Antes de enfrentar Gilbert ‘Durinho’, em março deste ano, no UFC Brasília, Demian Maia tinha o plano traçado em mente de que iria para a sua penúltima luta na carreira no MMA – e após o embate teria apenas mais uma apresentação no contrato com a organização. No entanto, o brasileiro pode ter mudado de ideia após o desfecho da sua última atuação. Pelo menos foi o que o seu head coach Eduardo Alonso adiantou.
Em conversa ao vivo pelo Youtube com a reportagem da Ag.Fight (clique aqui ou veja abaixo), Alonso revelou que, em conversa com Demian, ouviu do atleta o desejo de fazer mais uma luta além daquela que está em seu contrato com o Ultimate. Um dos motivos para tal mudança seria a maneira pela qual ele foi superado pelo compatriota, por nocaute ainda no primeiro round da disputa. No entanto, o treinador adotou a cautela sobre essa possível renovação e, além disso, adiantou que acredita que a próxima luta do faixa-preta deve acontecer apenas quando o UFC puder voltar a fazer eventos no Brasil, com a estagnação de casos do coronavírus.
“Ele (Demian) falou para mim que está querendo fazer duas lutas, que queria uma revanche com o ‘Durinho’. Com o dólar a quase seis reais motiva também. A derrota para o ‘Durinho’ pesou porque teve sabor amargo e mexeu com o brio dele. Ninguém quer ficar por isso mesmo. Se tivesse ganho, estaria desapegado, poderia vir qualquer um adversário ou até se aposentar sem lutar, que ele faria. Isso mudou. Mas aí vem os planos do UFC. Quem me diz que o UFC hoje renovaria com o Demian por mais uma luta, além da última com os mesmos patamares e ideia de adversário que temos? Não dá para saber o que o UFC faria. Temos que ver se vão voltar os eventos no Brasil, e quando. Porque acho que o valor de custo do Demian aqui é muito maior com o público do que no UFC Apex. Isso pode interferir em tudo. Agora é esperar ele voltar a treinar, conversar com o UFC e acho que eles vão segurar essa última luta para o Brasil mesmo”, disse o treinador.
Outro motivo para Alonso olhar com desconfiança para uma extensão de contrato foram as recentes propostas feitas pela equipe de Demian rejeitadas pelo UFC. De acordo com o técnico, o processo de alinhar os desejos do brasileiro com os da organização já brecaram algumas lutas interessantes para a carreira do competidor.
“Acho que o grande desafio será alinhar os planos de fim de carreira do Demian com o do UFC. Até hoje eu tive muita dificuldade para fazer com que o UFC tenha vontade de fazer essa luta de perfil de aposentadoria para o Demian, tipo com o Diego Sanchez, ou até luta com o (Michael) Chiesa e foi rechaçado de cara. E agora ainda complica mais. Em tese quando eles sabem que é a última luta do contrato, eles tendem a colocar uma luta que tenha valor para o evento, que possa alavancar um outro cara”, explicou.
Com a pandemia de coronavírus que atinge o mundo, a questão dos treinamentos também é algo tem prejudicado os atletas, pois todas as academias do Brasil estão fechadas. Esse tema é algo que preocupa Eduardo Alonso, ainda mais pela idade avançada de Demian e os malefícios que o lutador pode ter se ficar um bom tempo sem fazer as atividades necessárias para se manter em alto rendimento.
“Eu falando como head coach, eu não gostaria de ter um atleta de 42 para 43 anos, treinando como ele estava, ter um hiato com esse tempo todo. Isso pode ser desastroso para a performance dele. Na idade dele é mais fácil manter do que recomeçar do zero. Claro que nunca será do zero. Mas não sabemos o estado que ele estará quando for treinar em alto nível. A que pico a gente consegue trazê-lo? Isso vai impactar mais ainda. Com todo o respeito ao Diego Sanchez, uma coisa é se preparar com 42 anos para enfrentá-lo no seu estado atual. Outra é lutar com o ‘Durinho’, com o Robbie Lawler, Tyron Woodley. É bem diferente”, completou.