Charles Oliveira vive momento tão especial no MMA, que até consegue mudar a opinião que parte dos principais concorrentes no peso-leve (70 kg) do UFC possui a seu respeito. Justin Gaethje e Khabib Nurmagomedov, que antes questionaram a qualidade do brasileiro como lutador, reconheceram que o mesmo merece o status de campeão da categoria e, agora, foi a vez de Michael Chandler voltar atrás em seu discurso em relação ao carrasco, que o impediu de conquistar o título da divisão, em maio, em Houston (EUA).
Na ocasião, as casas de apostas apontaram Chandler como favorito diante de Charles e o americano pareceu concordar com tal posição, uma vez que minimizou o risco que o brasileiro representava e passou a projetar possíveis batalhas contra os compatriotas Dustin Poirier e Justin Gaethje. Contudo, ‘Iron’ desperdiçou a chance de nocautear ‘Do Bronx’ no primeiro round e pagou caro, já que, no início do assalto seguinte, não suportou o poder dos socos do paulista e caiu apagado no octógono. Após assistir o algoz ostentar o cinturão do peso-leve da companhia pela primeira vez, o atleta e parte dos fãs foram novamente surpreendidos em dezembro.
No UFC 269, ‘Do Bronx’, campeão da categoria, enfrentou Poirier, foi para o duelo como azarão e repetiu o roteiro do combate anterior ao sair vitorioso, agora por finalização no terceiro round. Vale lembrar que no pré-luta, Chandler apostou em ‘The Diamond’ contra o brasileiro e afirmou que Gaethje também o venceria. Contudo, em entrevista ao site ‘MMA Fighting’, o antigo ícone do Bellator se rendeu ao rival, reconheceu que o mesmo foi impecável na temporada 2021 e o elegeu como melhor lutador do ano, deixando para trás até Kamaru Usman, rei dos meio-médios (77 kg), e explicou sua decisão.
“Você não pode entrar em uma luta pelo título, quase ser nocauteado, perde um round por 10×8 para mim, voltar, me encontrar no centro do octógono como ele fez, vencer a luta e ter uma vitória meio desequilibrada contra Poirier, por finalização, dominando dois rounds e não ser campeão ou ter calibre de campeão. Estávamos errados sobre Charles. Serei o primeiro a admitir isso também. Quando eu falei sobre os principais leves, há um ano, quando entrei no UFC, nunca teria pensado que lutaria com Charles pelo título ou que estaria correndo atrás do título que está na cintura dele. O que Charles tem conseguido fazer, depois de estar no UFC há tanto tempo, ele finalmente conquistou o ouro e depois defendeu o cinturão contra o cara que todos sabiam que era o desafiante número um do mundo, senão o melhor leve do mundo, que é Poirier. Foi um ótimo ano para ele. Provavelmente, Charles seria a minha escolha para o lutador do ano”, declarou Chandler, antes de completar.
“Assistindo o que Charles fez este ano, conquistar o título e depois defender contra Poirier, um dos melhores leves de todos os tempos e que será, inevitavelmente, ‘Hall da Fama’ do UFC, temos que tirar o chapéu para ele. Ele seria a minha escolha para o lutador do ano. A única coisa que Charles tem contra ele é que não teve tantas lutas no ano como Usman. Mas a única coisa que Usman tem contra ele, se estamos falando sobre o lutador do ano, é que, infelizmente, é quase como se esperássemos que ele fosse tão dominante. A nossa expectativa sobre ele era um pouco maior então, no que se refere a superar as expectativas e aquela sensação que você tem quando fala sobre o que um cara fez para ser o lutador do ano, para mim é Charles. Porque foi inesperado. Será que alguma vez pensamos que Charles poderia ser campeão dos leves há um ano, um ano e meio? Obviamente, ele estava crescendo, mas lutava contra caras fora do top-10 e, de repente, entrou nele, e passou pelos lutadores no top-10. Para finalizar, derrotou Poirier, um dos maiores que já lutou nos leves. O excesso de expectativa, para mim, é o motivo pelo qual eu o daria o prêmio para Charles. Parabéns para ele. Foi a retomada de carreira do ano, o lutador do ano, é isso que Charles é para mim”, concluiu.
Charles Oliveira, de 32 anos, vive sua melhor fase no MMA. Conhecido no esporte pelo jiu-jitsu de alto nível, o brasileiro mostrou que sua trocação também representa uma ameaça aos oponentes. Atualmente, ‘Do Bronx’ é o campeão do peso-leve do UFC, é o dono da quinta posição no ranking peso-por-peso da companhia e possui dez triunfos seguidos, sendo seis por finalização e três por nocaute. Além disso, o paulista é o recordista de finalizações na história da companhia (15 vezes), é o maior colecionador de bônus (18) e o lutador que mais venceu pela via rápida (18). Seu cartel profissional é composto por 32 vitórias, sendo 29 pela via rápida, oito derrotas e um ‘no contest’ (luta sem resultado).
