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Bruno ‘Bulldoguinho’ relembra extradição dos EUA e exalta relação com Cejudo

Há alguns anos radicado nos Estados Unidos, mais precisamente no estado do Arizona, Bruno ‘Bulldoguinho’ se tornou um dos principais parceiros de treino de Henry Cejudo e construiu forte amizade com o ex-campeão peso-mosca (57 kg) e peso-galo (61 kg) do UFC, a quem inclusive ensinou a falar português. Convidado por Eric Albarracin, treinador do americano, para auxiliar nos treinamentos do então atleta do Ultimate e, consequentemente, evoluir também como lutador, o brasileiro viajou para o país norte-americano com muita esperança e poucas certezas.

Sem saber nem mesmo onde ficaria e com pouco dinheiro, Bruno foi ‘adotado’ prontamente por ‘Triple C’, que o deixou morar em sua casa sem custos. A crescente amizade e o auxílio mútuo nos treinamentos, no entanto, por pouco não foram ameaçados por uma questão burocrática. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight (veja acima ou clique aqui), o peso-mosca revelou que foi deportado dos Estados Unidos pouco antes da primeira luta entre Cejudo e Demetrious Johnson, pelo cinturão até 57 kg do UFC, em 2016.

Nos Estados Unidos com o visto de turista, ‘Bulldoguinho’ foi mandado de volta ao Brasil por ter competido em território americano ilegalmente, por não possuir o visto de trabalho no país. O paulista só pôde retornar aos Estados Unidos um ano depois, com a ajuda de Cejudo, fato que os aproximou ainda mais.

“Eu fui (para os EUA) e não sabia nem quanto tempo eu ia ficar lá. Eu estava no Brasil, vendi minha moto para comprar a passagem, fui, nem tinha muita grana. Não sabia quanto tempo eu ia ficar lá e nem para a casa de quem eu ia, porque eu falei com o Eric (Albarracin), o cara é americano, capitão do exército, não explica nada: ‘Só vem’. E eu maluco, fui. Cheguei lá e o cara (Cejudo) praticamente me adotou: ‘Gostei muito de você, pode ficar na minha casa, não precisa pagar nada, vamos treinar juntos’. Fui para ficar um mês e acabei ficando cinco, da primeira vez. O cara me deu casa, carro, virei um adotado da família dele. Depois aconteceram muitas coisas, fui deportado, voltei depois de quase um ano”, contou Bruno, antes de relembrar como relembrar a extradição dos Estados Unidos.

“Quando eu fui para os Estados Unidos dessa vez, eu fui com o visto de turismo. E eu lutei lá, logo na segunda semana em que eu estava lá. E o visto era de turismo, não podia lutar. Aí eu fiz o camp dele (Cejudo) para o Formiga, logo depois disso ele lutou com o Demetrious Johnson pelo cinturão, e eu fiz esse camp também. Desse camp, a gente foi para o México fazer mídia. (…) Na hora de voltar, (nós) passamos no aeroporto de Los Angeles, e eles têm muita fiscalização, e eu já estava há praticamente seis meses nos Estados Unidos, meu tempo estava meio que vencendo lá. Só sei que me pararam, desconfiaram de mim, viram minha ficha, que eu tinha lutado ilegal, e falaram: ‘Infelizmente você não pode ficar no país’. Faltando duas semanas para a luta e eu tendo feito o camp inteiro com o cara. (…) Acabei sendo deportado, só voltei depois de um ano. Tive que tirar visto de trabalho para voltar. O cara me ajudou em tudo para tirar o visto, agilizar, alguém tem que te contratar, né? Aí eu fui contratado e voltei, voltei para a casa dele. Depois disso eu fiquei lá de vez, já faz quase quatro anos que eu estou lá. Viramos parceiro de tudo, de treinar junto, de comer, limpar a casa, de brigar porque fica muito junto. A gente é irmãozão mesmo. A gente tem uma conexão muito forte”, finalizou.

Depois de uma derrota e um ‘no contest’ (luta sem resultado) em suas primeiras apresentações pelo Ultimate, Bruno ‘Bulldoguinho’ retorna ao octógono neste sábado (10), diante de Tagir Ulanbekov, no card preliminar do UFC ‘Fight Island 5’, em busca de sua primeira vitória na organização. Profissional desde 2011, o peso-mosca soma dez triunfos, quatro reveses, dois empates, além do ‘no contest’ em sua estreia na principal entidade de MMA do planeta.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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