Siga-nos

Entrevistas

Ex-campeão dos pesados do UFC, Fabrício Werdum indica aposentadoria do MMA

Após cerca de 20 anos no MMA profissional, a carreira de Fabrício Werdum na modalidade pode ter chegado ao fim. O ex-campeão do peso-pesado do UFC, que trilhou um caminho glorioso no esporte, com conquistas marcantes, revelou em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight (clique aqui) que não deve mais subir em um cage.

Desde que decidiu sair do UFC, em julho de 2020, Fabricio Werdum se mudou para Florianópolis (SC) com sua família, mas quando assinou contrato com o PFL, foi obrigado a voltar para os Estados Unidos para realizar seu camp na ‘Kings MMA’. Portanto, ao tomar conhecimento do sacrifício que precisava fazer nesta altura de sua carreira, o gaúcho pesou os prós e os contras de continuar no MMA e tomou sua decisão.

“É meio complicado dizer isso para um lutador, depois de 24 anos lutando. Até minha mulher fica dizendo para eu falar que me aposentei, que parou… Eu respondo que não vou falar. (…) Mas falando de MMA, acho difícil eu voltar, porque é uma dedicação a mais, tenho que ficar dois, três meses nos Estados Unidos e estou morando no Brasil há um ano e três meses. Se rolar uma luta de boxe, eu lutaria. Tem uma dedicação? Tem, mas não como o MMA. O MMA é muito complexo, são várias modalidades, dia inteiro treinando. Então resumindo: lutaria boxe, sim, mas MMA, não. Teria que ser uma proposta de outro mundo para eu parar de fazer o que tenho feito agora”, explicou.

Além da questão familiar, o desfecho da sua última apresentação no MMA também ajudou Werdum a escolher se afastar da modalidade. Em maio de 2021, o ex-UFC encarou Renan ‘Problema’, em torneio do peso-pesado do PFL, e o resultado do combate virou um ‘No Contest’, após a polêmica com o rival do gaúcho, que teria desistido ao ser finalizado, mas o árbitro seguiu a luta e o ‘Vai Cavalo’ foi nocauteado.

“São muitos anos lutando, depois que aconteceu aquela polêmica no PFL, que o (Renan) Ferreira bateu e nunca falou que bateu, mas vimos que ele bateu. Então aquilo me desmotivou muito. Tudo que fiz minha vida, de ficar longe da família, me dedicar, ficar meses longe. Esse último camp que fiz nos Estados Unidos eu senti muito e deu essa polêmica, ficou naquele ‘No Contest’. Me desmotivou e para você ver eu fiquei quase um ano sem treinar. (…) Depois de todos esses anos, ficar longe da família de novo? Por que eu tenho que fazer de novo tudo isso? Eu não preciso disso. Graças ao meu esforço, fiz o que eu queria e também fiz o ‘pé de meia’ para a família”, afirmou.

Esta última aparição, inclusive, fez Werdum abrir os olhos com uma outra questão que muitos atletas sofrem quando param de atuar: sequelas físicas. Por ter tomado muitos socos do rival, o peso-pesado passou por uma bateria de exames na cabeça para ver a gravidade dos danos. Sendo assim, por prezar ter uma vida saudável após sua carreira como lutador, o gaúcho preferiu não se arriscar mais dentro do cage.

“Então pensei preciso fazer ainda? Eu tenho certeza que não. Quantas lesões eu escondi para poder lutar, de estar doendo ao extremo, o médico perguntar algo e eu falar que está tudo bem? Dessa última vez pegou na minha têmpora, lugar muito sensível. Então não vou fazer mais isso, vou me cuidar. Tenho a parte depois da carreira, quero estar com minhas filhas. Estou aqui em Florianópolis, pego meu barco, dou uma volta com minha família. Isso que eu queria. Podia estar aqui com você aqui sequelado, sem falar direito. É bem importante nessa transição, como empreendedor também”, concluiu.

Fabrício Werdum iniciou sua trajetória no MMA em 2002, com um cartel de 24 vitórias, sendo 12 por finalizaçã, nove derrotas, um empate e um ‘No Contest’. O gaúcho alcançou o auge de sua carreira em 2015, quando foi campeão dos pesados do UFC. O lutador também outras organizações de renome no esporte, como Pride e Strikeforce. O ‘Vai Cavalo’ é o único competidor da história a conseguir finalizar Cain Velásquez, Fedor Emelianenko e Rodrigo ‘Minotauro’, três lendas dos pesados da modalidade.

Mais em Entrevistas