Entrevistas
Cris ‘Cyborg’ revela plano para se aposentar: “Mais três anos”
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Neri Fung, em Niterói (RJ)
Primeira lutadora a conquistar um ‘Grand Slam do MMA’, com títulos em quatro grandes organizações da modalidade, Cris ‘Cyborg’ já escreveu seu nome na história dos esportes de combate. Aos 37 anos, a curitibana – atual campeã peso-pena (66 kg) do Bellator – segue atuando em alto nível e agora se prepara para estrear no boxe profissional, no próximo dia 25 de setembro, no ‘Fight Music Show’, que terá como sede a sua cidade natal. Mesmo assim, a veterana já traça planos para o momento de pendurar as luvas.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), ‘Cyborg’ revelou que estipulou um prazo para se aposentar em grande estilo. De acordo com a lutadora, ela planeja se retirar dos esportes de combate quando completar 20 anos de carreira, ou seja, em 2025. Até lá, a curitibana pretende continuar se desafiando dentro do ringue de boxe ou do cage de MMA, de preferência em superlutas contra adversárias renomadas.
“É difícil falar, mas eu acredito que você tem que focar bastante (para seguir no boxe), é um esporte totalmente diferente. Mas, com certeza, se abrirem oportunidades para o boxe, eu vou fazer o melhor possível para ver se vai dar para manter os dois (boxe e MMA). Quero fazer superlutas para os meus fãs. Acredito que devo lutar mais três anos na minha carreira. Quero finalizar 20 anos lutando. E, com certeza, esses últimos tempos de luta eu quero fazer as melhores lutas que meus fãs esperam ver”, revelou Cris.
Considerada por parte da comunidade das lutas como a maior lutadora de MMA de todos os tempos, Cristiane Justino, a ‘Cyborg’, alcançou um patamar como atleta que lhe permite sonhar com uma despedida de gala, nos moldes da celebração que o Bellator planeja fazer para outra lenda do esporte, o russo Fedor Emelianenko, que deve pendurar as luvas em um evento promovido na Rússia, ainda sem data ou adversário divulgados.
Questionada sobre o assunto, a curitibana se mostrou empolgada e favorável à possibilidade de se despedir diante dos seus compatriotas no Brasil, em um grande evento programado para celebrar sua carreira. No entanto, a lutadora ressaltou que ainda não parou para pensar nos detalhes de sua luta de despedida e que gosta de viver um dia após o outro.
“Não sei, mas acho que lutar em casa (na despedida) é uma das coisas que seria muito especial. Fazer um grande evento no Brasil. Mas ainda não tenho isso em mente. Acho que eu vivo um dia de cada vez. Eu gosto de dar um passo de cada vez”, afirmou.
O fato de “viver um dia de cada vez” é também o responsável por ‘Cyborg’ tratar a aposentadoria ao atingir 20 anos de carreira como um planejamento e não uma certeza absoluta. Apesar disso, a lutadora admite que já vem se preparando para a vida após deixar o esporte e, ao que parece, tem muito claro em sua mente qual caminho deve seguir depois que pendurar as luvas.
“Na verdade, você faz os seus planos, mas (às vezes) Deus tem um plano melhor para você. Eu planejo finalizar com 20 anos de carreira. Estou fazendo 17 anos lutando e eu quero finalizar 20 (anos). Mas a gente não sabe quais são os planos de Deus. E pensar em outras oportunidades. A gente para de lutar muito novo, então você tem que preparar outra carreira, outras coisas. Então, eu venho trabalhando isso nesse período, a gente tem o ‘Nação Cyborg’, eu tenho o ‘Camp Pink Belt Fitness’, tenho meus investimentos. Com certeza, eu quero fazer um trabalho missionário também, dando continuidade nesse trabalho. É isso… dando oportunidade para novos atletas, novas pessoas, ser exemplo para todas as pessoas para onde eu vou. É isso que eu tenho em mente, mas está nas mãos de Deus”, concluiu.
Cris ‘Cyborg’ iniciou sua carreira no MMA profissional em maio de 2005, com uma derrota para Erica Paes, no evento ‘Show Fight 2’. Depois do revés na estreia, a curitibana engatou uma sequência invicta de 13 anos, período no qual conquistou os títulos peso-pena do Strikeforce, Invicta FC e UFC. Sua longa invencibilidade caiu em 2018, ao ser nocauteada por Amanda Nunes, em duelo que marcou o fim de seu reinado na divisão até 66 kg do Ultimate.
Depois de encerrar sua passagem pelo UFC, ‘Cyborg’ assinou com o Bellator e, logo em sua estreia pela organização, bateu Julia Budd e conquistou o cinturão peso-pena da liga, seu quarto título em grandes eventos, se tornando a primeira lutadora a chegar ao ‘Grand Slam do MMA’. Agora, a curitibana fará sua estreia no boxe profissional, no card da segunda edição do ‘Fight Music Show’, em Curitiba (PR), no dia 25 de setembro, diante da experiente pugilista Simone Silva.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.