Atual campeão meio-médio (77 kg) do UFC, Kamaru Usman se tornou o recordista de vitórias consecutivas da divisão em sua última apresentação e, na sua próxima defesa de título, pode se isolar na segunda posição da lista de maiores sequências positivas da organização na história, atrás apenas de Anderson Silva, englobando todas as classes de peso, se conseguir alcançar o 14º triunfo seguido na liga.
Os feitos do nigeriano, ao menos para parte da comunidade das lutas, já o colocam na discussão sobre o ‘GOAT’ (melhor de todos os tempos) da categoria, posto até então dominado pelo canadense Georges St-Pierre. Apesar de não ter a mesma longevidade que o ex-campeão no seu atual reinado, Usman possui o tempo como aliado, já que – ao contrário de St-Pierre, já aposentado – ainda pode ampliar não só sua sequência de vitórias, como também seu legado no geral.
Aparentemente tranquilo quanto à situação, ‘GSP’ – em entrevista à ‘ESPN’ americana – afirmou que a tendência é que o nigeriano o ultrapasse não só nos números, como na opinião popular, sendo o principal nome da categoria em todos os tempos. De acordo com St-Pierre, este seria um processo natural e inerente a todos os esportes, apesar de admitir que o critério utilizado para tal classificação no MMA seja mais subjetivo do que, por exemplo, no atletismo.
“Em termos de conquistas, é diferente. Eu fiz coisas que eu acredito que ele ainda não fez. Mas eu vou dizer a verdade, por mais doloroso que possa ser para qualquer atleta admiti-la, os atletas de hoje em dia são geralmente melhores do que os atletas de ontem. Por melhores que os atletas de hoje sejam, os atletas de amanhã vão ser melhores. É assim que funciona. Eu não ligo para quem você seja. Até mesmo se você for o Usain Bolt, você quebrou o recorde mundial, em poucos anos vai existir outro cara que vai bater o seu recorde. Eu não acho que seja porque os caras são melhores, é porque a tecnologia é melhor e é a mesma coisa no Mixed Martial Arts”, declarou GSP, antes de continuar.
“Nós não podemos medir a performance como no atletismo ou no levantamento de peso, mas nós podemos especular e, claro, tempo por tempo, talvez ele não tenha ganhado 11 (lutas de título), mas ele está elevando o nível. E se eu não admitir isso, só significa que eu estou insultando o plantel inteiro do UFC. Isso significa que eu estou dizendo que o esporte está regredindo, e isso não é verdade. Eu acredito que o esporte está evoluindo. Eu acho que se eu voltasse no meu auge poderia enfrentar Kamaru Usman? Sim, eu acho, eu poderia ter feito isso. No entanto, eu sei que o tempo passa, os caras melhoram”, afirmou.
O canadense, que antes de se aposentar também conquistou o cinturão dos pesos-médios (84 kg), ainda destacou o papel midiático como fator preponderante para que atletas da atualidade sejam mais exaltados do que os do passado.
“O Mixed Martial Arts é um esporte sobre o que tem a seguir, e sempre foi assim. O campeão que vier depois de Kamaru Usman, nós vamos promovê-lo como o ‘melhor cara de todos os tempos’, que é melhor que Georges St-Pierre, que é melhor que Kamaru Usman, mas é a mesma coisa”, ponderou St-Pierre, antes de completar.
“Agora nós temos Kamaru Usman, nós temos Israel Adesanya – nós não falamos mais sobre Anderson Silva. Nós falamos sobre Israel Adesanya, e está tudo bem. É assim que o esporte é, e nós temos que aceitá-lo. Eu sei como é, e nós gostamos de ser lembrados pelas coisas que fizemos, nós colocamos muito esforço nisso, mas essa é a realidade, e eu a aceito. Eu estou em paz com isso. Foi difícil no começo, mas eu estou em paz”, concluiu.
Em busca de sua 14ª vitória consecutiva dentro do octógono mais famoso do mundo, Kamaru Usman encara Jorge Masvidal no próximo dia 24 de abril, pelo UFC 261, em Jacksonville, na Flórida (EUA). Caso saia novamente vencedor, o nigeriano chegará à sua quarta defesa de título bem-sucedida, cinco abaixo da marca estabelecida por Georges St-Pierre durante seu reinado entre os meio-médios.