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Entrevistas

Carlos Boi exalta acerto com ACA e afirma: “Não me vejo de volta ao UFC”

O anúncio do acordo entre Carlos Felipe ‘Boi’ e o evento russo ACA (Absolute Championship Akhmat), divulgado na última segunda-feira (13), pegou muita gente de surpresa. Apesar de ter sido dispensado pelo UFC em janeiro do ano passado após ser suspenso por 18 meses pela USADA (agência antidoping americana), o peso-pesado parecia destinado a retornar ao maior evento de MMA do mundo depois que cumprisse sua punição, até hoje contestada por ele. Porém, de acordo com o baiano, alguns fatores foram fundamentais na sua tomada de decisão e, hoje, ele já não se vê de volta à organização comandada por Dana White.

Durante sua passagem pelo UFC, Boi apresentou, além de um bom retrospecto de três vitórias em cinco lutas, a tendência a protagonizar disputas que levantavam o público e conquistava os fãs. Por isso, mesmo com a segunda suspensão por doping, o baiano tinha a esperança de ser chamado de volta, e, de acordo com ele, essa era a promessa de alguns dirigentes da entidade. Porém, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), o carismático peso-pesado admitiu que as conversas recentes entre seus empresários e o Ultimate deixaram uma incerteza no ar, ligando um sinal de alerta.

Nem mesmo o pedido de Jailton ‘Malhadinho’, em entrevista após sua vitória no UFC Rio, em janeiro, que fez campanha pela volta do companheiro de equipe ao Ultimate pareceu mudar a situação. Diante deste cenário, Boi e seus representantes passaram a ouvir mais atentamente as propostas que, até então, eram desprezadas para priorizar uma volta à organização norte-americana. E, segundo o lutador, foi a partir disso que a oferta do ACA chamou a atenção deles, especialmente pelo lado financeiro.

“O faz me rir, né? (risos) É muito importante. A gente estava naquela embolação. O UFC tinha me dispensado… No início eles falaram que no final da suspensão iriam me trazer de volta. Aí conforme o Leo (Pateira, empresário) foi conversando já tinha mudado um pouco o rumo das coisas. Ficou muito enrolado essa negociação, não ficou uma coisa muito clara. Então, a gente recebeu essa proposta do ACA – foi uma proposta muito boa – e é como eu postei na legenda (do Instagram): é oportunidade”, explicou o baiano, antes de completar.

“E a gente não pode deixar passar, a gente tem que se ater ao que está ali agora. Não pode ficar: ‘Ah, tem que esperar a suspensão acabar’. Logo no início, a gente negou vários eventos porque eles (UFC) tinham dado a certeza da volta. Mas agora que ficou aquela incerteza no ar, mesmo depois da luta do (Jailton) Malhadinho que ele fez aquele apelo todo, então a gente tem que ser inteligente. A gente não vive em um conto de fadas, em um mundo da imaginação, tem que ser inteligente. A proposta foi boa e estou feliz, bastante empolgado para estrear lá”, destacou.

Agora, com um contrato de múltiplas lutas assinado com o ACA, Carlos Boi parece ter deixado para trás o sonho de voltar ao UFC. Questionado sobre o assunto, o peso-pesado se mostrou empolgado com a nova oportunidade de mostrar seu serviço no evento russo e, apesar de deixar em aberto, admitiu que, hoje, um possível retorno ao Ultimate no futuro não faz mais parte de suas prioridades.

“Eu nunca vou falar nunca. Chega a ser repetitivo, mas eu nunca vou falar nunca. Porque a gente não sabe o dia de amanhã. A gente não pode falar com toda certeza. A vida, em si, é muito aleatória. Às vezes, ela toma uns rumos inesperados. Eu, depois dessa luta contra o (Andrei) Arlovski, tinha certeza que logo em seguida ia lutar de novo e foi totalmente ao contrário do que eu esperava, mesmo não sendo minha culpa (suspensão por doping). Por isso, eu não vou dizer nunca. Mas hoje em dia eu não me vejo voltando para o UFC”, afirmou Boi.

Desde que disputou sua última luta no UFC, em outubro de 2021, e posteriormente recebeu o gancho da USADA, Carlos Boi segue afastado dos octógonos. Com apenas 28 anos, o peso-pesado detém um cartel de 11 vitórias e apenas duas derrotas como profissional de MMA.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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