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Entrevistas

Amanda Nunes aponta lesão e Covid como vilões da derrota para Julianna Peña

Considerada por muitos como a melhor lutadora de todos os tempos, Amanda Nunes foi protagonista de uma das maiores zebras da história do MMA, ao ser derrotada por Julianna Peña no UFC 269, em dezembro do ano passado, no que resultou também na perda do cinturão peso-galo (61 kg). Passados sete meses, a ‘Leoa’ se encontra às vésperas da revanche, onde terá a oportunidade de se vingar da americana e recuperar seu título, mas ainda tenta justificar o surpreendente revés para a rival.

Após a derrota de Amanda, que chocou grande parte da comunidade das lutas, muitas teorias foram levantadas para justificar o ocorrido. Algumas sugeriam uma possível falta de motivação por parte da brasileira após tantos anos no topo, outras questionavam se Julianna, através de seu ‘trash talk’, poderia ter conseguido desestabilizar mentalmente a ‘Leoa’, mas nenhuma, de acordo com a própria lutadora, explica o real motivo para sua atuação abaixo das expectativas no combate disputado no último mês de dezembro.

Questionada sobre o assunto, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), Amanda não se furtou de explicar o que deu errado em seu camp antes do primeiro confronto contra Julianna. De acordo com a baiana, a infecção por COVID-19, em julho do ano passado, que, inclusive, obrigou o UFC a mudar a data originalmente programada para o duelo entre Nunes e Peña, deixou sequelas inesperadas em seu organismo, o que dificultou seus treinamentos enquanto se preparava para medir forças com a americana.

“É nítido que eu não estava bem. Antes daquele evento, era para eu lutar com ela antes. A gente já tinha uma data antes. Só que eu peguei Covid e a luta foi cancelada. Mas foi cancelada e remarcada logo. Então, eu não tive tempo depois do Covid de treinar e ver como eu iria me sentir, uma coisa mais tranquila para ver como estava minha respiração, meu corpo. Depois da Covid você nunca sabe como vai estar o seu corpo, principalmente a gente que é atleta. Depois que marcou (novamente a luta), depois que eu me recuperei da Covid, eu treinava e ainda estava tossindo. Treinando e tossindo. Ainda estava pendengando, mas pensando que era só um resquício. Sabe quando você pensa: ‘Ah, daqui a pouco passa'”, recordou Amanda.

Além das sequelas da Covid, Amanda relatou que também teve que lidar com uma lesão que atrapalhou seus treinamentos durante o camp de preparação para a primeira luta contra sua algoz. Apesar de todos os obstáculos, a ‘Leoa’ optou por ignorar os conselhos próximos, que recomendavam que ela desistisse do combate e o remarcasse novamente, e subiu no octógono.

Atitude que a mesma admite ter sido um equívoco de sua parte, já que não estava no melhor de sua forma para enfrentar um desafio de tal magnitude, como o de defender seu título. Ainda assim, Amanda trata a situação como um ensinamento e afirma que o que aconteceu no octógono do UFC 269, em dezembro do ano passado, serviu para reacender uma chama que talvez já não estivesse tão forte dentro dela.

“Mas no meio da preparação eu tive uma lesão. E aí que as coisas foram se complicando bastante. E eu empurrando com a barriga, eu querendo (lutar). Ninguém conseguiu me parar. E eu cheguei realmente despreparada para defender meu cinturão. Coisa que eu nunca fiz. Eu sempre escutei muito bem meu corpo. Parava, pensava, falava: ‘Será que é necessário fazer isso agora? Nessa altura do campeonato, eu botar meu cinturão em jogo assim’. Mas, infelizmente, a gente aprende assim. A gente aprende com a vida, a gente aprende com os erros, fazendo escolhas erradas, em momentos errados. Foi isso. Foi não estar bem e pisar no cage. Mas eu acho que tinha que acontecer realmente. Até porque acende aquela chama de novo”, concluiu.

Amanda conquistou o cinturão peso-galo do UFC em julho de 2016 e o defendeu de forma bem-sucedida em cinco oportunidades, até ser destronada por Julianna Peña, em dezembro do ano passado. Neste período, a brasileira foi coroada também como rainha da divisão dos penas (66 kg), título que mantém até hoje, com duas defesas na bagagem.

Neste sábado (30), A ‘Leoa’ terá a oportunidade de vingar a derrota sofrida para Julianna Peña, que encerrou uma invencibilidade que já durava mais de seis anos, e reconquistar o cinturão dos galos, ao subir no octógono do UFC 277, na luta principal do evento, contra a americana. O show, sediado em Dallas, no Texas (EUA), terá ainda a disputa pelo título interino dos moscas (57 kg), entre Brandon Moreno e Kai Kara-France, em duelo válido pelo co-main event da noite.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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