Siga-nos
exclusivo!
Louis Grasse/PxImages

Entrevistas

Augusto Sakai revela que carta de fã o ajudou a superar fase difícil na carreira

Conviver com uma má fase, principalmente depois de passar por um longo período de invencibilidade, pode mexer com a mente até mesmo dos mais fortes competidores de alto nível. E não foi diferente com Augusto Sakai. Após iniciar sua trajetória no UFC com quatro vitórias consecutivas, o peso-pesado amargou três derrotas por nocaute na sequência, o que fez com que muitas dúvidas surgissem. Mas, no pior momento de sua carreira, o curitibano teve uma ajuda inesperada e, ao mesmo tempo, fundamental para que ele levantasse a cabeça e recuperasse a motivação necessária para buscar dar a volta por cima.

Enquanto ainda se adaptava aos primeiros treinos na equipe ‘American Top Team’, na Flórida (EUA), para onde rumou em busca de novos ares após realizar seus últimos camps de preparação em Curitiba (PR), Sakai – que, neste sábado (6), enfrenta Sergey Spivak, no card principal do UFC Vegas 59, em busca de recuperação – recebeu uma encomenda bastante especial: uma carta de um fã que mora no Canadá. E a correspondência não poderia ter chegado em um momento mais apropriado.

“Foi muito importante. Quando você está vindo de quatro vitórias seguidas, é fácil todo mundo te aplaudir. Até pessoas que estão próximas a você, todo mundo te aplaude. Mas, a partir do momento que você tem três derrotas seguidas, até algumas pessoas próximas começam a duvidar do seu potencial. E você vai percebendo que as coisas vão mudando. Após três derrotas, muita coisa muda. São poucas pessoas que continuam do seu lado, poucas pessoas que querem realmente o seu bem, que querem ver você dar a volta por cima. Eu cheguei aqui na American Top Team, nos Estados Unidos, e estava um pouco (em dúvida) tipo: ‘Como vai ser esse camp? Como vai ser a próxima luta?'”, relembrou Sakai, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight.

Ainda buscando deixar para trás as dúvidas plantadas em sua cabeça após as derrotas em sequência e vendo muitos dos que o apoiavam virando as costas, o lutador teve um momento de epifania ao ler a mensagem enviada pelo fã. As palavras de incentivo escritas por uma pessoa que Sakai nem sequer conhece serviram para renovar os ânimos do peso-pesado e, finalmente, entender o seu propósito no esporte, como o próprio admite.

“E logo na primeira semana, eu acho que esse fã viu que eu estava aqui, e ele já mandou a carta, mandou os cards, que eles pedem para autografar. Mas junto com os cards ele escreveu uma carta, dizendo que era muito meu fã, que me acompanhava e que independentemente dessas três derrotas que ele acreditava que eu poderia dar a volta por cima, e que ele ia continuar me acompanhando e que estava torcendo muito por mim. E aquilo foi no final de um dia muito puxado de treino e na hora que eu vi aquilo, eu falei: ‘Caramba, eu acho que é isso. Esse é o sentido de lutar, de estar aqui, de fazer isso’. É poder tocar a vida das pessoas ao redor do mundo sem nem conhecê-las”, contou o brasileiro, antes de continuar.

“Através do esporte, através da luta, através do UFC. Onde o UFC nos leva. O UFC nesse caso nos levou lá para o Canadá, uma pessoa que mora lá, que acompanha, que torce por mim, que se inspira em mim, foi o que ele escreveu ali na carta. Foi uma coisa muito importante para mim porque eu acho que essa é a minha missão. Eu não estou aqui só pelo dinheiro. Claro que o dinheiro é bom e eu quero muito, mas você poder incentivar as pessoas através do seu trabalho é sensacional, e é uma coisa que eu prezo muito. Receber essa carta foi importantíssimo para mim e, com certeza, me deu um gás a mais, por saber que eu estou no caminho certo, independentemente de vitórias ou derrotas”, finalizou o peso-pesado.

Oriundo da versão brasileira do programa ‘Contender Series’, Augusto Sakai iniciou sua trajetória no UFC de forma avassaladora, com quatro vitórias na sequência, que o levaram ao top 15 dos pesos-pesados. Porém, depois do começo promissor, o curitibano engatou uma sequência negativa, sendo nocauteado três vezes consecutivas nas suas mais recentes apresentações, o que coloca sua continuidade na organização diretamente ligada ao resultado do combate deste sábado, contra Sergey Spivak.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

Mais em Entrevistas