Pedro Rizzo conquistou nove vitórias na carreira pelo Ultimate – Carlos Antunes
Com a experiência de já ter lutado nos maiores eventos de MMA do mundo, Pedro Rizzo não esconde a bronca com a nova geração da modalidade. Para o ex-peso pesado do Ultimate, em conversa com a imprensa, em evento no Rio de Janeiro, os atletas da atualidade não têm mais o espírito de lutador de verdade de outrora e estão “escolhendo” combates e só pensando nas vantagens financeiras que irão levar, fato recriminado pelo brasileiro.
Quando deu seus primeiros passos no MMA, em 1996, Pedro Rizzo fez seu nome quando não existia tanta mídia voltada à modalidade, muito menos a quantidade de dinheiro recebida. Dessa maneira, seu grande objetivo era vencer os melhores oponentes para se tornar o melhor do mundo, pensamento que não é compartilhado pelos novos atletas que estão em evidência no Ultimate. O ex-lutador, inclusive, está na bronca do tratamento do UFC com seu pupilo Raoni Barcelos, que, segundo ele, sofre por ser ‘boicotado’ pelos rivais do peso-galo (62 kg)
“Quando você é atleta é um absurdo escolher adversário. Você vê os campeões hoje escolhendo lutas. Como consegue se olhar no espelho e falar: ‘Sou campeão’? Não é campeão de ‘PN’. Você tem que lutar com todo mundo. O UFC devia punir os caras que não aceitam luta, é um absurdo. O Raoni está sofrendo com isso. Mas em três ou quatro lutas, estará de frente para o (Henry) Cejudo. O Raoni vai ate o título. Confio no magrinho, ele é sinistro (risos)”, afirmou, antes de relembrar uma antiga história sua para mostrar a diferença entre a velha e nova geração.
“A velha guarda é muito mais casca-grossa. Na nossa época a gente nunca ganhou dinheiro como eles ganham hoje em dia. A gente nunca lutou por dinheiro. Eu queria ser respeitado dentro do esporte, ter minha academia. Hoje em dia é negócio. Uma vez, eu estava pronto para lutar contra o Randy Couture, que se machucou, então a luta foi adiada. Me ligaram e falaram que para eu não ficar parado, perguntaram se eu lutaria contra o (Josh) Barnett. Eu falei: ‘Marco (Ruas) o cara é duro pra cacete’. O Marco falou a frase que carrego para minha vida: ‘Você não quer ser campeão do mundo? Então tem que ganhar de todo mundo. Vai lutar’. Tenho certeza absoluta que um cara hoje em dia não aceitaria lutar antes do título e ia preferir ficar um ano sem lutar do que arriscar. Que campeão você é se você nega luta? Se tem medo de perder, se tem medo de lutadores. O campeão é um cara diferente”, afirmou.
Apesar de ter vivido seu auge no esporte em uma época de grandes rivalidades, Pedro Rizzo acredita que atualmente a falta de respeito está em evidência. Um dos fatos que tem incomodado o ex-lutador é o ‘trash talk’. Para ele, essa herança bastante comum nos Estados Unidos, quando é exagerada, foge dos padrões aceitáveis.
“Acho que fala muito e faz pouco. Nos Estados Unidos eles gostam disso, que falem para vender a luta. O brasileiro não está acostumado com isso, é respeitoso, não gosta de falar muito, quando fala fica mal visto. Nos Estados Unidos eles gostam da rivalidade. O ‘trash talk’ ajuda, mas quando acaba o respeito, como você viu na época do McGregor com o Aldo, que acaba o respeito, não de atleta, mas de homem, saiu do esporte”, finalizou.
Aposentado do MMA desde 2015, Pedro Rizzo tem um cartel de 20 vitórias e 11 derrotas na carreira. O brasileiro teve passagem pelo UFC, quando lutou pelo cinturão em três oportunidades, mas acabou derrotado em todas (duas para Randy Couture e uma para Kevin Randleman). Além do Ultimate, o peso pesado atuou também no extinto Pride.