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Durinho desmente Masvidal e justifica pedido por cinturão BMF: “Mereço mais”

Escalado para medir forças com Jorge Masvidal no UFC 287, Gilbert Burns tentou ampliar ainda mais a importância do combate ao sugerir que o cinturão ‘BMF’ (‘lutador mais durão’) estivesse em disputa no dia 8 de abril. Porém, antes mesmo de receber uma resposta da própria organização, o brasileiro teve seu pedido negado pelo rival, dono do título simbólico criado pelo Ultimate em 2019, sob a alegação de que os contratos já estavam assinados. Mas, de acordo com ‘Durinho’, a história não é bem essa.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), Durinho desmentiu a informação passada por Masvidal e revelou que, apesar do próprio UFC já ter anunciado o confronto entre eles como algo oficial, o acordo neste momento é apenas verbal, faltando ainda a assinatura do contrato, ao menos de sua parte. Com isso, o pedido do niteroiense pela inclusão do cinturão ‘BMF’ na disputa e, consequentemente, da mudança de três para cinco rounds previstos para o duelo, em função de ter um título em jogo, poderia ser atendido caso houvesse anuência entre as partes.

O faixa-preta de jiu-jitsu também explicou os motivos que o levaram a fazer campanha por tais mudanças. Sobre a preferência por uma disputa de cinco rounds, Durinho justificou que a possibilidade de ter uma batalha de maior duração contra Masvidal pende a seu favor. Confiante, o ex-desafiante ao cinturão dos meio-médios (77 kg) do UFC acredita que seu adversário não teria chances contra ele se o duelo fosse previsto para durar 25 minutos.

“Não tem nem contrato (ainda). Eu só verbalmente aceitei a luta e eles (UFC) já anunciaram. Não tem nem contrato, por isso que eu pedi luta de cinco rounds. Ele (Masvidal) falou que já assinou, mas é mentira. Não chegou o contrato ainda. Por isso eu pedi cinco rounds, pedi o cinturão (BMF), não sei se vai rolar, mas ia ser maneiro se rolassem os cinco rounds, porque aí não tem ‘caô’. Ele é um cara muito experiente, às vezes eu vou estar me dando bem na luta e ele vai conseguir arrastar a luta. Mas cinco rounds? Eu quero ver ele arrastar a luta por cinco rounds. Então, a minha pedida para cinco rounds é porque ele não tem chance, com cinco rounds eu vou acabar com a luta. Três? Ele é um cara experiente, malandro, talvez consiga levar a luta ali. Mas cinco não tem como. Mas ele já negou”, explicou Burns.

A outra sugestão feita por Durinho, de colocar o cinturão ‘BMF’ em jogo no embate contra ‘Gamebred’, surgiu da crença por parte do lutador brasileiro de que, por conta de seu histórico na organização, merece mais do que seu oponente a alcunha de ‘lutador mais durão’ do UFC. Funcionário exemplar do Ultimate, o niteroiense recordou as diversas ocasiões nas quais aceitou compromissos com pouco ou nenhum tempo de preparação, ou contra adversários posicionados abaixo no ranking, e que nem sempre eram os mais vantajosos para sua carreira.

Por outro lado, desde que foi alçado ao posto de superestrela do Ultimate, Masvidal adotou uma postura mais seletiva em relação aos desafios encarados dentro do octógono, motivo que faz Durinho questionar o porquê do seu rival de divisão se manter como dono do título de ‘lutador mais durão’ da companhia. Apesar dos argumentos e da campanha iniciada por ele nas redes sociais, Gilbert Burns mostra-se pessimista sobre ter seu pedido atendido pelo UFC.

“E a pedida pelo cinturão (BMF) é porque eu acho que represento muito mais esse cinturão do que qualquer um na categoria. Eu era o número dois (no ranking) e lutei contra o Wonderboy (Stephen Thompson), que era o número cinco. Depois eu lutei contra o Khamzat (Chimaev), que era o número 11 ou 12. Agora eu lutei com o Neil Magny, que era o número 12. Vou lutar com o Masvidal, que está lá atrás. Eu luto contra qualquer um. E antes disso até, ofereceram luta com duas semanas (de antecedência) contra um russo invicto, ofereceram luta com duas semanas lá na Dinamarca contra o Gunnar Nelson, e eu pego as lutas. Eu não escolho luta”, afirmou Gilbert, antes de continuar.

“Esse cinturão tem muito mais a ver comigo do que com o Masvidal, por isso eu pedi. Pedi, mas não acredito que vai acontecer. (…) Faria sentido eu estar ganhando esse cinturão, mas não está no meu controle. Se estivesse, eu iria lutar por ele. Mas não está no meu controle. Eu acho que toda a mídia e os fãs do UFC sabem que eu mereço esse cinturão mais do que ele, mas eu duvido que isso vá acontecer, que eles vão colocar esse cinturão em jogo. Acredito que o Masvidal vai guardar aquilo ali para sempre, vai se aposentar com aquilo”, concluiu.

Desde que subiu do peso-leve (70 kg) para a divisão dos meio-médios, em agosto de 2019, Gilbert Durinho competiu oito vezes no octógono mais famoso do mundo, com seis vitórias e apenas duas derrotas, para Kamaru Usman, em disputa do título até 77 kg do Ultimate, e Khamzat Chimaev. No mesmo período, Jorge Masvidal subiu no cage quatro vezes, a metade dos combates disputados pelo brasileiro, com um triunfo, sobre Nate Diaz, que lhe rendeu a conquista do cinturão ‘BMF’, e três reveses, diante de Kamaru Usman, ambas em disputas de título, e Colby Covington.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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