Entrevistas
Dedé Pederneiras justifica sequência de rivais desconhecidos de José Aldo no UFC
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Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)
Ídolo nacional, José Aldo é um dos grandes atletas de MMA ainda em atividade no UFC. Entretanto, apesar de suas credenciais e ‘pedigree’ na modalidade, o brasileiro enfrentou adversários pouco conhecidos do grande público nas últimas duas rodadas: Jonathan Martinez e Mario Bautista. Tal cenário se repetirá pela terceira vez consecutiva neste sábado (10), no UFC 315, no Canadá, diante de Aiemann Zahabi. Alvo frequente de críticas por supostamente acatar cenários em que o ‘Rei do Rio’ mede forças com rivais aquém do seu legado, André Pederneiras, seu treinador e empresário, quebrou o silêncio sobre o assunto.
Em recente participação em uma live no canal da Ag Fight, na última segunda-feira (5), o líder da Nova União explicou como funciona a dinâmica de negociações nos bastidores junto ao UFC. Ciente do tamanho e importância de Aldo para a empresa, ‘Dedé’ garante que sempre prioriza atletas mais populares. Entretanto, ao melhor estilo ‘oferta e demanda’, a alta cúpula do Ultimate não tem atendido aos pedidos da equipe do brasileiro, oferecendo somente os oponentes sem grandes feitos no MMA.
“Vou falar exatamente o que acontece normalmente. A gente passa uma lista para o UFC de intenções (de adversário), que vai do campeão até o primeiro, segundo e terceiro ranqueados. É sempre a mesma coisa: ‘Me dá o primeiro, segundo, terceiro’. Aí dizem: ‘Para agora, tem esse’. Se você perguntar para qualquer um do UFC, eles nunca vão dizer que a gente negou alguma luta. Por exemplo, a luta que o Sandhagen fez agora, era a luta do Aldo, foi a luta que a gente pediu”, revelou o treinador.
Medalhões no radar
Mesmo não sendo a primeira opção de Aldo e sua equipe, as lutas contra oponentes de menor renome ao menos servem para manter o veterano de 38 anos ativo. Abrindo o jogo, Dedé Pederneiras rebateu as críticas de alguns fãs sobre a situação, ao revelar que o ‘Campeão do Povo’ tinha dois medalhões em seu radar: os ex-campeões Dominick Cruz e Henry Cejudo. O primeiro deles, inclusive, havia aceitado verbalmente encarar José no UFC Rio de 2024 – mas uma lesão frustrou tais planos.
“Os outros nomes que a gente pediu ou estavam com lutas marcadas ou teria que se esperar muito mais tempo do que a gente pretendia para lutar. Aí é aquilo: ‘O que tem para agora é isso’. Você vai ficar, esperar ou vai pegar? O Aldo não está em uma idade de ficar esperando muito e ver o tempo passar. A luta do Martinez a gente tinha pedido 5 meses antes, e não com ele. Ia ser contra o Dominick Cruz. Faltando 2 meses, com tudo certo e apalavrado, o Dominick Cruz machucou e falou que não iria lutar (…) Tem noção de quantas vezes a gente já pediu o Cejudo? Nem eu. Já perdi a conta”, relembrou Dedé.
Esperança de título
Mesmo alternando vitórias e derrotas nas últimas rodadas, Pederneiras acredita que Aldo tem potencial de ‘furar a fila’ por conta de seu apelo junto ao público. Ainda com ambições de disputar o cinturão, o brasileiro preza por se manter ativo para, caso surja uma oportunidade, conseguir abraçar. Isso justifica, em partes, o fato de aceitar medir forças contra Zahabi fora de casa, quando o próprio atleta canadense admitiu surpresa quando o confronto lhe foi oferecido pelo UFC.
“O Aldo tem o objetivo de chegar ao título, então a gente acaba pegando as lutas para poder caminhar e chegar em algum lugar. A gente sabe muito bem que o Aldo, mesmo pegando um cara abaixo dele, a partir de uma boa vitória, ele pode estar em uma rota de chegar ao título. Porque às vezes fulano machucou, outro tem outra coisa e eles (UFC) pensam: ‘Quem a gente pode colocar e que vai encher o evento?’ O Aldo. Então a gente se mantém ativo por isso. O Aldo é o melhor nome dessa categoria para chegar ali direto ou fazer uma luta e entrar direto (pelo título). Mas se a gente estiver parado esperando, (essa oportunidade) não vai chegar”, explicou o mentor do ‘Rei do Rio’.
Aldo faz a terceira luta em ordem de importância do UFC 315, atrás somente das duas disputas de título previstas para o evento. Além dele, outros quatro atletas reforçam o ‘Esquadrão Brasileiro’ no show. Também no card principal, Natália Silva duela contra a ex-campeã Alexa Grasso. Já na parcela preliminar, Jéssica Bate-Estaca enfrenta Jasmine Jasudavicius, Bruno Blindado encara Marc-Andre Barriault e Daniel Willycat mede forças contra Jeongyeong Lee.
Natural do Rio de Janeiro, Gaspar Bruno da Silveira estuda jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fascinado por esportes e com experiência prévia na área do futebol, começou a tomar gosto pelo MMA no final dos anos 2000.
