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Planos ambiciosos, estrutura milionária e decoração inusitada; conheça o ‘UFC Apex’
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por
Diego Ribas
O complexo ainda não está completamente finalizado, mas a parte principal do novo prédio do UFC na cidade de Las Vegas (EUA) já está pronta para ser usada e, nas palavras do presidente Dana White, fazer história. Construído em um terreno de pouco mais de 12 mil km2, o edifício ‘UFC Apex’ passou bem no primeiro teste, realizado na última terça-feira (18), quando o primeiro episódio da nova temporada do ‘Contender Series’ foi transmitido ao vivo, com direito a centenas de fãs na plateia.
A princípio, a estrutura chega para atender uma velha demanda do UFC. Com o crescimento de seus produtos para TV, como reality shows, locais diferentes eram alugados e por vezes não continham toda a estrutura ou capacidade necessária para atender aos planos da organização. Desta forma, o novo complexo surge a menos de 200 metros do escritório sede do evento e já nasce com poder para reunir todos os programas da empresa, além de acomodar fãs e veículos de mídia — e os planos megalomaníacos de Dana White.
“Compramos outros tantos terrenos aqui em volta e nos próximos quatro ou cinco anos o nosso projeto será incrível, vai estourar a mente de vocês. Teremos uma nova academia, poderemos ampliar nosso PI (Instituto de Performance)… Hoje, com esse novo prédio, temos nosso próprio ‘network’, o que nos dá a capacidade de produzir e transmitir nossos próprios shows para todo o planeta. Se quisermos, podemos fazer um show por dia”, narrou, sempre empolgado, Dana White, enquanto liderava um tour de apresentação do local para os jornalistas que vivem na cidade.
Presente ao encontro, a reportagem da Ag. Fight tentou arrancar do cartola o valor investido até o momento, resposta essa que foi vetada por um sorridente White. “Existem valores que se eu tornar públicos podem me dar dor de cabeça (risos)”. Sentado na beira do cage (que por tradição mantém 30% a menos de área de luta para duelos no ‘The Ultimate Fighter’ e no ‘Contender Series’), o presidente da empresa não economizou no discurso.
A promessa para o plano de negócios é de investir em ‘streaming’ através do ‘Fight Pass’, a plataforma própria da organização. Lá, algumas lutas iniciais de cards de menor visibilidade do UFC já são transmitidas, mas agora devem receber a partir dos próximos meses a companhia de mais produções próprias, inclusive de combates de boxe.
“Podemos montar um ringue aqui e produzir um evento e transmitir para o mundo todo, e os lutadores terão uma visibilidade que nunca tiveram antes. Não sei ainda dos detalhes, mas vamos trabalhar com boxe, MMA, jiu-jitsu, shows de rock… Escutem, o streaming é o futuro”, declarou, antes de se esquivar de possíveis contratempos com atuais parceiros.
Afinal, ESPN, Canal Combate e TSN são alguns dos grupos de mídia que detêm pelos próximos anos os direitos de transmissão do UFC tanto para TV como para internet (EUA, Brasil e Canadá, respectivamente). “É uma questão de educar o público. Todo mundo vai passar a assistir conteúdo via streaming, e em algum momento todo o maior conteúdo de lutas do mundo estará no Fight Pass”, declarou, confiante.
Decoração inusitada
Ao longo do tour, Dana White também apresentou seu escritório, milimetricamente posicionado entre a arena de lutas e uma garagem própria. Lá, o espaçoso cômodo conta com sofás, estantes, amplo banheiro e duas fotos que chamam mais a atenção do que o restante do trabalho desenvolvido pela designer pessoal do cartola.
Ao entrar no recinto, uma imagem grande na parede oposta aponta para aquele que talvez tenha sido o maior momento do dirigente de quase 50 anos como promotor de lutas. Uma foto em preto e branco da encarada de Conor McGregor e Floyd Mayweather — em que o irlandês apenas mira os olhos do rival, que responde com um grito a centímetros de seu rosto — é o cartão de visita para o projeto de pouco mais de 4,600 mil km2. O duelo registrou nada menos do que 4.3 milhões de pay-per-views vendidos, alcançando a segunda maior marca da história.
Na parede contrária, a que acompanha a porta de entrada, no entanto, uma imagem diferente. Amanda Nunes, dona dos cinturões dos pesos-galos (61 kg) e penas (66 kg), esbanja sorrisos e alegria ao correr pelo octógono com os dois títulos nos ombros logo após nocautear a compatriota Cris ‘Cyborg’, em dezembro de 2018.
“Essas fotos são demais. Essa é f***, não tem como ser mais incrível do que essa. A encarada… A foto da Amanda eu gosto também, nossa champ-champ, alguém por quem eu tenho um grande respeito e uma ótima relação”, decretou o guia da visita.
O ambiente seguinte, uma espécie de antessala, chamou a atenção pela lona esticada na parede. A peça, comemorativa ao aniversário de 25 anos do evento, ostenta não apenas o icônico primeiro logo apresentado pelo UFC em 1993, como também manchas de sangue colecionadas ao longo da noitada de lutas liderada por Yair Rodriguez e Chan Sung Jung, o ‘Zumbi Coreano’, em novembro do ano passado. Um belo convite para que a visita ganhe novo fôlego.
Em um misto de saudosismo pela história feita até então com uma clara ansiedade pelo que está por vir, salas inteiras vazias foram apresentadas apenas com marcações no chão e figuras ilustrativas para facilitar a visualização dos equipamentos que, no futuro, irão compor o sistema de network do UFC — que deve contar com transmissão simultânea para dezenas de países e em até quatro idiomas.
A seguir, as camisetas de todas as equipes já gravadas no ‘The Ultimate Fighter’, tanto vencedoras como derrotadas, foram enquadradas e emolduradas nas paredes, a exemplo do que era feito no antigo prédio. A diferença, no entanto, fica por conta da disposição das mesmas, uma vez que parte delas é apresentada logo na entrada, enquanto que outra só poderá ser vista em um espaço restrito aos atletas que estiverem competindo no dia.
Nesta terça, coube a Punahele Soriano e Yorgan De Castro darem o passo inicial da nova história do evento. Ao vencerem, respectivamente, Jamie Pickett por pontos e Alton Meeks por nocaute no primeiro assalto, os atletas se tornaram os primeiros a assinarem um contrato com o UFC nas novas dependências da empresa — feito este que deve se tornar rotina nas próximas nove semanas marcadas para receberem os novos episódios do ‘Contender Series’.
Editor da Ag Fight e colunista do UOL, Diego Ribas cobre MMA desde 2010 e atualmente mora em Las Vegas