Neto de Hélio e filho de Rickson, Kron Gracie carrega consigo o peso do legado de uma das famílias mais tradicionais dos esportes de combate em uma era extremamente diferente da qual seus antecessores reinaram. Em tempos que a popularização do MMA aumentou o sarrafo de competitividade e praticamente extinguiu os tradicionais desafios entre artes marciais distintas, o peso-pena (66 kg) do UFC desabafou sobre a eficiência do jiu-jitsu unidimensional perante aos oponentes do mais alto nível na atualidade.
Em seu canal no ‘Youtube’, Kron relembrou a época em que seu avô e pai realizavam desafios contra representantes de outras artes marciais a fim de provar que o jiu-jitsu era a modalidade mais efetiva. No entanto, na visão do filho de Rickson, os atletas da atualidade atingiram um nível tão elevado em basicamente todos os esportes que um especialista da arte suave não será bem-sucedido caso não conte com conhecimentos de outras áreas em sua abordagem. Desta forma, o ‘jiu-jitsu puro’ não seria eficiente como no passado diante de um competidor do mais alto nível do MMA atual.
“Era muita pressão ter o sobrenome Gracie ao crescer (…) Meu pai era o melhor lutador do mundo. Então, como criança, é isso que você quer se tornar, ser como o melhor do mundo. Então se eu não estivesse tentando ser o melhor do mundo, eu seria inútil. Esse foi sempre meu futuro. Por que eu não seria o melhor? Crescendo, tudo era sobre jiu-jitsu. Todos faziam jiu-jitsu para lutar, para provar que você poderia derrotar um boxeador ou um wrestler. Você tentava se provar para provar sua arte marcial. Mas agora está misturado de um jeito em que você não pode ser bom apenas em uma arte marcial e ser extremamente bem-sucedido contra todos que competem no mais alto nível. Meu pai não entende isso. Meu avô não entenderia isso. Mas essa geração já é completamente diferente. As artes marciais são como sua própria forma. As artes marciais para mim são jiu-jitsu, boxe, judô. Então quando digo que sou um artista marcial é porque construí minha própria fórmula e eu aprecio todas as artes marciais”, desabafou o membro do clã Gracie.
Derrotas de Kron no UFC corroboram ponto de vista
Com um cartel modesto porém invicto de 4-0, Kron chegou ao UFC em 2019 e o cartão de visitas não poderia ser melhor: vitória por finalização no primeiro round contra Alex Caceres. No entanto, em seus dois compromissos seguintes, o estilo baseado majoritariamente no jiu-jitsu não foi eficiente contra Cub Swanson Charles Jourdain, que anularam as investidas de queda do membro da família Gracie e derrotaram o brasileiro no octógono mais famoso do mundo.