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Treinador de Werdum, Rafael Cordeiro revela luta contra a depressão após a morte da mãe

A saúde mental é essencial na vida de todo ser humano e qualquer condição que a afete deve ser reconhecida e tratada com seriedade. Nos bastidores do UFC 246, realizado no último sábado em Las Vegas (EUA), Rafael Cordeiro – reconhecido como um dos principais treinadores de MMA do mundo – conversou com a imprensa, com a presença da Ag. Fight, e revelou que tem sofrido de depressão nos últimos anos.

De acordo com o líder da academia ‘Kings MMA’, o quadro depressivo se instaurou após a morte de sua mãe, às vésperas do UFC 198, no qual Fabrício Werdum, seu aluno, colocou o cinturão peso-pesado em disputa contra Stipe Miocic, e acabou derrotado. A doença, que antes era vista por ele como ‘frescura’, pegou o treinador de tal forma que ainda hoje ele não se considera completamente recuperado. Apesar disso, Rafael afirmou que a depressão não interferiu em seu trabalho com seus lutadores, mas admitiu que o tratamento tem contribuído para que retome alguns aspectos de sua vida que haviam ficado de lado.

“Treinando bastante. Sempre treinei, mas não com foco que treino agora. Fiquei um bom tempo parado de treino, mais dando aula. Depois que a minha mãe faleceu, tive um momento que fiquei muito depressivo. Descobri que estava com depressão. Comecei a ver o que tinha que fazer para retomar a vida normal. Graças a Deus voltei a treinar, perdi 25kg em seis meses. Estou voltando à forma de garoto. Fazendo muay thai, jiu-jitsu, gosto de correr, mas a base do treino ainda é a academia”, revelou Cordeiro, antes de completar.

“Você tem que estar ativo. Meu problema nunca foi parte técnica, sempre treinei bastante. Meu problema foi que em um momento da minha vida perdi uma pessoa especial. Não tive o tempo de viver o luto. Primeira vez que falo sobre isso. Minha mãe faleceu um dia antes da luta do Werdum em Curitiba. Estava preparando o campeão para lutar com a minha mãe no IML, tendo que sair dali e preparar enterro. Me puxei muito e não tive tempo de viver a dor. A dor veio depois, soube trabalhar isso e voltar a treinar. Foi um grande passo para sair disso. Recomento às pessoas, procurem saber mais de vocês. Achava depressão uma frescura, “veadagem” do cacete, que não era coisa de homem. Sem homofobia, mas foi uma coisa que descobri que precisava trabalhar e você entra no centro de tudo. Hoje estou mais centrado quanto a minha pessoa. Não quanto aos atletas porque, se deixei minha mãe no IML para estar com um campeão, quer dizer que posso. Mas estou me conhecendo mais”, contou o curitibano.

Agora ciente da seriedade com que se deve ser tratada a depressão, Cordeiro revelou que precisou procurar ajuda especializada para tratar sua condição. O treinador aconselhou as pessoas que sofrem do mesmo problema a procurarem ajuda profissional.

“Estou fazendo terapia uma vez por semana, uma coisa bem boa. Não está atrapalhando profissionalmente, mas em um momento da vida aquilo me travou e estou me desbloqueando do que estava me travando. É forte falar isso, mas é verdade, acho interessante falar. Ninguém está livre disso, depressão é uma coisa que te deixa numa tristeza profunda e você não sabe o por quê. Nas redes sociais as pessoas so veem sorrindo, mas nas internas a batida é diferente. Não sou o único que trabalha isso, várias pessoas trabalham e aconselho a trabalharem porque faz diferença”, concluiu Rafael.

Líder da academia ‘Kings MMA’, Rafael Cordeiro ganhou notoriedade mundial no cenário do MMA quando ainda fazia parte da equipe ‘Chute Boxe’, de Curitiba. Em seu currículo, o treinador possui inúmeros lutadores de renome e história no esporte, como: Fabrício Werdum, Kelvin Gastelum, Maurício ‘Shogun’, Wanderlei Silva, Rafael dos Anjos, entre outros.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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