Depois do fim do longo reinado de Alex ‘Poatan’ Pereira, em 2021, a divisão dos médios (84 kg) do Glory pode voltar a ter um campeão nascido no Brasil. Neste sábado (11), o paulista César Almeida subirá no ringue do maior evento de kickboxing do mundo para disputar o título até 84 kg da companhia contra o atual dono do cinturão, o surinamês Donovan Wisse, em evento que será realizado na Alemanha. E o desafiante contará com uma torcida especial que, de acordo com o próprio lutador, serve como uma espécie de combustível para conquistar seu objetivo e, quem sabe, ir além.
Conforme divulgado pelo perfil oficial dedicado aos fãs brasileiros do Glory no ‘Instagram’ (veja abaixo ou clique aqui), Alex Poatan declarou sua torcida para que seu compatriota traga de volta para o Brasil o cinturão peso-médio da organização. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, ‘Cesinha’ destacou a importância de ter o apoio do ex-campeão do torneio neste momento e revelou, inclusive, que pôde conversar um pouco com o lutador do UFC, em busca de uma troca de experiências que pode lhe render frutos no sábado.
“Isso é muito importante para mim, saber que ele está na torcida por mim, a gente poder ter trocado uma ideia, falado sobre a luta. A gente até falou um pouco sobre a luta, trocamos umas ideias. Isso é profissionalismo. O Poatan ficou muito tempo reinando nessa categoria no Glory. Ele é um cara diferente, um atleta espetacular, um dos melhores que a gente tem no mundo da luta. O cara está fazendo história cada vez mais. E tê-lo na torcida por mim é gratificante. A gente já se enfrentou algumas vezes, já foram 13 rounds (risos). É motivo de orgulho porque eu vejo que é possível chegar nesse patamar também e alcançar grandes voos”, afirmou Cesar Almeida.
Curiosamente, Cesinha e Poatan já se enfrentaram em três oportunidades no passado, todas sob as regras do kickboxing, com uma vitória para o desafiante ao cinturão do Glory e duas do atual campeão do UFC. Mas o profissionalismo de ambos fez com que a rivalidade entre eles nunca saísse do ringue, o que explica a boa relação e a torcida de Alex Pereira pelo compatriota. Sentimento este que é recíproco, conforme o próprio atleta do Corinthians faz questão de deixar claro.
“Eu torço para que ele mantenha o cinturão do UFC, ganhe do (Israel) Adesanya de novo. E que eu traga esse cinturão do Glory de volta para o Brasil, para a gente ter o melhor lutador peso-médio de MMA do mundo e o melhor lutador peso-médio de kickboxing do mundo. Isso seria espetacular para o Brasil, ainda mais para um país como o nosso e vindo de onde a gente vem, com toda a nossa história de superação”, declarou.
E a ligação de Cesar Almeida com Alex Poatan pode ir até mesmo além do que repetir o seu feito e conquistar o cinturão peso-médio do Glory. De acordo com o próprio kickboxer, há também a possibilidade de seguir os passos de seu antigo rival e, no futuro, migrar para o MMA, modalidade na qual, atualmente, Poatan dá continuidade à sua carreira de sucesso nos esportes de combate já ostentando o título até 84 kg do Ultimate.
As coincidências não param por aí. Assim como Poatan, Cesinha também já deu seus primeiros passos no MMA enquanto foca sua carreira no kickboxing. Além disso, o paulista deixa claro que sua prioridade no momento é conquistar o título do Glory e se consolidar como o campeão indiscutível do evento, para só depois pensar em possivelmente dividir suas atenções com as artes marciais mistas ou, quem sabe, migrar definitivamente como fez seu antigo rival.
“O MMA passa pela minha cabeça. Eu gostei muito de treinar MMA, de lutar MMA. Foi um desafio novo, um treinamento totalmente diferente, foi muito bom para mim. Eu fiz duas lutas (de MMA) no ano retrasado (2021), estou com três vitórias (no total). Eu quero ser campeão do Glory, manter o cinturão durante um tempo e, depois quem sabe, migrar para um evento grande de MMA. É motivador fazer coisas diferentes. Eu já faço kickboxing há 15 anos, é uma coisa que já está no meu sangue, eu amo fazer. E quando eu for para o MMA, eu não preciso parar com o kickboxing, posso continuar lutando os dois, posso tentar fazer isso. Eu não penso nisso agora, mas é claro que no futuro seria um caminho muito interessante e desafiador”, projetou o lutador, que possui um cartel de três vitórias e nenhuma derrota no MMA.
No entanto, antes de pensar em uma possível migração para o MMA, Cesinha precisa alcançar seu objetivo de ser campeão do Glory. Para isso, o brasileiro terá que superar o atual dono do cinturão até 84 kg da companhia, Donovan Wisse, que já o venceu em sua estreia pela entidade, no ano de 2019. De lá para cá, muita coisa mudou, garante o paulista, que prevê que a revanche será completamente diferente do primeiro duelo contra o atleta do Suriname.
“Mudou completamente, essa luta foi em 2019. Parece que foi ontem, mas já faz um tempo grande. Os dois evoluíram muito, são dois atletas de ponta. Eu sou o número um e ele é o campeão, e eu mostrei na minha última luta que eu sou um lutador muito diferente do que eu era na época da primeira luta com o Donavan. Ele mudou bastante também. Então, vai ser uma luta totalmente diferente, a estratégia está diferente, os treinamentos mudaram… Hoje eu tenho acompanhamento psicológico, tenho um time de três treinadores, tenho parceiros de treinos ótimos, todos nós focados no mesmo objetivo. Tenho preparador físico, fisioterapeuta, uma estrutura boa no Corinthians. Então, acredito que dessa vez eu estou totalmente diferente. Na primeira luta foi minha estreia no Glory, já contra o número um da categoria. Eu demorei muito para entrar naquela luta, é um erro que eu não vou cometer de novo”, prometeu o brasileiro.
Aos 34 anos de idade, Cesar Almeida vive o auge de sua carreira no kickboxing. O paulista, que compete profissionalmente desde 2009, possui um cartel na modalidade de 47 vitórias, sete derrotas, um empate e um ‘no contest’ (sem resultado). Por outro lado, Donovan Wisse, de 25 anos, soma 17 triunfos e apenas um revés no currículo. O surinamês vai para sua segunda defesa de título no Glory. Na primeira, superou o português Juri De Sousa, em agosto do ano passado.