Os protestos pelo assassinato de George Floyd, um homem negro, por um policial branco em Minneapolis (EUA) romperam fronteiras e chegaram a outros países. Na manifestação realizada na Nova Zelândia, onde reside, Israel Adesanya – campeão peso-médio (84 kg) do UFC – decidiu tomar o microfone e discursar contra o racismo e o tratamento dispensado pelas autoridades policiais diante de indivíduos afro-descendentes (veja abaixo ou clique aqui).
No protesto, realizado em frente à Embaixada dos Estados Unidos na cidade de Auckland, na Nova Zelândia, o nigeriano apontou para os olhares tortos que recebe mesmo sendo um campeão do UFC e tendo uma boa condição financeira. Irritado, o lutador ressaltou que os negros precisam constantemente lidar com pessoas com medo deles, sem nenhum motivo aparente.
“Estou puto. Quantos de vocês entram em uma loja e precisam colocar as mãos para trás só para que não pensem que você está roubando? Quantos de vocês andam pelas ruas tendo que sorrir para as pessoas que já estão com medo de você para deixá-las confortáveis? Eu acabei de me mudar. Estou no topo, entro no elevador, e já tive três encontros com pessoas brancas racistas que pularam ao me ver. Então, eu sorrio para elas. Agora eu preciso ir para o lado e deixá-las passar para que elas não fiquem com medo de mim”, contou Adesanya, antes de continuar seu discurso.
“Por que? Porque eu sou negro. Apenas porque eu sou negro. O que eu fiz? Eu não tive uma escolha. Se eu tivesse escolha, eu ainda seria negro. Nós temos falado por tanto tempo, temos marchado por tanto tempo, mas não é sobre nós agora. Obrigado por todas as pessoas brancas, todas as pessoas de raças diferentes que estão aqui, porque nós precisamos de vocês. Precisamos que vocês falem alto. Precisamos que vocês falem algo, porque como ele disse, estou enojado e cansado de ver esses rostos sendo mortos porque, adivinha só, eu me vejo neles. E é devastador, cara. Estou puto”, concluiu.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.