‘Moicano’ vai enfrentar o ‘Zumbi Coreano’ em Greenville (EUA) – Felipe Paranhos
Renato ‘Moicano’ fez, em fevereiro, a luta mais importante de sua carreira, contra José Aldo. Na ocasião, dada a ascensão do brasiliense, supunha-se que ele disputaria o título dos pesos-penas (66 kg) caso vencesse o ex-campeão. Mas a expectativa não se concretizou: depois de vencer o primeiro round, ele acabou nocauteado logo nos primeiros segundos do assalto seguinte. Quatro meses depois, Renato fez uma autocrítica em entrevista exclusiva à Ag. Fight e comentou como o duelo serviu de lição para seu próximo compromisso, dia 22 deste mês, contra Chan Sung Jung, o ‘Zumbi Coreano’, no UFC Greenville.
O lutador da ‘American Top Team’ contou que, embora não tenha subestimado Aldo, deixou-se levar pelo clima que tomou conta de Fortaleza com o combate entre os dois brasileiros. Segundo ele, o fato de não ter ficado concentrado durante a semana do duelo pode ter influenciado no excesso de confiança que lhe abateu durante o confronto.
“A luta por si só deu muita repercussão, então tinha muita gente lá no saguão do hotel para tirar foto, muitas pessoas querendo conversar, e em vez de ficar focado como sempre fico no quarto, eu me deixei levar por isso aí. Descia, ficava conversando com o pessoal, dando entrevistas… Porque eu gosto de falar com a galera que gosta do meu trabalho, só que na semana da luta é melhor estar focado no que você vai fazer. Não que isso tenha atrapalhado na performance na hora da luta, mas acho que a gente tem que fazer tudo como sempre faz. Então, talvez eu deveria ter ficado um pouco mais recluso”, falou.
“O que aconteceu nessa luta foi uma coisa que nunca aconteceu antes foi que eu fiquei desfocado. Eu estava nervoso por ser a luta do Aldo, e quando começou eu me senti muito bem, muito relaxado, e pensei assim: ‘Pô, essa luta eu vou vencer fácil’. E aí quando eu sentei, que acabou o primeiro round, fiquei totalmente fora de foco, não ouvi os caras, como se a luta já tivesse ganha. Então, quando eu voltei, fui pego de surpresa com um cruzado. Então talvez se eu tivesse mantido focado desde o começo da semana, talvez isso não tivesse acontecido”, avaliou.
De acordo com ‘Moicano’, não só a sua luta contra Aldo serviu de lição. O atleta citou como exemplo de como o MMA é imprevisível a disputa do título peso-galo (61 kg), entre Henry Cejudo e Marlon Moraes, no último sábado (8). Além disso, ele lembrou da dificuldade que sofreu ao ouvir a torcida cearense vibrar pelo seu rival.
“Geralmente eu vou para a luta respeitando o adversário e sabendo que a qualquer momento ele pode me vencer. Luta muda muito rápido. A gente viu nesse fim de semana o Cejudo vencendo o Marlon de um round para o outro. A luta para mim já tava acabada, né. Quando a gente viu aqueles chutes, pensou: ‘Não tem como o cara ganhar’. E de uma hora para outra o jogo virou. Não me recordo de outra luta eu perder o foco assim. Até porque o meu ponto principal é seguir o foco, seguir a estratégia. E foi justamente aí que eu perdi: não segui a estratégia e fiquei um pouco desfocado durante a luta, por ser o Aldo, e por estar em Fortaleza com a galera toda contra, toda aquela pressão, e eu fiquei meio: ‘Pô, sou brasileiro também’, e eles torcendo totalmente contra mim e a favor do Aldo. Eu esperaria isso em qualquer lugar do mundo, mas no Brasil, né… Eu já devia esperar que isso iria acontecer”, analisou.