No último sábado (9), o Ultimate retomou suas atividades, após quase dois meses de indecisão devido à pandemia do coronavírus, com o UFC 249, realizado em Jacksonville (EUA). Para esse show, a organização tomou precauções com a segurança dos atletas e profissionais envolvidos, mantendo o distanciamento social para ninguém ter o risco de ser contaminado. Presente no evento e vitorioso em embate contra Niko Price, Vicente Luque aprovou toda a estrutura montada e destacou que a franquia mostrou que pode continuar seu planejamento para a realização de novas edições.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, Vicente, que já retornou à Brasília (DF), cidade onde mora, revelou todo o procedimento que passou desde sua chegada ao local da luta, na última quarta-feira. Em praticamente cinco dias, o peso-meio-médio (77 kg) contou que passou por três testes para COVID-19, além de ter sua temperatura monitorada constantemente. Para o brasileiro, o Ultimate mostrou o caminho para outros esportes seguirem e retomarem suas atividades de uma maneira segura para todos.
“Passei por três testes. O último foi no dia da pesagem (oficial) para liberar para encarada e para a luta. Foi tudo certo. É incômodo o teste do nariz, mas o UFC tomou todas as precauções. Mediam a temperatura o tempo todo, teve o distanciamento social. Na arena tínhamos nosso tatame, depois nas entrevistas, fiquei numa sala e os repórteres na outra. No quarto a gente tinha acesso as lutas na TV. Foi tudo muito bem feito. O UFC mostrou para o mundo que dá para fazer o evento e voltar de uma maneira segura”, explicou.
Sobre o combate, em que venceu por nocaute técnico no terceiro round, Vicente admitiu que sabia que encontraria dificuldades contra Niko Price. Apesar de já tê-lo enfrentado e também vencido em 2017, o brasileiro destacou que o seu rival evoluiu bastante. No entanto, o atleta, apesar de ter um começo em que teve dificuldades, afirmou que sabia que o americano não manteria o ritmo e tratou de manter a tranquilidade.
“Eu já esperava, me preparei para a melhor versão dele. Ele vem evoluindo desde que lutamos e era uma revanche. Então ele queria de toda maneira me vencer, veio bem preparado. Ele fez uma luta bem dura, bem disputada, mas eu estava pronto para isso, que ele ia botar pressão. Era questão de paciência. Desde a minha última luta venho trabalhando isso, que é acreditar e continuar na minha estratégia. Ele uma hora ia baixar o ritmo. Ele começa forte e vai caindo o ritmo. Foquei nesse camp, até pela quarentena, na questão de ter o gás em dia. Lutei tranquilo e sabia que o ritmo dele ia cair. Nessa hora eu podia crescer e encontrar meus golpes. No final ele sentiu, vários golpes encaixando e não aguentou”, afirmou, antes de admitir que precisa melhorar a questão de sofrer muitos golpes durante um combate, mas destacou o estilo de luta dos seus últimos rivais.
“Sem dúvida essa é uma questão que eu procuro evoluir. Meu plano não é tomar muito golpe, mas caras como o Price e o (Mike) Perry, por mais que eu movimente e bata, eles continuam vindo sem parar. São meio suicidas (risos). Então às vezes fica difícil de esquivar e não deixar eles crescerem. Eles sao dois caras que tem muito queixo, por mais que os acerte, eles não param, então não tem como evitar às vezes. Mas nessas duas lutas o estrago para eles foi grande. Porque não é só um golpe, é o acumulo. Tomo mais golpes do que gostaria, mas venho buscando evoluir nisso para diminuir essa situação”, completou o brasileiro.
O UFC 249 também marcou um fator inédito para a carreira de Luque na franquia. Pela primeira vez, o lutador atuou em um evento de público, mas nada que o tenha tirado seu foco durante sua apresentação. Apesar de ressaltar que gosta do calor da torcida, o lutador disse que se manteve atento ao seu plano de jogo e só achou curioso o fato de poder escutar tudo que o córner do seu adversário passava para ele.
“Foi diferente. Não chegou a me incomodar não ter público, mas é claro que, quando tem, me motiva muito mais. Não achei tão estranho quanto pensei que seria. Mas a questão dos córners foi diferente. Eu escutava bem o meu e o do meu adversário também. Então dava para saber o que ele queria fazer. Mas tentei não me focar nisso para não sair do meu jogo. Mas era uma outra visão da luta”, finalizou o meio-médio.