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‘Do Bronx’ relativiza desinteresse de Poirier e admite: “Agora quero ganhar dinheiro”

Coroado como novo campeão peso-leve (70 kg) do UFC em maio deste ano, Charles ‘Do Bronx’ segue à espera da definição de sua primeira defesa de título. Enquanto isso, Dustin Poirier – primeiro colocado no ranking da categoria e grande favorito a receber o próximo ‘title shot’ – parece ter interesse em uma possível ‘money fight’ (luta de dinheiro) contra Nate Diaz, deixando de lado, ainda que momentaneamente, a disputa pelo título. Mas, apesar do confuso cenário, o brasileiro se mantém tranquilo e diz compreender a opção do rival.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (veja acima ou clique aqui), ‘Do Bronx’ ponderou que a decisão de desistir da glória de um título do UFC para lucrar com os valores milionários de uma ‘money fight’ é de cunho pessoal e cabe a cada indivíduo, e, portanto, não pode recriminar Poirier caso o mesmo siga este caminho. O faixa-preta também recordou que teve seu nome especulado em possíveis ‘money fights’ antes de se tornar campeão, mas seu foco, até aquele momento, estava única e exclusivamente na conquista do cinturão.

Agora, já consagrado como soberano da categoria mais competitiva do Ultimate, ‘Do Bronx’ admite que, além de manter seu reinado, terá como um de seus principais objetivos lucrar o máximo possível. Para isso, no entanto, o paulista ressalta que não faz parte de suas atribuições como campeão buscar adversários, mas, sim, ser perseguido e desafiado por seus rivais.

“Hoje ninguém quer saber de cinturão, eles não querem saber de cinturão. Eles querem saber de ‘money’, de dinheiro no bolso. A luta contra o Conor (McGregor) deu muito dinheiro para o Dustin Poirier, uma luta contra o Nate (Diaz) vai dar muito dinheiro também. Somos seres humanos. Depende muito de cada pessoa. Eu preferia lutar pelo cinturão do que pelo dinheiro. Eu tinha um foco. Eu queria ser campeão do UFC. Hoje eu sou campeão do UFC, eu quero ganhar dinheiro, quero ter dinheiro no bolso”, comentou Charles, antes de continuar.

“Então, depende muito. Se o Dustin aceitar lutar contra o Diaz, ele está errado? Não, não está errado. Ele está certo. Tem que ver o que é bom para ele. Cada um tem que escolher o que é bom para si. Cogitaram minha luta contra o Diaz e eu falei que se fosse pelo cinturão, eu lutaria. Antes de eu lutar pelo cinturão. Eu tinha um foco, que era lutar pelo cinturão. Muita gente falou para mim: ‘Essa luta vai te dar muito dinheiro’. E eu falei: ‘Tá bom, mas o dinheiro não é o foco agora, eu quero ser campeão do UFC’. Hoje eu sou campeão do UFC, agora eu quero ganhar dinheiro. Cada um tem uma forma de escolher. Hoje eu sou o campeão. Eu não estou preocupado com quem vai ser ou quem vai deixar de ser, quem tem que correr atrás de quem vai lutar pelo título são eles, não sou eu”, finalizou o campeão.

As ‘money fights’ são aquelas lutas onde, independentemente do que esteja em jogo no aspecto esportivo, a simples presença de um atleta de grande apelo popular faz com que as vendas de pay-per-view do card em questão sejam um sucesso, assim com o interesse em geral pelo evento, o que garante maior retorno financeiro para a organização e para os lutadores envolvidos.

No caso do aparente interesse de Dustin Poirier em uma luta contra Nate Diaz, em detrimento da disputa de título contra Charles, isso se justificaria pelo fato do ‘bad boy’ americano, mesmo sem possuir o cinturão do UFC como o brasileiro, ser um dos mais populares atletas do plantel da organização, gerando uma receita maior do que o lutador paulista.

Vale lembrar que caso se concretize o duelo entre Dustin e Nate, esta será a segunda vez que Poirier abandonará o sonho de disputar o cinturão linear dos leves por uma ‘money fight’. Após a aposentadoria de ex-campeão da divisão Khabib Nurmagomedov, o americano era um dos favoritos, ao lado de ‘Do Bronx’, para protagonizar a disputa pelo cinturão vago, mas optou por enfrentar Conor McGregor, em confronto realizado no último mês de julho, e vencido novamente por ‘The Diamond’.

Por sua vez, Charles ‘Do Bronx’ foi escalado para a disputa, diante do americano Michael Chandler, ex-campeão do Bellator e substituto informal de Poirier. Com uma bela vitória por nocaute, no segundo round da peleja, disputada no main event do UFC 262, em Houston (EUA), o brasileiro conquistou o tão sonhado título dos leves, iniciando seu reinado na divisão que é amplamente considerada a mais difícil do Ultimate.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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