Entrevistas

Robson Conceição elege favoritos ao ouro na Olímpiada e critica falta de patrocínios

No último dia 23 de julho, as lutas de boxe entraram no calendário da Olimpíada de Tóquio (JAP) e o Brasil conta com grandes representantes em busca de medalhas. E quando se fala da nobre arte, é impossível não lembrar de Robson Conceição, o único brasileiro a conquistar a posição mais alta do pódio em uma edição dos Jogos, feito que aconteceu na Rio 2016. Dessa maneira, a reportagem da Ag. Fight procurou o campeão olímpico para ele comentar sua expectativa em torno dos seus compatriotas e o pugilista aproveitou para fazer mais um desabafo.

O pugilista, em entrevista exclusiva (clique aqui), garantiu motivos para que a torcida brasileira mantenha elevada a esperança na chegada de mais medalhas e não economizou elogios à delegação do país. Para isso, o lutador ressaltou que a equipe, embora jovem, é formada por competidores que já acumulam larga bagagem em competições internacionais.

“Vejo nessa seleção uma equipe de jovens muito maduros, experientes em campeonatos mundiais, pan-americanos, que têm desempenhos excelentes, apesar da pouca idade. Eles vêm fazendo um trabalho muito bom ao lado da Confederação, alguns são da Marinha, outros do Exército. Então foram bem preparados, treinaram bastante para isso”, afirmou o pugilista antes de citar dois atletas que despontam com favoritismo nos Jogos.

“Tem a Beatriz (Ferreira), que é a melhor atleta do mundo, campeã mundial. Ela fez 28 lutas com 28 vitórias e é uma grande esperança de medalha. Mas eu sou um cara que não acredito só em um, todos têm capacidade de trazer uma medalha olímpica para o Brasil. Tem o Hebert Conceição que também acredito muito, é meu parceiro de treino e estamos sempre juntos. Ele tem um boxe bonito, alinhado”, completou, pouco antes de fazer um desafabo.

Afinal, uma conquista olímpica pode mudar a vida de qualquer atleta – com mais visibilidade e maior retorno financeiro. Mas para Robson, não foi este o caso. O brasileiro revelou que cerca de seis anos depois do ouro no Rio e perto de ser campeão mundial do superpena, ele não conta com nenhum patrocínio e só recebeu auxílio de uma empresa dos Estados Unidos, que é responsável por casar seus duelos no boxe. Além disso, o pugilista não poupou críticas aos políticos do Brasil.

“Tenho parcerias, mas apoio financeiro não tenho até hoje, mesmo às vésperas de lutar pelo cinturão mundial. Se não fosse pela ‘Top Rank’, uma empresa americana que me apoia desde 2016, quando passei para o boxe profissional, minha vida estaria complicada. Ela me ajuda com custo mensal, tem as bolsas das lutas. No Brasil é complicado, por isso estou viajando para os Estados Unidos para ver se consigo alguma coisa lá”, adiantou o medalhista de ouro, antes de completar sua bronca.

“Acho que falta vergonha na cara para os nossos governantes. Assim que fui campeão olímpico, o governador (da Bahia) me prometeu que faria um Centro de Boxe e vários núcleos em bairros de Salvador e até hoje não foi cumprido. Estamos à mercê da falta de apoio, incentivo. Até as empresas, que seria uma boa para divulgar as marcas deles, mas não temos esse apoio”, completou o lutador, que encara Óscar Valdez no próximo dia 10 de setembro pelo título mundial dos superpenas do Conselho Mundial de Boxe (WBC).

Medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, Robson Conceição migrou para o boxe profissional em novembro do mesmo ano. Com 16 combates já disputados dentro do ringue, o baiano segue invicto, com oito triunfos por nocaute e oito por pontos. A última vez que o sul-americano se apresentou foi em abril deste ano, quando venceu o mexicano Jesus Ahumada, por nocaute no sétimo round.

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