A espera para Fabricio Werdum voltar ao octógono já tem uma data marcada para chegar ao fim. O brasileiro tem duelo contra o russo Alexey Oleynik, no dia 9 de maio, no UFC São Paulo. No entanto, a pandemia de coronavírus, que se espalhou pelo mundo e já cancelou três eventos da franquia, por enquanto, coloca em xeque a realização do show. O ex-campeão dos pesados do Ultimate está atento a essa questão, mas, apesar da quarentena nos Estados Unidos, garantiu uma maneira de manter seus treinamentos na esperança que a edição seja mantida.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, o ‘Vai Cavalo’ admitiu que ainda convive com a sensação que o evento possa ser adiado, principalmente acompanhando o noticiário sobre o vírus. Mas para “fugir” de fazer atividades somente em casa, foi para uma cidade perto e está explorando a questão da altitude. O gaúcho confidenciou que, além da ajuda via internet do mestre Rafael Cordeiro, líder da Kings MMA, em que ele afia sua parte de trocação, ele também tem feito a parte de condicionamento físico explorando as montanhas da Califórnia (EUA).
“Estou naquela incerteza. Não sei se está piorando a situação, acredito que esteja cada vez mais, com mais gente contaminada. Mas estou treinando. Eu moro em Los Angeles (EUA), mas agora estou em Big Bear, que é perto e na montanha. Vim com a minha família e o mestre Rafael Cordeiro me ajuda por skype, dá as instruções e meu irmão puxa a manopla. Agora também corro na montanha. Aqui de onde eu estou dá 2100 metros, mas corro a 2300 metros, só subida e estou adaptando do jeito que dá. Um dia treinei dentro do quarto, outro na garagem. Nunca vai ser igual, falta a parte do jiu-jitsu, já que falta o tatame aqui. É uma situação para todos. Espero que meu adversário também esteja com dificuldades (risos)”, contou o atleta, antes de ressaltar que não passa pela sua cabeça a hipótese de não atuar na data marcada e admitir que luta até sem torcida ou em outro local.
“Quero lutar, fiquei dois anos parado pela suspensão e quero voltar. Gostaria muito de lutar em São Paulo, tenho muitos amigos lá e a torcida ia estar grande. Mas se trocar de lugar, eu quero lutar. Seja sem público como aconteceu em Brasília, também não tem problema. Se for de portas fechadas e com menos gente possível para fazer. Quero lutar o quanto antes. Não tenho mais tanto tempo quando tinha 25 anos. Agora estou com 42 e o tempo conta demais, a gente sente demais. Se puder emendar umas lutas atrás das outras. Não quero me machucar para lutar seguido”, completou.
Sem lutar desde março de 2018, Werdum acabou flagrado em um exame antidoping e punido com dois anos sem poder atuar. No entanto, o brasileiro conseguiu uma redução desse período e ficou apto para atuar desde abril deste ano. O brasileiro ratificou sua inocência neste caso, mas tirou esse período de aprendizado. Além disso, contou que pôde trabalhar em outras esferas e dar uma atenção especial para a família.
“O mais importante na minha cabeça é que podia dormir tranquilo porque eu era inocente. Não tinha motivo para admitir algo que não fiz. Mas isso aí já passou, evito falar, porque não tenho porque falar, tenho coisas melhores na minha carreira e não vai ser um doping que vai estragar tudo que fiz. Era para ter acontecido, não acharam a substância, porque tenho certeza que era contaminação, mas agora já passou. Foi bem difícil no começo, mas me adaptei, trabalhei bastante, como comentarista, fiz seminários, presenças. Fiquei bem em casa com a família. Aconteceu, vai ficar e vai fazer parte da história na minha carreira”, explicou o faixa-preta de jiu-jitsu, que mesmo quando estava punido, nem cogitou pendurar as luvas.
“Difícil parar de fazer algo que a gente gosta. Muita gente se aposentou e eu nunca disse nada disso. Não gosto dessa palavra: aposentadoria. Não é legal. Tenho condições de lutar e sou muito jovem de modo de pensar, com 42 anos. Em gerações atrás, o pessoal estava gordo, fora de forma. Mudou muito. Acho que consigo lutar um ano e meio, dois… Vamos ver, enquanto a gente tiver indo, vai vendo. Já cansei de ver gente falando que ia lutar mais um ou duas, aí volta. Maior exemplo foi o Randy Couture, que lutou até 46 anos, está louco”, finalizou.
No MMA desde 2002, Fabrício Werdum acumula cartel com 23 vitórias e oito derrotas, além de um empate. Depois de competir em eventos como Pride, Strikeforce e UFC, o gaúcho se tornou o único atleta a ser campeão do ADCC, do mundial de jiu-jitsu e dono do cinturão do Ultimate.