Elizeu ‘Capoeira’ está suspenso por um ano após ser testado pela USADA (agência antidoping americana). O lutador brasileiro, que foi avaliado em abril deste ano, apresentou presença de ostarina em seu organismo – substância proibida pelo órgão regulador do UFC. A informação foi dada em primeira mão pelo site ‘MMA Fighting’ e confirmado pela equipe de reportagem da Ag Fight em contato com o atleta.
Em entrevista exclusiva à Ag Fight, nesta quarta-feira (21), o meio-médio (77 kg) do Ultimate apresentou sua versão dos fatos. De acordo com Elizeu, o gancho foi notificado pela USADA semanas antes de seu combate diante de Mounir Lazzez e o obrigou a abandonar o compromisso às vésperas da luta. Ainda na versão do atleta da ‘CM System’, uma possível contaminação suplementar justifica a presença da ostarina em seu organismo.
“A gente estava se preparando para a luta de abril. Esse processo está (em aberto) desde abril. Estava fazendo uso de suplementos manipulados em farmácia de manipulação. Tinha sido testado uns 20 dias antes. E na última semana antes de viajar (para a luta), veio a notícia de que eu estava suspenso, que tinha dado contaminação, aparecido essa substância, ostarina, no meu exame. A gente refez o exame e na segunda amostra realmente tinha. Depois disso foram feitos novos exames e não apareceu nada, foi provado que foi suplemento (contaminado). Mas a USADA é bem rigorosa, então acabei pegando essa suspensão de um ano”, narrou, antes apontar a farmácia como causadora do imbróglio.
“Fui prejudicado por terceiros. Você confia em um laboratório e sai prejudicado. A gente sabe dos riscos nessas farmácias de manipulação, mas eu sempre fiz e nunca tive problema, desde a época, antes de eu entrar no Jungle Fight (…) Então a gente faz isso pela garantia, porque a farmácia te garante. Você não vai comprar peixe e sair com frango de um lugar. Essa foi a situação. É bem frustrante, até esse momento ainda não caiu a ficha direito. Sempre fiz tudo certinho, nunca tive advertência com a USADA. É triste, infelizmente”, completou.
A ostarina é uma substância que auxilia no ganho de massa muscular e aumento de desempenho e, por isso, é proibida nas testagens da USADA. Ciente de sua inocência no caso, Elizeu Capoeira tentou entrar com recurso para reverter a suspensão ou, ao menos, diminuí-la. A fim de comprovar sua versão, o striker brasileiro destacou a quantidade ínfima de ostarina encontrada em seu organismo que, de acordo com o próprio, não seria capaz de surtir o efeito em seu corpo.
“Foi feito o processo (de recurso). Mas o causador de tudo isso (farmácia) acabou negando, dizendo que não foram eles que fizeram isso. Um absurdo. Foi comprovada a contaminação cruzada dentro da suplementação que eu estava fazendo a ingestão. Tanto que foi muito pouco. Ninguém vai fazer uso de um negócio contaminado se for na quantia que nem vai te fazer efeito. Não sei exatamente quanto (tinha no sistema), mas foi picograma, algo ínfimo”, frisou.
Sem competir há quase um ano, quando venceu Benoit St. Denis, em outubro de 2021, no UFC 267, Elizeu admite que já sente no bolso sua ausência dos octógonos. A situação financeira se tornou um problema quando o atleta recebeu a notícia do gancho e teve sua luta cancelada. Naquela altura, com o camp quase todo finalizado, o brasileiro já tinha arcado com os custos dos seus treinamentos e ficou sem o pagamento do combate que estaria por vir.
“A questão financeira já pesou no começo, quando a luta (com Mounir Lazzez) caiu. Invisto muito no meu camp de treino, já tinha gasto e estava contando com esse dinheiro. O fato da gente ser exclusivo com o evento acaba nos prejudicando porque ou você luta para ganhar ou você fica quebrado (…) Tenho uma carreira a zelar. Ter uma carreira limpa e acontecer isso, sendo prejudicado por terceiros, minha consciência está muito limpa do que fiz. Fui prejudicado, minha cabeça está livre disso (culpa)”, finalizou o meio-médio do Paraná.
Aos 35 anos, Elizeu Capoeira estará apto a competir novamente no UFC entre março e abril de 2023, conforme o próprio adiantou em conversa com a Ag Fight. Em sua trajetória como profissional de MMA, o lutador soma 23 vitórias e sete derrotas.