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Entrevistas

Jéssica Bate-Estaca exalta volta ao Brasil e explica ‘troca’ no comando técnico

Há cerca de três anos, Jéssica Andrade – ao lado de seu treinador de longa data Gilliard ‘Paraná’ – e algumas companheiras de equipe se mudaram para os Estados Unidos, com o intuito de ficarem mais próximos do UFC e abrirem uma nova filial da academia ‘PRVT’ em Las Vegas (EUA). Hoje, depois de alguns acontecimentos, grande parte das atletas decidiu voltar ao Brasil, como é o caso de ‘Bate-Estaca’, enquanto o líder do time permanece em território norte-americano e inicia um processo de ‘passagem de tocha’ no comando da equipe.

Nada que atrapalhe a carreira da ex-campeã peso-palha (52 kg) do UFC. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), Jéssica Bate-Estaca confirmou seu retorno definitivo ao Brasil e celebrou a oportunidade de voltar a estar próxima de sua família. A volta da paranaense coincide também com a abertura de uma nova academia da PRVT em São José dos Pinhais (PR), onde inclusive foi o camp de preparação da atleta para sua luta deste sábado (5), pelo card do UFC Nashville, contra Tatiana Suarez, sob a batuta de Bruno Ribeiro, sobrinho – e aparente sucessor – do ‘Mestre Paraná’.

“A minha intenção agora é voltar de vez para o Brasil. Porque, no final das contas, voltou todo mundo: a Denise (Gomes), a Karol (Rosa), a Maria (Oliveira), o Mairon (Santos)… Ficou aqui nos Estados Unidos só o Mestre (Gilliard Paraná). E o Bruno vem fazendo um trabalho muito bom comigo. A minha luta contra a Lauren Murphy (no UFC Rio), ele que fez o camp todo comigo – claro, com a orientação do Mestre”, revelou Jéssica, antes de completar.

“Passei um mês com a minha mãe, descansei, resolvi as coisas que tinha que resolver para ela, voltei a treinar, voltei a treinar com o Bruno… A PRVT agora tem uma filial maior lá em São José dos Pinhais. Então, é ali que eu estou treinando, estou ficando ali com o pessoal. Quando marcou a luta, as meninas do Rio (de Janeiro) já vieram para Curitiba, o Marquinhos, que é meu preparador físico há mais de 10 anos também se dispôs e foi para Curitiba. É muito bom saber que a gente tem um time, uma equipe, unida dessa forma, que não mede esforços para estar perto de você. Estar no Brasil, para mim, está sendo muito bom”, afirmou a ex-campeã.

Transição no comando da PRVT

A relação quase de pai e filha com Gilliard Paraná continua intacta, ao que tudo indica. Apesar da distância criada pela volta da lutadora ao Brasil, Jéssica mantém o respeito e a fidelidade ao seu mestre, mas entende que pode ser o momento do treinador deixar seu sobrinho assumir as rédeas da sacrificante rotina de comandar a equipe PRVT no dia a dia. Ainda assim, Bate-Estaca ressalta que a influência do seu mentor de longa data seguirá forte na sua carreira, seja à distância ou presencialmente.

Eu acho que já está na hora do Mestre descansar e deixar esse trabalho para outras pessoas. Ele trabalhou muito, sempre esteve nos meus camps, puxando manopla. E com tantos anos junto com ele, só dele falar de longe, eu já sei o que ele quer, a orientação que ele quer (passar). A gente pode marcar o final do camp para passar em (Las) Vegas, estar ali no Instituto (de Performance do UFC). O Bruno sempre vai muito comigo, levo o Marquinhos, que agora tirou o visto dele também e vai muito com a gente, e aí a gente faz todo esse trabalho junto com o Mestre, com as orientações dele pessoalmente”, ponderou a lutadora.

Sucessor preparado

Mesmo com apenas 22 anos de idade, Bruno Ribeiro conta com a confiança da principal expoente da PRVT para assumir o comando de seus treinos – tudo sob a supervisão de Gilliard Paraná. Na visão da ex-campeã do UFC, apesar da pouca idade, o jovem demonstra qualidades natas como líder e treinador principal, assim como o tio, que transformou a Paraná Vale Tudo em uma das principais academias do Brasil.

Nem mesmo as demais ocupações profissionais do jovem prodígio parecem preocupar Jéssica. Além de passar a comandar os camps da ex-campeã, Bruno também iniciou sua carreira como empresário de algumas atletas da PRVT e também dá seus primeiros passos como lutador, tendo já competido no MMA amador. O sobrinho de Gilliard Paraná, inclusive, tem nova luta marcada – compromisso este que o próprio adiou para poder focar na preparação de Bate-Estaca para o UFC Nashville. 

“Realmente está no sangue dele. Isso aí vem de família. Ele (Bruno) me conhece muito bem também, eu o conheço desde que ele era menor do que eu. E olha que é difícil encontrar alguém menor do que eu (risos). Então, ele me conhece bem, conhece o meu estilo de luta. Ele é um menino muito experiente. Ele assiste as lutas e sabe o que eu tenho que fazer. (Antes da) Minha luta com a Lauren Murphy ele assistiu todas as lutas dela, estudou tudo certinho, montou uma planilha em um caderno e escreveu: temos que treinar isso, treinar isso. E a mesma coisa está acontecendo agora com essa luta contra a Tatiana”, destacou Jéssica, antes de continuar.

“Por mais que ele seja muito novo, ele está fazendo um trabalho que poucos head coaches fazem, que é esse estudo da adversária. E ele não trabalha só com isso. Além dele trabalhar comigo nessa parte, ele também está começando a empresariar outros atletas da equipe. Então, ele fecha as lutas, tem as lutas dele também, que ele vai lutar no mês que vem. Inclusive, ele atrasou a luta dele. Já era para ele ter lutado, mas ele atrasou por conta da minha luta, para ele estar perto de mim, me ajudando, me aconselhando, treinando junto comigo. De verdade? É ele. Eu já falei para o Mestre: ‘Mestre, você arrumou o melhor sucessor que você podia, porque o Bruno vai ser o cara que vai conseguir seguir os seus passos e fazer exatamente o que você faz com excelência dentro da arte marcial'”, concluiu.

Depois de flutuar entre as divisões dos palhas e dos moscas (57 kg) nas últimas apresentações, Jéssica Andrade, aparentemente, decidiu focar suas atenções na categoria em que foi campeã, de olho em uma oportunidade de reconquistar o cinturão. Neste sábado (5), Bate-Estaca – 5ª colocada no ranking até 52 kg do Ultimate – encara Tatiana Suarez e, em caso de vitória, dará um importante passo para se reaproximar de um ‘title shot’.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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