O veterano argentino Santiago Ponzinibbio, que sobe ao octógono neste sábado (3) no UFC Des Moines, trouxe à tona uma das questões mais sensíveis no mundo do MMA: a falta de clareza nos critérios adotados pelos juízes na hora de pontuar uma luta. Para ele, a imprevisibilidade das decisões pode mudar completamente o rumo de um combate — e até de uma carreira.
Segundo o meio-médio (77 kg), essa incerteza afeta diretamente a forma como um atleta conduz o duelo e dificulta até mesmo a elaboração de estratégias durante os rounds. Situações em que o desempenho parece superior aos olhos de quem está lutando, mas é interpretado de maneira oposta pela arbitragem, são mais comuns do que se imagina, afirma o argentino em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight.
“A gente não sabe quais são os critérios dos juízes. Não é que você vai e fala: ‘está parelho em pé, vou derrubar e levo o round’. Não. Porque isso acontece muito de às vezes darem o round para o cara que ficou de pé, entendeu? Não sabemos qual é o critério dos juízes para pontuar as lutas”, criticou o atleta.
O lutador relembrou como exemplo a sua luta contra o russo Muslim Salikhov, em que, segundo ele, teve desempenho superior no primeiro assalto. Ponzinibbio acredita ter causado mais dano e conectado os golpes mais limpos, mas acabou surpreendido pela avaliação dos jurados, que deram vantagem ao adversário em duas das três papeletas.
“Conectei mais mãos, machuquei, cortei o olho dele. Ele só girou um chute que passou no ar. Eu toquei com a mão, ele balançou, saiu para trás. Para mim, o primeiro round foi meu, certeza. Mas dois juízes deram para ele e só um para mim. Se eu tivesse visto que perdi aquele round e o segundo também, teria ido com tudo para o nocaute. Teria mudado minha postura, porque sei do meu poder. Mas achei que estava ganhando e fui estratégico, porque era um cara com poder de nocaute também. Isso muda completamente a forma como você luta”, relembrou.
Ideia de mudança
Para tentar corrigir esse problema, o argentino defende uma mudança simples, mas que, na sua visão, traria mais justiça e transparência ao esporte: a divulgação da pontuação em tempo real, logo após o encerramento de cada round. Segundo ele, a medida abriria caminho para decisões mais conscientes e combates mais justos, tanto para os atletas quanto para o público. Além dos impactos imediatos dentro do cage, o argentino também destacou as consequências que uma derrota polêmica pode causar fora dele. Ele lembra que, no mais alto nível do esporte, os desdobramentos vão muito além do resultado em si.
“Ajudaria muito se a gente pudesse ver a pontuação ao vivo, round por round. O lutador vai para o seu corner sabendo se ganhou ou perdeu aquele assalto. A gente perde muito mais do que só o dinheiro da derrota. Pois existem muitas outras consequências por trás disso. A responsabilidade deles é muito grande”, pontuou ‘Argentine Dagger’.
Com experiência também como comentarista, o lutador afirma que a falta de compreensão em relação às decisões não é exclusividade de quem está competindo. Segundo ele, até mesmo os profissionais da transmissão se mostram surpresos com os resultados oficiais.
“Tem luta que, não só eu, mas quem está narrando comigo está claramente convencido de um resultado, e quando os juízes anunciam, mostra outra coisa que a gente nem acredita. Isso acontece o tempo todo. Deveria ter um critério bem claro para os juízes e para os atletas na parte da pontuação, e ajudaria bastante poder ver quem ganhou cada assalto”, frisou.
Momentos parecidos
Santiago Ponzinibbio e seu adversário deste sábado (3), Daniel Rodriguez, chegam ao UFC Des Moines em momentos semelhantes na carreira. Ambos acumulam três derrotas e duas vitórias nas últimas cinco lutas, o que torna o confronto ainda mais decisivo para a retomada de estabilidade dentro da divisão dos meio-médios.
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