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Tyson surprende treinador com potência dos golpes: “Se bater devagar, não sou eu”

Rafael Cordeiro tem puxado os treinos de Mike Tyson há três semanas – Arquivo pessoal

Com 46 anos de idade e grande parte deles dedicados às artes marciais de alto rendimento, Rafael Cordeiro já conviveu e treinou alguns dos principais nomes do MMA mundial, mas, ainda assim, se espantou com a vitalidade demonstrada nos treinos por uma das maiores lendas do boxe mundial. Em entrevista ao vivo pelo ‘Youtube’ à reportagem da Ag Fight (veja abaixo ou clique aqui), o líder da ‘Kings MMA’ – responsável pelo treinamento de Mike Tyson há três semanas – exaltou a potência dos golpes do ex-campeão mundial, mesmo aos 53 anos, e admitiu que nunca havia puxado manopla para um lutador com tamanha potência nos socos.

Escolhido para ser o responsável pela volta de Mike Tyson aos treinamentos após anos afastado do esporte, Rafael Cordeiro confessa que chegou a aconselhar o ex-pugilista a ‘pegar leve’ nos socos, até mesmo para evitar o cansaço prematuro. Porém, em resposta, a lenda do boxe – conhecido por seu devastador poder de nocaute – contrapôs ao justificar que não seria ele mesmo caso lançasse golpes fracos, ainda que fosse apenas em um treino.

“Eu espero que algum dia meus atletas cheguem com 53 anos com toda aquela vontade, aquela velocidade e aquela memória muscular, que está muito viva, então quando ele bate, ele bate para arrebentar. Isso eu achei uma coisa legal do campeão, muitas vezes eu falei assim: ‘Se você quiser bater um pouquinho mais devagar, pode bater mais devagar, até para não cansar’. E ele falou: ‘Se eu bater devagar, eu não sou o Tyson’”, contou Cordeiro.

Ex-treinador da ‘Chute Boxe’ e atual líder da ‘Kings MMA’, Rafael teve sob sua responsabilidade diversos atros do MMA mundial, como: Wanderlei Silva, Anderson Silva, Maurício ‘Shogun’, Fabrício Werdum, entre outros. Apesar disso, o treinador admite que nenhum deles, mesmo em seus auges físicos e técnicos, chegou perto da potência nos golpes demonstrada por Mike Tyson, aos 53 anos e aposentado do boxe profissional desde 2005. Para ele, além do dom natural, o ex-campeão consegue atingir esse nível por ter entendido e trabalhado em cima da mecânica de movimento do seu corpo ao lançar os socos, algo que Cordeiro pretende ensinar para seus pupilos a partir de agora.

“Rápido e forte como ele, não (nunca treinei ninguém com essas características de golpes). Porque é um conjunto da obra. Pelo corpo dele, acho que ele tem 85 kg desde os 12 anos de idade, então ele é um gorila desde os 12 anos de idade. Sempre foi um cara forte e ele aprendeu a trabalhar com a dinâmica do corpo dele. Ele consegue distribuir o que há de melhor no corpo dele em cima do braço. Então, ele trabalha perna, quadril, ombro, tórax e quando vê já está no soco. Essa compreensão do corpo, não são todos os atletas que têm, e os que têm viraram campeões mundiais”, ressaltou Rafael Cordeiro, antes de completar.

“Vendo ele treinar, vendo a forma que ele treina, eu vou poder adaptar aquilo e, com certeza, vai ser muito bom para os meus atletas. Eu ver a forma como um campeão mundial treina, a mentalidade dele, e como ele vê não só a luta, mas como botar o soco. Nesse mecanismo do corpo, não é só dar o soco. Ele trabalha a mente para chegar na pancada mais próxima da realidade para acabar uma luta. A cada pancada que ele dá na manopla, é como se ele estivesse lutando, dá para arrancar a cabeça, é impressionante”, concluiu.

Ao que tudo indica, a volta aos treinos, sob a supervisão de Rafael Cordeiro, faz parte dos planos do ex-campeão de retornar aos ringues, ainda que não profissionalmente. Recentemente, Mike Tyson revelou, em entrevista ao rapper TI, que pretende se apresentar em lutas de exibição de três ou quatro rounds com o objetivo de arrecadar fundos para ajudar pessoas carentes e dependentes químicos.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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