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Estreante no UFC, Rodolfo Vieira admite que não está totalmente adaptado ao MMA

O peso-médio (84 kg) Rodolfo Vieira faz sua estreia no Ultimate contra Oskar Piechota no próximo sábado (10), pelo UFC Uruguai. O multicampeão do jiu-jitsu migrou para o MMA profissional há pouco mais de dois anos e fará apenas o seu sexto combate no novo esporte. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, o lutador revelou ainda não estar totalmente adaptado à nova modalidade e disse que conversas com colegas que passaram pela mesma transição o tranquilizaram.

O carioca se aposentou das competições no jiu-jitsu em 2016 após uma carreira extremamente bem sucedida com diversos títulos, incluindo mundiais e pan-americanos, além de um triunfo na edição de 2015 do ADCC (principal competição de grappling do mundo). Invicto desde que iniciou sua trajetória no MMA, o ‘Caçador de Faixas Pretas’ admitiu que, apesar de ainda enfrentar dificuldades na nova profissão, encontrou na experiência de outros lutadores o conforto para seguir evoluindo com calma.

“Senti bastante dificuldade nessa transição. Na verdade, ainda sinto. Estava muito mais familiarizado com o jiu-jitsu e eu só treino MMA há três anos. Mas a cada dia eu aprendo algo novo, tento evoluir. Já conversei com o Demian Maia e com o Ronaldo ‘Jacaré’ e eles me falaram que passaram pela mesma situação. De se assustar com os socos, não conseguir impor o jogo de chão sempre. Ainda fico muito nervoso antes das lutas, porém isso tudo se resolve com a experiência”, explicou.

Vindo de uma geração do jiu-jitsu que conseguia boas premiações financeiras competindo, Rodolfo chega ao UFC em um momento de ‘vacas não tão gordas’. Desde a oficialização da Reebok, empresa de material esportivo, como patrocinadora e fornecedora exclusiva do Ultimate, a maioria dos atletas perdeu a renda de patrocínios com outras marcas. No entanto, o brasileiro afirmou que não pensou na parte financeira ao assinar com a organização e que o que o motivou foi um desejo pessoal de se provar como atleta.

“Eu não migrei para esse esporte visando o dinheiro. Até porque hoje para ganhar dinheiro no MMA leva certo tempo. Saí do jiu-jitsu em uma fase boa financeiramente falando e entrei no MMA nessa fase ruim, desde a mudança nas regras do UFC com relação a patrocínios. Mas não aceitei por causa do dinheiro. Lutar no Ultimate era o meu sonho desde o início. Mesmo que me pagassem duas vezes menos, eu aceitaria. Quero me testar e provar que posso ser um bom lutador de MMA”, declarou à Ag. Fight.

Com vários exemplos de lutadores que trocaram o jiu-jitsu pelo MMA, incluindo o início de tudo com a família Gracie, Rodolfo citou as principais referências em quem se espelha. Um deles, Ronaldo ‘Jacaré’, é hoje seu companheiro de treinos. E, segundo o peso-médio, ainda tem muito a lhe ensinar, especialmente na parte de trocação.

“Admiro vários lutadores que fizeram essa transição. Me espelho muito no Demian Maia, Fabrício Werdum. Inclusive, brinquei com o Werdum há uns dias, dizendo que queria imitá-lo, já que ele ganhou o mundial de jiu-jitsu, o ADCC e foi campeão no UFC também. Além do ‘Jacaré’, que hoje treina comigo. É um privilégio treinar com ele. É um cara que está anos-luz na minha frente no MMA. No chão eu ainda consigo fazer frente, mas em pé ele está em um nível muito acima do meu, tenho consciência que preciso aprender muito com ele”, admitiu.

Seu adversário na estreia perdeu a invencibilidade na carreira ao ser derrotado por Gerald Meerschaert, em julho do ano passado. Focado no combate, Rodolfo enumerou as qualidades do rival, que tem três lutas pelo Ultimate. Ciente de sua inexperiência no novo esporte, o brasileiro afirmou não ter pressa quanto a encarar possíveis adversários ranqueados em caso de resultado positivo no próximo sábado.

“O adversário é mais experiente, não me deram moleza. Tem um bom jogo de chão, já competiu no ADCC. Não é qualquer um que luta lá, tem que ter um bom nível de grappling. Mas, pelo cartel, ele demonstra ser versátil, já que finalizou e nocauteou em cinco oportunidades. Mas acredito que eu o vença por finalização. E aí é só esperar o Ultimate mandar o próximo oponente. Tenho consciência de que sou um dos mais inexperientes do evento. Portanto, não tenho pressa para encarar os tops. Quem eles me enviarem eu vou enfrentar”, concluiu.

Invicto em cinco combates na sua carreira no MMA profissional, Rodolfo Vieira venceu por finalização em quatro oportunidades. O outro triunfo saiu por nocaute técnico contra Alexander Neufang pelo ‘ACB 82’, em março de 2018. Oskar Piechota possui em seu cartel 11 vitórias e apenas uma derrota, justamente sua última aparição no octógono mais famoso do mundo.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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