Neste sábado (13), Gilbert ‘Durinho’ pode escrever seu nome de vez na história do Ultimate. O brasileiro encara o nigeriano Kamaru Usman, na luta principal do UFC 258 em Las Vegas (EUA), e pode se tornar o primeiro brasileiro campeão dos meio-médios (77 kg) da organização. Mas faltando poucas horas para o duelo que pode mudar a vida do atleta, poucos poderiam falar com propriedade sobre os detalhes que envolveram sua caminhada até aqui. Irmão mais novo do protagonista da noite e também atleta do UFC, Herbert Burns aceitou o convite da reportagem da Ag. Fight e deu detalhes do camp do veterano.
Tranquilo e bom de papo, o peso-pena (66 kg) não demorou para revelar um lado de ‘Durinho’ que os fãs conhecem pouco. Afinal, a carreira de um atleta profissional é caracterizada pela dedicação e empenho nos treinos, fazendo com que detalhes de sua vida pessoal sejam pouco visíveis. Não, é claro, para o irmão mais novo, que recordou essa época com saudosismo e bom humor.
“Era briga o todo dia (risos). Quando entramos no jiu-jitsu, diminuiu um pouco. Minha mãe falava que a gente já estava treinando (risos). Era briga, a gente ficava um pouco irritado, mas depois ficava na boa. Gilbert é um cara muito implicante (risos). Quando eu era menor, ele me irritava mudando o canal da TV, tirando o que estava assistindo. Era um dos motivos principais das nossas brigas naquela época” brincou.
Anos se passaram e os dois irmãos seguiram juntos, agora como parceiros de equipe. Ambos os atletas treinam na ‘Sandford MMA’, com sede na Flórida (EUA) e buscam se ajudar na técnica e estrategicamente nas atividades. Além deste companheirismo dentro da academia, Herbert valorizou a união deles também fora do mundo das lutas.
“Nossa relação sempre foi boa. Ele é um cara bem família, fica com as crianças, que parecem eu e ele mais novos, dois terroristas, bagunceiros demais. Eles têm muita energia. Mas a gente se fala mais na academia ou no fim de semana, vamos comer alguma coisa juntos, fazer churrasco. Trocamos ideia sobre tudo. Eu vejo mais o Botafogo, futebol, já ele é fissurado em luta, assiste tudo”, contou o atleta.
Ao lado de ‘Durinho’ desde seus primeiros passos nas artes marciais, quando os dois começaram a fazer jiu-jitsu junto com Frederick, o irmão mais velho deles, Herbert não deixou de se emocionar ao falar da atual fase do meio-médio. Ciente da mentalidade que Gilbert tem, o peso-pena adiantou sua confiança que neste sábado ele só vai dar o grande primeiro passo para se colocar como um dos maiores da história do UFC.
“Ele tem ética no trabalho, sempre trabalhou muito. Ele tem a perseverança da família. Ele é um cara que atingiu o nível mais alto no jiu-jitsu e agora está repetindo isso no MMA. É um feito para poucos. Tem gente que fez sucesso no jiu-jitsu, mas no MMA não consegue. Ele está se mantendo. Ele vai ser campeão, vai entrar para a história como o primeiro brasileiro campeão dos meio-médios do UFC e, futuramente, Hall da Fama do UFC. Quem sabe um dia a gente faça história como os primeiros irmãos campeões do UFC simultaneamente”, revelou o lutador, que tem duas vitórias e uma derrota na liga.
Mas para ‘Durinho’ marcar seu nome no UFC, ele primeiro precisa passar por uma tarefa que, até o momento, ninguém conseguiu na organização: derrotar Kamaru Usman. Na franquia desde 2015, o nigeriano possui 12 triunfos seguidos e já duas defesas de cinturão. Porém para Herbert, o brasileiro tem uma arma que vai ser decisiva para impor o primeiro revés do africano, que, inclusive, foi companheiro deles de equipe.
“O Usman tem a superioridade no wrestling, mas no chão eles são de mundos diferentes, com o Gilbert superior no jiu-jitsu. Eu vejo o ‘Durinho’ finalizando essa luta no jiu-jitsu. Na grade o Usman vai até fazer aquele jogo dele de abafa, pressão. Pode até derrubar nos segundos finais para pontuar e tentar levar os rounds, mas não vai querer fazer isso no centro do octógono. O ‘Durinho’ tem um jiu-jitsu de outro nível. Acho que sim (o Usman vai respeitar o jiu-jitsu do ‘Durinho’). Seria bom para ele”, finalizou.