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Kayla Harrison elege judocas que podem sucedê-la no MMA e cita brasileira

O judô não é uma modalidade que tenha grande tradição em revelar lutadores para o MMA, mas duas laureadas atletas americanas quebraram essa escrita com excelência: Ronda Rousey e Kayla Harrison. A primeira foi pioneira no UFC e pavimentou o caminho para as mulheres no esporte, consolidando-se como uma das maiores estrelas das artes marciais mistas em todos os tempos. No caso da segunda, que ainda constrói sua história, seu sucesso dentro do cage do PFL a permite sonhar inclusive com o posto de ‘GOAT’ (maior de todos os tempos) no futuro. E, aparentemente, há mais judocas com a capacidade de seguir os passos das duas.

Pelo menos é o que pensa Kayla Harrison. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), a bicampeã olímpica não teve dúvidas ao cravar que muitas atletas de sua arte marcial de origem poderiam fazer com sucesso a transição para o MMA. Para a americana, parte do que faz dos judocas potenciais grandes lutadores de MMA tem a ver com a exigência física e mental as quais os atletas são submetidos durante suas carreiras.

Outro ponto fundamental apontado por Harrison como fundamental para o sucesso de judocas no MMA diz respeito ao fato da arte marcial japonesa ser baseada no jogo de quedas e movimentações no solo, o que é conhecido como grappling. De acordo com a estrela do PFL, a expertise nessa área do combate pode dar uma vantagem aos atletas oriundos do judô ao migrarem de modalidade.

“Eu consigo pensar em umas 50 no judô que seriam verdadeiras assassinas no MMA. Acho que existem muitas mulheres no judô que poderiam ser muito bem-sucedidas no MMA. Eu acho que a base é muito boa. É grappling. E saber lutar grappling é tipo um ‘macete’ no MMA. É duro vencer um grappler. E eu sei, por experiência própria, como é difícil mentalmente e fisicamente o judô pode ser, nos treinamentos, na preparação para as Olimpíadas, na preparação para os Campeonatos Mundiais, e outro torneio, outro torneio e outro torneio. Então, eu sei que elas são fortes mentalmente. E eu acho que existem muitas mulheres que teriam sucesso no MMA”, afirmou Kayla Harrison.

A confiança no potencial dos judocas é tão grande que a americana consegue pensar em diversos nomes que poderiam repetir o sucesso que obtiveram na arte marcial japonesa no MMA. Entre as apostas, Kayla cita inclusive uma brasileira: Rafaela Silva, bicampeã mundial e medalhista de ouro na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Além da carioca, a invicta lutadora também destaca as atletas japonesas e cubanas, duas das escolas mais tradicionais e vencedoras do judô feminino.

“Acho que qualquer mulher da seleção de Cuba. Onix Cortes, ela é uma assassina. Eu me lembro de lutar com ela quando éramos juniores, derrubando uma a outra no tatame, empurrando nossas cabeças na madeira. Ela é demais. E ela é durona. Ela não se importa, ela vai achar um jeito de vencer. Eu acho que qualquer mulher da seleção nacional feminina de Cuba seria bem-sucedida no MMA”, destacou Kayla, antes de continuar sua lista.

“Provavelmente muitas mulheres que estão um degrau abaixo da seleção nacional no Japão. Talvez elas não sejam a judoca número um do Japão, mas são as números dois ou três. Eu acho que elas teriam muito sucesso no MMA feminino. A garota do Kosovo que venceu as Olimpíadas, como é o nome dela… (Majlinda) Kelmendi. Eu acho que ela seria uma assassina no MMA. Existem muitas, são várias… Silva, sim, Rafaela Silva. Eu acho que ela seria excelente. Sim! Com certeza. Naturalmente. Existem muitas mulheres que fariam bem essa transição”, finalizou.

Por enquanto, Kayla Harrison continua como a grande representante do judô no MMA na atualidade. E a americana pode acrescentar mais uma conquista no seu currículo nesta sexta-feira (25). Na grande final do torneio peso-leve (70 kg) da temporada 2022 do PFL, a ex-judoca medirá forças com a brasileira Larissa Pacheco, pelo título da competição e pelo prêmio de 1 milhão de dólares (cerca de R$ 5,3 milhões) concedidos pela organização aos campeões do ano.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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