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Entrevistas

Empresária de Borrachinha revela salário no UFC: “Mais de 1 milhão de dólares”

Depois de um relativo longo período de negociação, Paulo Costa e UFC finalmente se entenderam e chegaram a um acordo pela renovação contratual do astro do peso-médio (84 kg). Ainda pendente de assinatura, o novo vínculo prevê uma valorização milionária na bolsa do lutador brasileiro, principal demanda que impedia o acerto entre as partes até então. O novo salário do mineiro, de acordo com o próprio atleta e sua empresária Tamara Alves, é o maior de um atleta do Brasil na organização neste momento e foi conquistado através de uma mudança significativa no gerenciamento da carreira de Borrachinha, que impactou diretamente nas tratativas com o Ultimate.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), Tamara e Borrachinha explicaram como a nova abordagem comandada pela empresária – que também é noiva do lutador – teve papel fundamental no desfecho positivo da negociação com o UFC. Apesar de não falar abertamente o valor que o atleta receberá por luta no novo acordo com o Ultimate, a gestora da carreira do peso-médio, que assumiu esse papel após Paulo romper com Wallid Ismail, deixou claro que se trata de uma quantia milionária.

“O Paulo deixou de ser um dos atletas mais desvalorizados para (virar) um dos atletas mais valorizados dentro do UFC. Eu tenho certeza, não tenho dúvida nenhuma, que hoje o Paulo é o atleta brasileiro mais bem pago dentro da organização. Eu não sei se você conhece algum atleta brasileiro que ganhe mais de um milhão de dólares por luta. Porque eu desconheço. Principalmente em lutas fora do título. (…) O produto do Paulo é um produto que o UFC sabe que vende. O pay-per-view do Paulo com o Adesanya foi a maior venda de pay-per-view dentro dos médios. O UFC tem esses números. O UFC sabe qual é o número que o Paulo alcança”, declarou Tamara Alves.

O sucesso nas tratativas com o UFC pode ter pego de surpresa parte da comunidade das lutas, já que nos últimos tempos a relação entre o lutador e a organização parecia estremecida, com Borrachinha inclusive cogitando se aventurar no boxe uma vez que estivesse livre do seu contrato antigo com a liga presidida por Dana White. No entanto, para o lutador mineiro, tudo pode ser explicado pela estratégia utilizada por Tamara durante as negociações.

Além da paciência, mantra repetido por ambos durante a entrevista, a empresária construiu uma equipe de profissionais especializados e com experiência inclusive dentro do próprio UFC, tudo para que conseguisse quantificar em números e métricas – de audiência, engajamento, venda de pay-per-views, entre outros – o valor real de Paulo Borrachinha para o Ultimate. Com tudo isso em mãos, restou para a companhia apenas sinalizar com a quantia que o lutador mineiro considerava justa.

“O que a gente vê majoritariamente no MMA é alguém que só conversa com o UFC e pergunta: ‘Qual vai ser a próxima luta do meu atleta?’. E volta e traduz do inglês para o português. E isso não é ser empresário. Ser empresário é investir, é fazer igual a Tamara fez. Ela foi atrás de pessoas que pudessem agregar na minha carreira, contratou essas pessoas. Ela tem um time, são basicamente todos americanos, ex-funcionários do UFC, que trabalham hoje em agências enormes nos Estados Unidos. E essas pessoas vieram para agregar, para falar: ‘Olha, o Paulo já consegue alcançar isso. Então, ele tem que receber algo semelhante ao que ele traz de retorno’. Essa foi a mudança de chave maior, eu acredito”, explicou Borrachinha, antes de completar.

“Primeiro, o atleta tem que vender, tem que conseguir trazer resultado para a empresa. E depois você precisa saber o quanto isso pode ser traduzido em valor financeiro, de retorno para o atleta. Acho que essa foi a maior sacada dela, com esse time que ela montou. A gente fez várias reuniões antes e todas elas foram muito produtivas porque a gente conseguiu quantificar esses números em métricas reais. E quando isso foi colocado na negociação, na mesa, basicamente não tiveram (UFC) muito argumento”, afirmou o lutador.

Os números e métricas serviram não só como argumento na negociação com o UFC, mas também para que a própria equipe de Paulo Borrachinha compreendesse a quantia justa por seus serviços. No final do ano passado, o lutador revelou que havia recusado uma proposta de renovação contratual feita pela entidade. Na época, a decisão do mineiro chegou a ser questionada por alguns fãs, mas hoje, após o novo acordo milionário com a liga, a negativa parece ter sido o caminho certo.

“Foi até divulgado que eu recebi uma proposta de 500 mil dólares, e as pessoas acharam que eram 500 mil dólares por seis lutas. Mas o UFC ofereceu 500 para lutar mais 150 (mil dólares) em caso de vitória por luta. Esse valor a gente recusou. Diante dos dados, a gente sabia que o potencial era enormemente maior do que isso, inclusive se eu fosse lutar fora do UFC. Porque a gente sabe que o UFC usa toda a máquina que eles possuem de mídia na hora da negociação para valorizar o que eles entregam, mas eles não fazem isso a seu favor, você tem que fazer por conta própria. Essa primeira proposta foi recusada, nós mandamos uma contraproposta e a partir daí a gente chegou no número que a gente realmente desejava”, recordou Paulo Costa.

Agora, com a renovação encaminhada, Paulo Borrachinha deve voltar seu foco total para sua carreira dentro do octógono, onde segue como um dos tops da divisão dos pesos-médios, de olho em uma nova oportunidade de disputar o título da categoria. Mas, com Tamara Alves gerindo sua carreira, o mineiro também está de olho em ampliar sua marca e fazer crescer sua base de fãs, e novas empreitadas devem surgir fora do cage no futuro próximo, como o lançamento do ‘secret juice’.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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