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Próximo de igualar recorde histórico, Demian revela que ‘title shot’ pode adiar aposentadoria

Demian pode igualar o recorde de vitórias na história do UFC – Leandro Bernardes/PxImages

Aos 42 anos de idade e com uma carreira de excelência no MMA onstruída praticamente em sua totalidade nos octógonos do Ultimate, Demian Maia está perto de escrever definitivamente seu nome na história da companhia. A um triunfo de igualar o recorde de maior número de vitórias pela organização em todos os tempos, pertencente a Donald ‘Cowboy’ Cerrone, o meio-médio (77 kg) encara o compatriota Gilbert ‘Durinho’ neste sábado (14), no co-main event do UFC Brasília, ciente de que esta pode ser uma marca que lhe fará ser lembrado para sempre.

Apesar da longa e produtiva trajetória no Ultimate – corroborada pelas 22 vitórias que lhe colocam próximo de igualar o recorde de Cerrone -, Demian não foi capaz de conquistar um cinturão do UFC em suas duas oportunidades, no peso-médio (84 kg) e nos meio-médios, fato que aumenta ainda mais a importância da marca histórica que pode alcançar diante de ‘Durinho’, neste sábado. Ainda mais se levarmos em consideração que, com apenas mais duas lutas em seu contrato, o próprio lutador já sinalizou com a possibilidade de pendurar as luvas em breve. Aposentadoria esta que, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, o faixa-preta – que vem de três triunfos consecutivos e ocupa a quinta posição no ranking da divisão – afirmou que pode adiar caso receba mais uma chance de disputar o título.

“É óbvio que eu quero chegar (no recorde de vitórias do Cerrone), eu sei que isso é importante para a minha carreira, porque são marcas que ficam guardadas, por mais que depois alguém passe, é uma marca que fica guardada para sempre. É um tipo de título você atingir esse tipo de marca, mas eu não posso pensar nisso, focar nisso. O foco é na luta, até porque a luta é duríssima”, ressaltou Demian, antes de comentar sobre o que lhe faria adiar sua aposentadoria.

“A princípio sim, 90% de chance de ser isso (duas lutas para se aposentar). Mas óbvio, se eu ganho essa luta no sábado e existe uma possibilidade de título. Ou eu ganho essa e a próxima, e eles me chamam para uma luta de título, com certeza (posso adiar). A chance de disputar um cinturão de novo seria uma coisa que me faria prolongar minha carreira”, revelou o meio-médio.

Ainda que esteja em ótima fase e bem posicionado no ranking da categoria, Demian tem ciência de que conseguir uma nova oportunidade de se sagrar campeão será uma missão difícil. Com o jogo voltado prioritariamente para a arte suave, sem nocautes plásticos, e com uma personalidade serena, o brasileiro é considerado ‘pouco vendável’ pelo Ultimate, fato que dificulta a promoção de grandes lutas, como as disputas de cinturão, e que pode explicar o fato do lutador só ter sido agraciado com o ‘title shot’ em duas ocasiões. Apesar de evitar se vitimizar, o faixa-preta de jiu-jitsu admitiu que existe uma falta de apoio e investimento por parte da organização para promover as carreiras dos grandes grapplers do plantel, em especial os que não são adeptos do trash talk, como ele.

“É horrível fazer um discurso vitimista, mas às vezes existe uma desconexão do UFC, de acreditar que eu possa ser tão vendável como outro atleta. E eu acho que isso não existe, você pode ver na minha última luta com o Ben Askren, que foi uma luta muito interessante, todo mundo gostou. Existe um público que gosta de luta agarrada, de grappling. Acho que existe público para todo mundo, para todo o tipo de personalidade, você não precisa ser só um cara falastrão para vender. Se você for bem apoiado pelo evento e souberem fazer o marketing em cima de você, eu acho que qualquer um pode vender. O St-Pierre era um cara que talvez tenha sido o melhor atleta de todos os tempos e as lutas dele não eram exatamente empolgantes, e ele vendia para caramba”, comentou Demian, que apontou para o foco promocional do evento como um dos equívocos que levam os fãs a se interessarem mais pelos nocautes e menos pelas finalizações.

“Acho que poderia melhorar a forma de ensinar o público sobre o que é o grappling, as artes de agarre, jiu-jitsu, wrestling, judô. Porque faz parte do MMA, é importante. Hoje em dia, quando você vê aquela entrada do UFC, o que eles mostram muito é nocaute ou quedas plásticas, (mais) do que finalizações. Acho que existe uma caminhada nessa direção, mas as coisas são cíclicas também. Daqui a pouco volta para o outro lado. Porque uma bela finalização ou uma bela luta de chão, para o cara que entende um pouco, não precisa ser muito, é muito interessante também”, concluiu o veterano.

O UFC Brasília terá em seu co-main event o duelo entre Demian Maia e Gilbert ‘Durinho’, dois especialistas no jiu-jitsu e que vem em ótima fase na organização. Já na luta principal do evento, Charles ‘Do Bronx’ e Kevin Lee medem forças de olho no topo da divisão dos pesos-leves (70 kg).

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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