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Glover classifica luta contra Anthony Smith como ‘válvula de escape’ da pandemia

Glover Teixeira encara o americano Anthony Smith – Leandro Bernardes

Após ver o evento no qual lutaria ser cancelado, Glover Teixeira finalmente retorna aos octógonos nesta quarta-feira (13), diante de Anthony Smith, na luta principal do UFC on ESPN 9, em Jacksonville (EUA). Apesar das mudanças provocadas pela pandemia do novo coronavírus, o ex-desafiante ao cinturão meio-pesado (93 kg) descarta a ideia de que sua preparação tenha sido afetada de forma significativa, e celebra o fato de seu foco no combate ter lhe proporcionado uma ‘válvula de escape’ para as constantes notícias ruins provenientes da crise mundial de saúde.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, o veterano revelou que precisou adaptar os  treinamentos em sua academia para se enquadrar às medidas preventivas contra a propagação da COVID-19, mas destacou que as mudanças não influenciaram na preparação final. O número reduzido de companheiros de treino, segundo ele, pode até mesmo ter ajudado na prevenção contra lesões e cortes, comuns em alguns camps e que podem influenciar no desempenho do lutador no combate.

Apesar disso, Glover admitiu que o lado psicológico talvez tenha sido o principal rival durante a preparação, já que a preocupação com a sua própria saúde e dos seus entes queridos é algo natural em um momento de crise mundial devido à pandemia. Ainda assim, o mineiro ressaltou que o foco na luta contra Anthony Smith o fez desligar um pouco seus pensamentos da batalha travada pelo planeta contra a COVID-19, como uma ‘válvula de escape’ das notícias sobre o assunto.

“A gente fechou o treino com quatro pessoas e era da casa para a academia e da academia para a casa. Eu tenho a minha própria academia, que está fechada ao público, mas a gente vai lá e treina, e a preparação física eu fiz na minha garagem mesmo. Eu treinei bastante, estou bem preparado, é uma situação um pouco chata, mas eu consegui me adaptar bem. Se não tivesse a pandemia, eu acho que teria treinado do mesmo jeito, talvez com um pouco mais de pessoas, mas isso não vem ao caso. Treino é complicado, não é uma pandemia que vai atrapalhar. Às vezes você tem lesões, se machuca, não adianta fazer um camp perfeito, com dez caras para treinar, aí faltando uma semana para a luta você tem uma lesão no joelho ou no ombro, como eu já tive, ou corte no supercílio. Isso atrapalha”, explicou Glover, antes de comentar sobre o aspecto mental de se preparar para uma luta em meio à pandemia.

“A pandemia, para dizer a verdade, atrapalha psicologicamente um pouco, até porque o mundo está preocupado com isso e a gente não está vivendo uma vida normal. Mas isso não foi uma coisa que atrapalhou muito no meu treinamento. Na verdade eu estava até feliz por estar com essa luta marcada porque é menos coisa para pensar (sobre a pandemia). Eu não estou dando muita atenção à mídia, estou mais preocupado com a luta, mais focado na luta”, contou.

Vindo de três vitórias consecutivas e ocupando atualmente a oitava posição no ranking dos meio-pesados, Glover pode se colocar novamente próximo de uma disputa de cinturão com uma vitória sobre Anthony Smith, terceiro colocado na lista top 15 da categoria. Ciente disso, o mineiro – que lutou pelo título da divisão em 2014, mas acabou superado por Jon Jones na decisão dos juízes – projeta reencontrar o campeão com mais dois triunfos. Ainda que não tenha preferência por adversário, o veterano admitiu que uma nova chance diante do americano, que domina a categoria há anos, acrescentaria mais ao seu legado, especialmente se conseguir destroná-lo.

“Lutar pelo cinturão não importa com quem. Não importa quem esteja lá, mas é claro que se o Jon Jones estiver e eu tiver a oportunidade de lutar com ele de novo seria melhor. Eu sei que é um cara mais duro, um cara diferenciado, mas a gente sempre olha a vitória, e ter uma vitória sobre o Jon Jones você entra na história. O cara que ganhar do Jon Jones vai ser lembrado para sempre”, concluiu.

Aos 40 anos de idade, Glover Teixeira compete no MMA profissional desde 2002 e acumula 30 vitórias e sete derrotas em sua carreira. Mais jovem, Anthony Smith, de 31 anos, soma 33 triunfos e 14 reveses em seu cartel. O americano também teve a oportunidade de desafiar Jon Jones pelo cinturão dos meio-pesados, em março do ano passado, mas acabou superado na decisão unânime dos juízes.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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