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Alexandre Pantoja explica polêmica com Brandon Moreno no UFC Rio: “Marketing”

Escalado como próximo desafiante ao cinturão peso-mosca (57 kg) do Ultimate, Alexandre Pantoja terá mais um encontro com Brandon Moreno no card do UFC 290, que será realizado no dia 8 de julho, em Las Vegas (EUA). No passado, o brasileiro já esteve frente a frente com o mexicano em duas oportunidades dentro do octógono e venceu ambas. Mas essas não foram as únicas interações entre os rivais de divisão.

Em janeiro deste ano, os atletas se encontraram nos bastidores do UFC 283, na ‘Jeunesse Arena’, no Rio de Janeiro (RJ), e o clima esquentou. Na ocasião, Moreno havia acabado de derrotar Deiveson Figueiredo na luta co-principal do evento e, de quebra, reconquistou o cinturão até 57 kg da organização. Depois de uma abordagem pacífica, de acordo com o próprio mexicano, Pantoja teria se exaltado e tentado, em sua visão, estragar seu momento de felicidade.

Passados alguns meses e já confirmado como próximo adversário do atual campeão peso-mosca do Ultimate, Alexandre Pantoja – em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui) – explicou a confusão com o mexicano nos bastidores do UFC Rio. De acordo com o atleta da ‘American Top Team’, que estava presente no evento do dia 21 de janeiro como reserva da disputa entre Moreno e Figueiredo, tudo não passou de uma forma de promover antecipadamente o seu confronto contra o campeão, que à época ainda não estava confirmado oficialmente pela liga.

“Eu fui trabalhar. O UFC trabalha bastante nesse lado de marketing e eu tenho aprendido bastante com isso ainda. Eu me vejo como um lutador excepcional, mas eu tenho que melhorar realmente o meu marketing – tenho trabalhado bastante nisso. Fui lá fazer um pouco de marketing também. Sabia que as câmeras iriam apontar para a gente naquele momento. De certa forma, fui super gente boa. Antes de falar com ele, eu estava falando com a esposa dele, falando sobre as filhas dele, todo aquele momento que a gente viveu no TUF”, explicou Pantoja.

Acusação rebatida

Apesar de reconhecer que estava de olho em promover a futura luta, Alexandre discorda da acusação feita por Brandon Moreno, de que teria tentado ‘roubar’ o momento de glória do mexicano. Para corroborar sua opinião, o brasileiro recordou que ‘The Assassin Baby’ já havia sido campeão peso-mosca do UFC em outra oportunidade e, portanto, conhecia a alegria pela conquista.

Outro ponto levantado por Alexandre é o fato de, nos últimos anos, a categoria até 57 kg do Ultimate ter sido ‘refém’ da rivalidade entre Moreno e Figueiredo, que se enfrentaram quatro vezes, as três primeiras de forma consecutiva, todas elas pelo cinturão linear da divisão. Com isso, como lembra Pantoja, todos os demais atletas do peso-mosca ficaram em uma espécie de limbo, sem conseguir – por mais de dois anos – uma disputa de título.

“Falar que eu tentei tirar o momento dele é engraçado, porque ele lutou quatro vezes com o Deiveson Figueiredo, em uma dessas vezes ele era o campeão linear. Ele vivenciou isso (antes). E a categoria toda parada, esperando essa novela passar. Já era para eu ter lutado (pelo título). Aí eu me lesiono, ele dá a chance para o Deiveson lutar novamente, o Deiveson ganha, marcam a quarta luta… De forma alguma eu estava tentando tirar o mérito dele, só estava tentando trabalhar. Engraçado que ele falou que eu fui um pouco agressivo, e é engraçado porque eu sou muito agressivo mesmo. Mas de forma alguma eu tentei tirar esse momento dele. Muito pelo contrário, eu estava tentando elevar esse momento, já mostrando alguma coisa ali, para o UFC mesmo”, ponderou.

De olho no marketing, mas sem esquecer a essência do MMA

Ciente da necessidade de ampliar sua ‘marca’, até por entender o caráter de negócios com o qual o UFC e qualquer outra empresa trabalha, Alexandre Pantoja admite que Brandon Moreno pode ser o campeão de preferência da organização, por diversos fatores, entre eles a conexão com o mercado mexicano e a facilidade em se comunicar do rival. Porém, mesmo buscando evoluir nessa questão, o brasileiro ressalta que, no final do dia, o mérito esportivo deve continuar sendo o principal foco de um atleta de MMA.

“Eu sempre falo que o Brandon Moreno é um campeão que o UFC faz muito gosto, porque ele trabalha muito bem, não só as mídias sociais dele, como o campeão do México. E o povo mexicano é muito aficionado em luta há muito tempo já, com boxe e agora com o MMA também. Ele trabalha para a TV do UFC em espanhol, faz esse trabalho todo. Então, ele é um campeão que o UFC gosta bastante“, reconheceu Pantoja, antes de continuar.

“Mas eu gosto de tocar nessa tecla: o UFC não é sobre o campeão mais bonitinho, o campeão que vende mais… O UFC foi criado para o melhor artista marcial, e é isso que eu quero ser. Não só do meu peso, como eu quero chegar no ranking do pound for pound (peso-por-peso). Essa é a minha intenção, é brigar nas cabeças. Quero brigar com o Jon Jones, com o Israel Adesanya, eu quero ser um dos tops dos tops. É para isso que eu venho treinando e esse é o legado que eu quero deixar”, concluiu o lutador brasileiro.

Alexandre Pantoja x Brandon Moreno

Alexandre Pantoja e Brandon Moreno possuem história no MMA. Pela 24ª temporada do reality show ‘The Ultimate Fighter’, da qual ambos participaram, os rivais se enfrentaram pela primeira vez, com vitória para o brasileiro, por finalização, em 2016. Dois anos depois, já pelo UFC, ambos voltaram a se encontrar dentro do octógono e novamente Pantoja levou a melhor, desta vez na decisão unânime dos juízes.

O terceiro confronto entre eles será o mais importante, com o cinturão peso-mosca em jogo, e acontece no próximo dia 8 de julho, na edição de número 290 do Ultimate, em Las Vegas. Enquanto o brasileiro tentará manter o retrospecto positivo diante do rival e se sagrar campeão do UFC pela primeira vez, Moreno vai em busca de sua primeira defesa de título bem-sucedida na entidade.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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