Entrevistas
Gabi Garcia explica rivalidade com Kayla Harrison e torce por duelo: “Muito folgada”
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por
Carlos Antunes, no Rio de Janeiro (RJ)
Multicampeã mundial de jiu-jitsu, Gabi Garcia fez a transição para o MMA profissional há alguns anos, mas mesmo após ostentar uma invencibilidade após sete lutas disputadas, a brasileira segue afastada da modalidade desde 2018. Com poucos eventos apostando nas categorias femininas mais pesadas, a ‘gigante’ de quase 1.90m se vê com poucas opções para voltar a competir no esporte. Uma delas é a ex-judoca bicampeã olímpica Kayla Harrison, que atualmente é uma das estrelas do PFL, atuando no peso-leve (70 kg).
Além de ter uma estrutura física mais próxima da faixa-preta brasileira, a Kayla vem trocando farpas com Gabi nos últimos anos, seja através da mídia ou das redes sociais. Apesar disso, a gaúcha alega que o interesse da lutadora do PFL não é verdadeiro.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (veja acima ou clique aqui), Gabi acusou Harrison de impor uma série de empecilhos para que o duelo entre elas não aconteça. E, ainda que a brasileira tenha se disposto a aceitar as exigências da rival, de acordo com Garcia, não houve uma avanço nas negociações pela possível superluta. Apesar disso, a faixa-preta não desanima e reiterou seu desejo de, não só enfrentar a ex-judoca, como também lhe aplicar uma lição de humildade.
“A Kayla (Harrison) veio na internet falar merda, a Julia Budd (ex-campeã do Bellator) também. Eu aceitei todas essas lutas, mas ela (Kayla) sempre falando que eu era uma luta fácil. Que eu não tinha técnica para lutar com ela. Mas a Gabi de antigamente não é a mesma Gabi (de hoje). Aí eu cheguei para o meu manager e falei: ‘Olha, ela está me desafiando, eu quero lutar com ela. O que ela quer para lutar comigo?’. Aí já começa: ‘Luto em qualquer categoria, luto open weight (peso aberto)’. Eu falei: ‘Não, vai chegar na hora e não vai ser assim’. Aí: ‘Não, eu quero teste na Gabi, eu quero isso, eu quero aquilo’. Então, tá! Vamos! Quer me testar toda hora? O que você quer? Quer que eu bata quanto de peso? Eu falei com meu médico, (para saber) qual o mínimo que eu poderia chegar de peso. Tudo que ela estava pedindo. (Mas) na real, ela não quer lutar”, afirmou Gabi, antes de continuar.
“Então, ela vem falar: ‘Eu sou a número um’. Você é a número um do PFL, que te colocaram as lutas (boas) e fizeram evento para você, como o Rizin também colocou luta boa para mim. Só que ela não vem falar que é a número um, porque tem a Amanda (Nunes), po, tem a Cris (Cyborg). Ela está longe de ser… Então se eu sou uma luta muito fácil, por que não lutar comigo? A última adversária dela parece que tem 11 derrotas. Eu venho de sete vitórias. Então assim. Kayla, eu quero lutar com você. Primeira vez que eu desafio alguém. Ela me desafiou, a gente já vem batendo boca há dois anos, e eu falo: ‘O que você quer para poder lutar comigo? Você quer o teste, o (anti) doping? Você quer que eu bata o peso? O que você quer?’. Porque (só) me desafiar é fácil. Então, esse é o meu objetivo. Eu quero lutar com ela. Não sei quando isso vai acontecer, mas eu espero um dia lutar com a Kayla e abaixar essa bola dela porque ela é muito folgada”, concluiu.
Apesar das dificuldades em encontrar uma rival que aceite enfrentá-la, além de ainda dividir a carreira no MMA com sua grande paixão, o jiu-jitsu, Gabi Garcia segue atenta às oportunidades e promete voltar a competir na modalidade. A faixa-preta adiantou à Ag Fight que tem negociações para fazer mais três lutas, sem revelar por qual evento. De acordo com a lutadora, o Rizin – evento japonês pelo qual fez todas os seus combates até o momento – continua tendo prioridade sobre seus confrontos no MMA, apesar de não ter mais contrato de exclusividade com os asiáticos.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.