo na minha cabeça. Então, eu tentei simplesmente botar óleo na máquina, potencializar o que ele já tinha de bom e não mudar muito o que ele estava fazendo, porque já era uma equipe vencedora. Essa luta foi um divisor de águas. Para mim, que estava treinando ele pela primeira vez, e ele vencer daquela forma foi maravilhoso”, contou.

O conceito de que aquele combate em 2011, que colocou frente a frente duas das maiores estrelas que o MMA brasileiro já produziu, foi um divisor de águas na história da modalidade no Brasil é compartilhada pela maioria esmagadora da comunidade das lutas. E com Pedro Rizzo não é diferente. Para o ex-lutador, que milita neste meio desde os primórdios, o duelo entre Anderson Silva e Vitor Belfort foi o principal responsável por uma visível mudança de patamar do esporte em território tupiniquim.

“No Brasil foi o divisor de águas. Existe o MMA brasileiro antes de Anderson vs Vitor e depois de Anderson vs Vitor. O Brasil todo assistiu aquela luta. Porque o Vitor era muito famoso, o Anderson era uma estrela mundial, mas ainda não no Brasil. Todo mundo viu essa luta. O Brasil parou para assistir. Daí para frente, as pessoas começaram a respeitar o MMA como um grande esporte no Brasil. Depois daquela luta, tudo mudou. A forma como as pessoas viam o esporte, a forma como as pessoas aceitavam o esporte, a forma como as pessoas respeitavam os atletas de MMA. Então, aquela luta é um divisor de águas para o Brasil”, sentenciou Pedro Rizzo.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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