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Carlos Antunes

Entrevistas

Rani Yahya lamenta falta de reconhecimento e admite erro por não trabalhar a imagem

Após completar uma década de serviços prestados ao UFC, Rani Yahya sobe novamente no octógono mais famoso do mundo neste sábado (13), para encarar o americano Ray Rodriguez, pelo card da edição ‘Vegas 21’ do Ultimate. O confronto marca a 18ª apresentação do lutador brasileiro, de 36 anos, na organização. Porém, apesar do importante feito que está prestes a atingir, que enaltece sua capacidade de se manter no mais alto nível do esporte, o veterano admite que sente falta de um reconhecimento maior em relação à sua carreira.

Bicampeão mundial de jiu-jitsu nas faixas roxa e marrom, medalhista de ouro no ADCC (evento de grappling mais importante do planeta), Rani foi capaz de transferir seu jogo de chão com eficácia para o MMA e construiu uma carreira sólida na modalidade, onde compete há anos entre os melhores do mundo. No entanto, todo esse currículo não foi capaz de fazer do brasiliense um dos mais reconhecidos rostos do esporte nem mesmo em seu próprio país.

De personalidade sóbria, avesso à grandes polêmicas e bravatas, Rani levou sua carreira sem se preocupar em demasia com a construção de sua imagem perante o público. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, o veterano lamentou não ter percebido a importância das redes sociais a tempo, especialmente em relação à comunicação direta com os fãs, e admitiu que agiria de forma diferente se pudesse voltar ao ponto inicial de sua trajetória no UFC. A entidade, por sinal, também é vista pelo lutador como parcialmente culpada pela falta de reconhecimento apontada por ele.

“Na verdade é uma questão minha, de trabalhar as mídias sociais, a imagem. Acho que eu fiquei desleixado por muito tempo, sem me preocupar muito com isso. Eu não conseguia visualizar a importância que isso teria nos dias atuais. Eu fui displicente no passado, por não ter trabalhado muito a questão da minha mídia. Eu contava que bastava lutar e ganhar, que as pessoas iriam reconhecer. Mas com o passar dos anos, a gente vê que a promoção é importantíssima. Com certeza, eu faria diferente (se pudesse voltar no tempo). Quando eu comecei a me destacar, a questão das redes sociais era muito diferente, tinha uma importância muito pequena. Eu quase não mexia nisso. Naquela época, eu não tinha a menor ideia da importância que teria nos dias atuais”, analisou Rani, antes de completar.

“Por exemplo, eu fui campeão do ADCC. Hoje em dia, tem gente que nunca chegou nem no pódio do ADCC e está fazendo um super marketing em torno do nome. Então, eu vejo que deixei passar muita oportunidade. Eu tenho uma pequena parcela de pessoas que reconhecem o que eu fiz. E acho que, sim, o UFC poderia trabalhar mais essa questão de eu ter tido vitórias por finalização, vitórias nos primeiros rounds, o fato de eu estar na empresa há muito tempo. O UFC poderia ter feito um trabalho nesse sentido”, lamentou o peso-galo (61 kg).

Vindo de uma derrota e um empate em suas mais recentes apresentações, Rani Yahya busca a recuperação diante de Ray Rodriguez, neste sábado, pelo card preliminar do UFC Vegas 21. Um resultado negativo pode colocar em risco a continuidade do brasileiro na organização, que nos últimos meses tem dispensado alguns dos veteranos de seu plantel. Apesar de se mostrar ciente da importância de uma vitória, o peso-galo prega tranquilidade para encerrar o jejum e continuar sua trajetória no maior evento de MMA do mundo.

“Fico tranquilo. Eu tenho senso de realidade. Sei que nesse esporte a gente depende do resultado, e eu estou há duas lutas sem sair vitorioso. Mas eu estou tranquilo. Não estou nem pensando nisso. Eu já estive nessa situação e estou muito focado em dar o meu melhor no sábado”, concluiu.

No MMA profissional desde 2002, Rani Yahya soma 26 vitórias, sendo 20 por finalização, dez derrotas, um empate e um ‘no contest’ (luta sem resultado) na carreira. Pelo UFC, onde estreou em 2011, o brasiliense acumula 11 triunfos, quatro reveses, uma luta sem resultado e um empate, justamente em sua última apresentação.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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