Sergio Moraes foi mais um atleta de MMA infectado com COVID-19 – Leandro Bernardes
A tese que o coronavírus é uma simples gripe e não afeta com violência pessoas mais novas ou com uma vida regrada cai a cada momento que passa e mais casos aparecem para comprovar sua gravidade. Após Erick Silva e Roger Gracie, dois atletas de alto rendimento, afirmarem ter contraído a doença e passado por momentos delicados, foi a vez de ‘Serginho’ Moraes, ex-atleta do UFC, também revelar que foi mais um alvo do COVID-19. O faixa-preta de jiu-jitsu deu detalhes sobre as duas semanas em que ficou de cama em decorrência do vírus e sobre os sintomas pesados com que foi obrigado a conviver.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, o ex-integrante do TUF Brasil confessou que tinha a mentalidade de muitos pelo Brasil: pelo histórico de atleta e por manter uma vida saudável há anos, caso ele contraísse o coronavírus a doença não iria lhe afetar tanto e ele conseguiria viver normalmente. No entanto, o lutador sentiu na pele o poder do vírus e como ele enfraquece o sistema imunológico de quem infecta.
“Tinha na minha cabeça que ia contrair, mas por nunca beber, fumar e por ter histórico de atleta eu ia passar tranquilo. Não é bem assim não. Foram 16 dias de muita febre, dor de cabeça, estava passando muito mal. Perdi paladar e olfato. No meu quinto dia, um doutor amigo meu aqui de São Paulo veio aqui em casa me olhar. Ele mandou eu pegar, sair com a máscara e dar uma volta para ver se sentia falta de ar. Eu dei risada e falei: ‘Faltar ar andando um quarteirão?’. Eu na época estava isolado fundo da casa da minha mãe e só de eu subir uma área eu fiquei com falta de ar. Não sabia que estava acontecendo. Nem cheguei a dar a volta no quarteirão depois (risos). Tem que sentar respirar. Você fica desesperado”, revelou Moraes, antes de revelar que nunca havia sentido nada igual e que, mesmo após mais de duas semanas, ainda tem sintomas.
“Já tive doente outras vezes, que derruba de uma maneira que fica acabado. Mas com a mesma força que ela vem, ela vai. O problema do COVID-19 é a constância. Ele não cessa, é muito forte, constante e o tempo todo agressivo. Vai sofrer duas semanas e vai penar, com febre de 40 graus. É uma dor de cabeça insuportável. Não consegue encostar em algum lugar para descansar que dói. É uma dor de cabeça chata. Você fica muito debilitado. Fiquei dois dias sem comer e beber, só deitado. No total foram 17 dias de doença. Eu ainda dou uma tossida, tenho dor de cabeça. Não passou totalmente não”, completou o atleta.
Apesar de conviver com dores fortes de cabeça e febre, ‘Serginho’ admitiu que não chegou a cogitar uma ida ao hospital e optar por tentar se curar em casa com os remédios receitados e repouso absoluto. Com sinais de melhora e depois de ter passado por dias complicados, o ex-lutador do UFC fez um pedido de conscientização para o povo brasileiro. Atento que muitas pessoas não estão respeitando as recomendações dos órgãos de saúde e saindo de casa sem proteção alguma, Moraes afirmou que esse é o momento de pensar no coletivo para ninguém ser obrigado a passar pela delicada situação de contrair a doença.
“Meu alerta é para a galera ter mais conscientização, se cuidar mesmo. É uma grande probabilidade das pessoas pegarem e não é uma gripe comum como falam. Você consegue vencer, mas o adversário é forte e você precisa ser tão implacável quanto ele. O problema de muitas pessoas é pensar só no individual. Temos que pensar mais no coletivo. Podemos passar para muita gente. Eu vim para São Paulo para cuidar dos meus pais e eles que cuidaram de mim. Eu pensava no meu pai, mãe e meus filhos que eles não podiam pegar porque eu sabia tudo que estava sentido. Não quero nem que eles passem por isso”, pediu.