Lançado há quase uma década e já consolidado no mercado internacional, o UFC Fight Pass chegou ao Brasil no início deste ano, após o fim da parceria de longa data da entidade norte-americana com o Grupo Globo, que transmitia os eventos da liga de MMA através do canal de TV por assinatura ‘Combate’. E, ainda que guarde muitas semelhanças com o produto já existente no resto do mundo, a plataforma de streaming do Ultimate no Brasil traz características próprias, pensadas pelos dirigentes da empresa para se adequar e otimizar a mesma à realidade brasileira.
Um dos principais diferenciais vistos na versão verde-amarela do Fight Pass do UFC é o fato da plataforma ser mais ‘completa’ do que a encontrada nos Estados Unidos, por exemplo, onde os shows numerados não fazem parte do pacote e são vendidos avulsos em forma de pay-per-view. O método, no entanto, não faz parte da cultura nacional e o Ultimate levou isso em consideração, incluindo todos os eventos realizados e transmitidos pela organização ao vivo no serviço de streaming que chegou ao Brasil com o valor promocional de R$ 24,90 por mês no pacote anual, sem acréscimo de valor.
O preço do novo produto do UFC em terras brasileiras, por sinal, também foi motivo de estudo e adequação à alta cúpula da entidade norte-americana. A decisão de tornar o valor do Fight Pass o mais acessível possível para o fã de lutas, além de levar em conta a realidade financeira do Brasil e a diferença de patamar entre o Real e o Dólar, compõe outra parte do plano traçado para que a nova empreitada da companhia seja um sucesso. À Ag Fight, em encontro com a imprensa promovido na Barra da Tijuca (RJ) nesta quinta-feira, David Shaw, vice-presidente global do Ultimate deu mais detalhes sobre a operação.
“Primeiro de tudo, o espírito do que nós estamos tentando fazer é entregar o produto mais focado no fã que podemos no Brasil. Esse é o grande ponto disso. Nós queremos entregar um produto que é financeiramente muito mais acessível do que nós tínhamos no passado. Nós queremos entregar um produto que tem programação local, em termos não apenas no ao vivo, mas também em todo o conteúdo original que nós estamos produzindo. Histórias locais sobre os atletas, a história do UFC no Brasil, todas essas coisas que são imensamente importantes para a nossa base de fãs. (…) Nós queríamos entregar um produto de serviço de streaming que seja acessível em tablets, celulares, na internet, nos consoles de vídeo game. Nós queremos estar onde nossos consumidores estão. Então, quando você junta tecnologia de elite, um ótimo preço para nosso consumidor, conteúdo local que realmente fala com a base de consumidores aqui, nós sentimos que é uma ótima fórmula de sucesso para a nossa estratégia de entrega de conteúdo”, explicou o dirigente.
Parte importante do sucesso comercial do UFC principalmente nos Estados Unidos, as vendas de pacotes pay-per-view por cada evento numerado não fazem parte dos planos da entidade para o país – pelo menos neste momento. A título de comparação, um pacote de PPV nos EUA gira em torno de R$ 350.
“O que o Dana queria fazer é ter um preço e incluir tudo que o brasileiro gostaria de ter. Nós não queríamos desenvolver um mercado de pay-per-view. Então, se você está interessado no Fight Pass e quiser pagar R$ 24,90 por mês em uma base anual para ter todo o conteúdo do UFC é disso que se trata o UFC Fight Pass. Nós não queríamos cobrar um valor extra pelo pay-per-view. A base de fãs do Brasil merece ter todo esse conteúdo, em um preço único por mês, 42 eventos. Nós temos 28 parceiros de eventos ao vivo, todas as outras promoções de MMA e jiu-jitsu, e o Fight Pass Invitational, Shooto Brasil e uma variedade de outras coisas. Tudo está incluído nesse preço”, comentou David Shaw.
Aposta na massificação do esporte
A estratégia da empresa tem como objetivo tornar o UFC, e os esportes de combate em geral, que também estão presentes no Fight Pass da organização, em algo ainda mais popular no ‘país do futebol’. Ampliar e fidelizar a base de fãs, através do acesso fácil ao conteúdo das lutas, é um dos pilares da escolha por adaptar a plataforma de streaming às características do Brasil, principalmente o preço.
“A acessibilidade do nosso produto, do nosso conteúdo, está disponível para todo mundo nesse país. Existem mais de 200 milhões de pessoas nesse país, nós reconhecemos que existem aproximadamente 50 a 55 milhões de fãs do UFC nesse país. Então, um quarto da população do Brasil é de fãs do UFC. Se nós fossemos nos excluir por preço alto desse mercado, nós pegaríamos uma fatia muito pequena. Então, a teoria e a estratégia por trás da precificação ter tudo incluído por um preço baixo é nós continuarmos a fazer esse esporte crescer. Esse país merece que as artes marciais mistas continuem a crescer, como tem crescido nos últimos 20, 25, 30 anos. Então, parte da tese aqui é que se a gente puder trazer o máximo de gente possível para o bolo, e as pessoas comuns, talvez você seja um fã de futebol, ou talvez você goste de tênis ou Fórmula 1, você agora tem acesso à toda biblioteca do UFC e não sentir que é muito caro para consumir o UFC. Para ser perfeitamente claro, nossos objetivos são: número um, nós queremos fazer o esporte crescer aqui; número dois, nós queremos ter certeza que os fãs estão felizes com o jeito que o conteúdo está sendo entregue a eles e a forma como eles estão consumindo; e número três, nós queremos ter certeza que continuaremos a construir a qualidade dos atletas nesse país”, concluiu Shaw.
As intenções do UFC com o planejamento para os primeiros passos do UFC Fight Pass no Brasil foram corroboradas por Denitza Batchvarova, vice-presidente sênior de estratégia do Ultimate. À reportagem da Ag Fight, a vice-presidente sênior de estratégia do Ultimate destacou a importância de se conectar com cada vez mais adeptos ao esporte e do papel da nova plataforma neste objetivo.
“Deixar os fãs empolgados e engajados. Essa é a grande chave (para o sucesso do UFC Fight Pass no Brasil). Se você não tem a sua base de fãs, você não tem nada. Todo mercado é diferente e como os fãs consomem um conteúdo é diferente em todo mercado. E nós realmente pensamos muito em como nos conectar com a base de fãs e qual seria a melhor forma de nos conectarmos com os fãs aqui no Brasil. Nós pensamos que colocar um produto que os permita assistir e engajar com tudo em um lugar era realmente o melhor jeito de não criar confusão por ter múltiplos níveis de conteúdo. Pensamos em permanecer simples, chegar ao fã, dar a eles um produto que eles irão gostar e é assim que nós estamos abordando isso aqui no Brasil”, explicou Denitza.