Décima quinta colocada no ranking peso-palha (52 kg) do UFC, Livinha Souza já mostrou ser uma atleta com interesses muito além do MMA. Aficionada por jogos eletrônicos, a lutadora assinou recentemente contrato para integrar a ‘FURIA’, famosa equipe brasileira de e-sports. E agora chegou a vez da ex-campeã do Invicta FC acertar uma nova parceria relacionada a outro tema com o qual simpatiza.
De personalidade forte, Livinha nunca se furtou a levantar a bandeira pela legalização da maconha no Brasil. E agora a lutadora paulista parece ter entrado de cabeça nessa pauta. Através de uma parceria recém-concluída com a USA Hemp, a peso-palha do UFC, única atleta brasileira do projeto, trabalhará como uma espécie de embaixadora da marca no país e torce para que sua atuação ajude a combater o preconceito incrustrado na sociedade brasileira.
“É uma oportunidade ímpar de tirar esse preconceito e tratar como medicina e recreação, assim como é nos Estados Unidos. Tem uma tributação ímpar, tem um recebimento pelas pessoas que usam, ou usam para sua família, para os seus filhos, para vários problemas crônicos, incuráveis, e que vem dando excelentes resultados. Eu vou apresentar da melhor forma. Primeiramente como medicinal e, se um dia tiver a legalização total para o THC recreativo, com certeza. E para o CBD tem que ter todo o aporte do governo para ser legalizado como medicamento que é”, declarou Livinha à reportagem da Ag Fight.
Ainda visto de forma negativa por grande parte da população, o diálogo pela legalização da maconha, tanto para uso recreativo, como para o tratamento de doenças, ainda sofre bastante resistência. Para a lutadora, no entanto, tudo não passa de falta de informação. Sem papas na língua, Livinha ainda classificou como hipocrisia a forma como o assunto é tratado no país.
“É só colocar os vídeos das crianças que têm epilepsia, as pessoas que têm depressão, as pessoas que têm várias doenças associadas e que vários medicamentos são prejudiciais, causam câncer, outros transtornos. E ver o resultado de melhora. E a tributação e a economia que gera nos Estados Unidos. Nosso país é um país extremamente atrasado e hipócrita. A gente não permite legalizar a maconha, mas tem mortalidade a torto e a direito”, disparou.
A parceria com a empresa especializada na comercialização da maconha e de seus derivados também permitirá que Livinha utilize dos produtos, como os óleos de canabidiol, para beneficiar sua recuperação de treinos e lutas. Vale lembrar que recentemente o UFC e a USADA (agência americana antidoping) anunciaram o fim das suspensões por uso de maconha, o que dá maior liberdade para os atletas simpatizantes da erva e dos produtos derivados dela.
“Primeiro para a gente poder utilizar no nosso dia a dia, porque é um medicamento eficaz, que muitos atletas do UFC, e fora do UFC na América e na Europa, usam. E tem comprovação científica. Isso vai me ajudar 200 mil por cento. E, com certeza, a minha cara como embaixadora, eu sempre vou defender essa bandeira porque é uma bandeira que ajuda muitas famílias, gera muita renda e é um negócio legítimo”, concluiu.
Vale citar que, no ano passado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a comercialização do primeiro produto à base de canabidiol (CBD), um dos princípios ativos encontrados na Cannabis sativa (maconha). O movimento pode ser visto como um passo a mais dado para a legalização do comércio de medicamentos e produtos produzidos através da erva.
Com três vitórias e uma derrota desde que estreou pelo Ultimate, Livinha Souza sobe novamente no octógono mais famoso do mundo neste sábado (6), pelo card do UFC 259, em Las Vegas (EUA). A brasileira encara a compatriota Amanda Lemos, que chega embalada por dois triunfos consecutivos.